Paradoxos: pode ofender as mulheres que traem?

157 respostas [Último]
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kvet
No PF desde: 05/06/2010

Perfeito Guilherme.


Acho que temos que tentar manter o fio tênue entre ser duro, como citou, e o de ofender. Espero que mais homens (e mulheres) sigam este exemplo.


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Gulherme
No PF desde: 13/05/2010

Isso kvet, ser duro, porém sem perder a ternura ...(e o troféu clichê é meu!!!!!)


Mas vou me policiar para não causar excessos, diplomacia é tudo pessoal!


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precisofalar
No PF desde: 28/04/2008

Pessoal... Muitas vezes tb achamos que existe um \"dedo meio pesado demais na moleira\" da mulher que chega aqui falando em traição... Mas se todas as vezes que há exageros nos pronunciarmos...

Achei este tópico ótimo... Acho que abre espaço p/ homens e mulheres conversarem sobre o tema... E o pq de julgamentos tão a flor da pele para alguns...


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Nossa, tive que pensar em tanta coisa antes de comentar aqui. Porque a meu ver, são dois assuntos a serem encarados. Um é o tom com o qual se discorda de algo e o outro é a possível razão para que a traição feminina seja vista como mais imperdoável do que a masculina. Terreno deveras espinhoso esse último. Então, vou por partes.


Fiquei aqui pensando com meus botões; eu sou desbocada, gente. Muuuuito desbocada. Não aqui, pois por ser tudo escrito, tenho tempo para escolher as palavras que vou usar. Mas no meu cotidiano, palavrões fazem parte do meu vocabulário naturalmente. E apesar disso, nunca, jamais, em tempo algum eu usei palavrões com o claro intuito de ofender ou humilhar alguém. Em nenhuma situação eu uso o calão para defender um ponto de vista e muito menos para atacar meu debatente. Quanto mais séria a situação, quanto maior a raiva, mais controle tenho sobre meu vocabulário, porque sei que se eu perder a linha, perco também a razão.


Desaprovar usando argumentos claros, palavras objetivas e tom tranquilo costuma ser muito mais construtivo e efetivo do que a ofensa descarada. Especialmente num espaço como esse, onde não temos intimidade, não entendo o motivo de trazer o debate para o campo pessoal e atacar as pessoas como se nossas próprias vidas estivessem sendo afetadas. Não me parece que seja esse o objetivo. Se eu não me julgar capaz de palavras construtivas e principalmente educadas diante de um determinado assunto, simplesmente me omito. A minha opinião não é indispensável para que eu seja obrigada a comentar sobre tudo. Então, se um mínimo de educação e polidez estiver fora do alcance, cale-se. É mais digno.


Agora, sobre a traição feminina. Sim, vivemos num mundo machista. Ainda somos achacados pela ideia do homem-provedor, que trabalha duro o dia todo para sustentar esposa e filhos e oferecer-lhes o melhor. Diante desse cenário, a traição da esposa-sustentada é de uma baixeza indizível. É ingratidão, desrespeito, imoralidade máxima. Como pode uma criatura que depende do marido para viver cometer algo tão ignóbil? O homem pode ter quantas mulheres quiser, óbvio. É ele quem manda, quem paga as contas, quem coloca comida na mesa e um teto sobre a cabeça da família. Enquanto ele estiver cumprindo com suas obrigações de chefe de família, tem toda a liberdade para fazer o que bem entender da porta de casa pra fora.


Só temos um probleminha: hoje o homem já não é o único provedor da família (ou ao menos não deveria ser). E aí vem um outro lado do machismo que tem sido um pouco negligenciado a meu ver. Estamos acostumados a essa faceta do machismo que considera a mulher propriedade e inferior. Mas existe também a faceta que considera a mulher \"divina\", etérea, imaculada. A mulher deveria ser a representação viva de tudo aquilo que se considera ideal e nobre. A lealdade, a firmeza de caráter, a \"pureza\" de pensamentos, a humildade e especialmente a elevação espiritual que leva ao absoluto controle de seus instintos carnais.


Já perceberam que uma boa parcela dos homens tem um problema sério para aceitar que a própria mãe faz sexo? Pois é. É essa mulher cuja sexualidade está exclusivamente ligada à maternidade que ronda o imaginário machista. A mulher para quem o sexo é o preço a pagar pelo amor e segurança, mas não um prazer físico e desvinculado de fatores emocionais. Todas as mazelas inerentes à condição humana são território masculino, são baixas demais para seres tão perfeitos como as mulheres.


Uma mulher que trai, que se rende aos desejos da carne, que assume sua sexualidade instintiva, põe por terra essa imagem divinizada. Ela invalida todos os esforços que o homem faz para estar à altura de tanta nobreza. Ele sente que perdeu seu tempo e se esforçou por algo que é tão imperfeito quanto ele. É uma coisa meio infantil, até. Ele espera encontrar uma princesa pura e casta, que aguarda por ele numa torre inalcançável, que lhe oferece o prêmio máximo (seu corpo e o controle de sua vida) pela bravura e integridade, e de repente, dá de cara com a madrasta sensual e conhecedora de si mesma, com desejos e pensamentos só seus. “Meu mundo caiu/ E me fez ficar assim”, já diria Maísa. Não há perdão para isso. Não há perdão para a destruição do ideal de uma vida. À mulher, a imperfeição e conseqüentes erros não são permitidos. A mulher não é e não pode ser um reles ser humano, porque se for, esse homem ávido por se mostrar o melhor ficará perdido, sem rumo. Para quê ser tão civilizado e honrado se tudo que ele terá é uma simples...mulher humana?


