Bater nos filhos

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LivT
No PF desde: 23/07/2010

Quote:
Eu falo de traquinagens sérias, de agredir o irmão, de perder o ano na escola, de desrespeitar acintosamente os mais velhos, de ser cruel com os animais..quando tudo que foi explicado, ensinado, castigado "de forma não vil" não funciona mais.


Gu,


o que não entendo é como, depois de todos os castigos e reprimendas "não vis" possíveis e imagináveis uma palmadinha resolverá a bronca...


Se a palmadinha não é agressão física, se a palmadinha não dói muito, me parece que não será eficaz.


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kvet
No PF desde: 05/06/2010

Concordo com Gulherme.


Pais cansados, filhos querendo atenção não são bons exemplos.


Eu não sei se é pq nunca tive o menor problema com as surras que levei. Até pq, eu sabia que merecia. Me foi falado no mínimo umas 3xs. muitas vezes fui colocada de castigo e tornei a repetir.


Por ex, minha mãe trabalhava o dia todo, e ficavamos com empregadas. Eu inventava de sair sozinha para visitar amiguinhas. Nem sempre a empregada estava com tempo de me acompanhar quando as casas ficavam a 3, 4 quadras da minha. Lembro que em umas 2 amigas tinha que atravessar a Av. Ipiranga (para quem conhece POA sabe que avenida estou falando). Por umas 4 vezes eu saí mesmo sem a companhia de um adulto, aqui no caso a empregada. Pensem, eu tinha uns 7, 8 anos atravessando ruas movimentadíssimas!! Quando fiz a primeira vez minha mãe conversou, explicou, e eu bem no fundo sabia dos perigos, que ela tinha toda a razão em me proibir. Como toda criança, burra eu não era.

Na segunda vez lembro que fiquei de castigo, idem na terceira não sem antes me ser prometida uma "surra homérica", como minha adorava falar. O que a criatura aqui fez depois do último castigo? No outro dia não só fui como fugi sem avisar a nossa empregada pq sabia que ela iria trancar o portão e esconder a chave. Pensem além de ter saído sozinha DE NOVO ainda não disse para onde!!

Apanhei a maior surra da minha vida. Mas pensem em uma surra!!

Conclusão: nunca mais repeti a façanha. Só em lembrar da surra eu tremia na base.


Gente, se minha mãe não fizesse isso é possível que eu não estivesse aqui hoje para contar isso para vcs...Agradeço aquela surra de cinto do meu pai até hoje. Era minha segurança que estava em jogo.


Acho que há casos, sinceramente, que não tem solução. Tudo já foi conversados, falado, explicado, posto de castigo e a criança lá repetindo, repetindo...Ou seja, desafiando!

Como dizia minha mãe: se eu tiver muita complacência contigo, a vida com certeza não terá, e prefiro eu te ensinar isso.


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Júpiter
No PF desde: 08/07/2010

Gulherme, faço tuas palavras as minhas: tu está partindo da premissa que todos os pais e mães brasileiros são SENSATOS como tu e tua esposa devem ser em casa. Estás errado! Por tudo que vemos aqui neste microcosmo do PF, e também pelo que vemos nas ruas e no cotidiano, já deu pra concluir que, no Lisarb, 90% da população adulta necessita de terapia à base de medicação e quiçá eletrochoque. Imagina então dar carta branca para que essas pessoas para "educarem" seus filhos? O resultado já conhecemos, um dos países com mais crianças violentadas (sexualmente e fisicamente) no mundo.

E eu não estou comparando TORTURA com PALMADA. O raciocínio é simples: se é legítimo um sujeito de 1,80m e 90kg (o pai) dar umas palmadas num piá de 70cm e 2 anos de idade, apenas porque esse guri se recusou a obedecer (mesmo sem ter a total compreensão da realidade que o cerca), proporcionalmente, teremos que educar os adultos reincidentes na deseducação com o mesmo método. E o adulto tem a total compreensão do que é certo e errado.


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Gulherme
No PF desde: 13/05/2010

Certo miguxo Júpiter!


Mas temos que dar uma resposta a autora do tópico, baseado em nossas experiências pessoais, não podemos responder pelos surtados que infelizmente nos rodeiam.


Abandonando nossa singularidade em relação ao assunto (nota: você não abandonou a sua), viramos massa de manobra, decretando um tipo de comportamento que talvez não seja adequado para certa parcela da população.