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Gulherme
No PF desde: 13/05/2010

Nossa Carla, que manifesto...rs!


O que escreveu ainda é válido para aqueles homens que batem no peito como uma galo empertigado e dizem: \"sou machão\"!! Como se precisassem de aprovação do mundo.


Homens e mulheres de verdade, sabem que a sua condição humana deveriam ser regidas pela mesma igualdade de convenções...existe o sagrado em cada ser humano, mas essa etérea condição não pode ser utilizada em favor de quem idealiza um ser, ela não existe para o interesse do outro, é algo intransferível de cada um.


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Dame Lauriere
No PF desde: 29/08/2010

Fiquei pensando, Carla... essa divinização milenar da mulher se contrapõe ao machismo que a subjuga (também milenar). As antigas deidades eram, na maioria, mulheres. Praticamente todas as religiões pagãs da antiguidade deificavam mulheres, a \"mãe\", a \"deusa\" etc. O Cristianismo é que trouxe a figura masculina ao auge. Mas eu sou cristã! Só que acredito que o Cristianismo (a religião, não a doutrina, não Deus - Deus nem tem sexo! Cristo era a representação humana de Deus, só em um corpo de homem, mas com alma de Deus) é um dos maiores responsáveis por essa desvalorização da mulher, ele prioriza os homens, até porque no Israel antigo os homens eram privilegiados, mas isso era outro contexto, Cristo veio exatamente pra \"romper a Lei\" e instaurar a \"graça\", ou seja, o perdão, o amor, a nova vida pra qualquer pessoa. Mas, como nossa cultura é cristã, assim como o Catolicismo chegou a ajudar o nazismo e a maltratar os pobres (só os ricos tinham direitos), também espalhou o machismo patriarcal. Enfim, é um assunto cabeludo. Mas na antiguidade, beeem antiga, tipo as religiões pagãs, parece que a mulher é que era sacralizada.


Nossa cultura é mais profunda do que pensamos...


Mas pra fechar, acho que o segredo é COMO falar, ninguém vai abrir mão de dizer o que acha certo, mas ninguém é bom o suficiente que possa pisar em outra pessoa, ainda mais sem conhecê-la a fundo.


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Dame Lauriere
No PF desde: 29/08/2010

Ah, e no Oriente que o machismo é infinito? Podem saber que o Islamismo tem suas raízes no Catolicismo, o que é amplamente omitido, se não sabem. A raiz é a mesma, o Islã nasceu do Catolicismo, mediante um \"desvio de doutrina\" de Maomé.


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Gulherme
No PF desde: 13/05/2010

É isso mesmo Dame, existia a deusa da mitologia Grega que personifica a Terra com todos os seus elementos naturais. Os gregos entendiam que a Terra (Géia) era um organismo vivo dotado de sentimentos...tanto que chamavam-na também de Mãe Géia.


Maomé foi visitado inclusive pelo mesmo anjo Gabriel que disse a ele da existência de um único Deus, e a origem do Islã , Judaísmo e Catolicismo partem do mesmo homem: Abraão!


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Dame Lauriere
No PF desde: 29/08/2010

Lembro as religiões pagãs tipo wicca também, que deificam a deusa. Aí tem a tal de Gaia, a mãe-Terra... das religiões celtas... acho um assunto interessantíssimo, o Paganismo, embora eu seja cristã. O ser humano muitas vezes, quase sempre usa a religião como arma, não como cura (como deveria).


Abraão foi pai de Isaque (filho da promessa de Deus) e Ismael (filho dele com Agar, a empregada, não queria esperar nascer o filho e foi resolver), os israelitas (povo escolhido por Deus) derivam de Isaque e os islâmicos de Ismael, diz na Bíblia que essa guerra nunca vai acabar até o fim dos tempos. Isso da descendência israelita (e os povos do ocidente) e islâmica (oriente) parece que é comprovado mesmo.


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Rudolf
No PF desde: 12/06/2010

Quote:
O homem pode ter quantas mulheres quiser, óbvio. É ele quem manda, quem paga as contas, quem coloca comida na mesa e um teto sobre a cabeça da família. Enquanto ele estiver cumprindo com suas obrigações de chefe de família, tem toda a liberdade para fazer o que bem entender da porta de casa pra fora.


Me desculpe, Carla, mas não concordo com você. Acho que o fato de trazer sustento em casa não dá ao provedor o poder fazer o que se quer, enquanto quem cuida da casa (às vezes ralando bem mais que o provedor) não pode. Chego a achar uma covardia esse tipo de atitude.


Apesar de normalmente o provedor ser homem, meu comentário acima também se aplica no caso de ser uma mulher.


Mesmo no caso de somente um dos dois ser o provedor, acho que os dois tem que andar juntos.


Também sempre achei que os dois tem que trabalhar fora, mesmo que seja só prá arejar a cabeça.


PS: Nossa, como tava com saudade de ouvir vocês todos!