Para a Kvet funcionou, para mim também....mas em condições moralmente controladas, não caracterizado como violenta catarse física de pais despreparados.


Não podemos deixar de emitir o que passamos, e porque achamos crível em certos casos!


Aquele Hidromel!


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Miss J
No PF desde: 26/07/2012

Faço das palavras de Gulherme as minhas.


PROFETA1
No PF desde: 19/09/2012

GULHERME, E AUTRA, quando pequeno, eu nem ficava perto de meu pai quando esse recebia uma visita, muito menos minha mãe( ele fazia o mesmo quando chegava uma visita para ela) hoje vc vai na casa de um amigo, chega um filho e corta sua conversa, voce começa a interagir novamente, o mesmo"ser" volta novamente, quando a esposa não toma conta do tema,.,,,,, eu sabia se ficasse ali ou me intromese-se a guaica pegava, OS VALORES MUDARAM CAROS AMIGOS


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Melliss@
No PF desde: 28/04/2011

Educar é super facil!


Segue uma lógica extremamente previsível! É até de se admirar que alguns filhos se tornem viciados, ladrões, etc. – muitos de pais conscientes e capazes.

Criados com compreensão sem palmadas, resultados talvez da falta de uma limitação maior, outros por terem sido espancados e querem se vingar do mundo, e outros por ter a índole tendenciosa independente das palmadas ou não.

O interessante é julgar os pais e determinar e generalizar as ações que cada um devem seguir, independente do caso em si.

Até parece que pais normais não sabem bem o que pede cada situação e determiná-los como isso ou aquilo é tranquilo, afinal não é com agente mesmo, somos espectadores somente.

Então o “nunca vou fazer isso ou aquilo” é muito longe para mim, a única coisa que sei e isso é uma certeza, que meus filhos, se algum dia eu os tiver, terão o melhor de mim para seguir vida afora, levando-se em conta que ninguém nasce sabendo educar, que cada filho é uma sentença e aprendemos dentro das diretrizes do dia a dia.


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LivT
No PF desde: 23/07/2010

Saudações, Austra! :)


Quote:
No entanto, pergunto: alguma criança tem capacidade de compreender-se educada ao sofrer alguma reprimenda física?


Ao escrever meu texto o que justamente pensei é que a análise pareceria um pouco, digamos, racional demais para uma criança. Eu pensei nisso antes de dar meu depoimento, pensei que isso poderia retirar um pouco de sua legitimidade, pois eu pretensamente estaria defendendo minha posição pelo ponto de vista de uma criança, que, no mais das vezes, é considerada incapaz de entender as razões. E essa incapacidade de entender as razões é que me parece que comumente se usa para legitimar a palmada, e mais, para presumir que a palmada é sempre correta. Ou seja, o ônus da prova fica com a criança, que, de novo, é um ser incapaz de entender as razões, portanto incapaz de contestar a palmada, o que torna a palmada sempre correta.


É um poder muito grande que se confere a um agressor! Poder sem limites...


Uma criança muito pequena de fato não possui essa distinção conceitual. Mas uma criança a partir de seus sete, oito, doze anos, que ainda é uma criança que apanha, eu acho que já é capaz de fazer algumas ligações. Talvez ela não possa avaliar as coisas com toda a clareza na hora, mas acho que ela capaz de, ao menos, guardar os dados das circunstâncias e entender depois. Foi a partir dessa idade que me lembro de ter apanhado algumas vezes.


Pode parecer, de novo, uma coisa um tanto [****]ítica para uma criança, mas fui criada numa perspectiva de "dever pelo dever" por meus pais, que sempre foram muito rígidos com suas coisas. Isso foi bom e ruim, mas, de verdade, eu me lembro, desde muito cedo, de ter a sensação de que devia fazer as coisas certas porque eram certas, e, se fizesse algo errado escondido, aquilo não deixaria de ser errado. Isso por osmose do comportamento de meus pais... Eles foram capazes de incutir um incrível sentimento de culpa toda a vez que tivesse a sensação de estar fazendo algo inadequado. Talvez fosse tudo inconsciente naquela idade, mas o sentimento existia, e só o vislumbre dessa sensação era mais doloroso do que ser espancada.


Por isso eu nunca entendi as surras que levei. Até mesmo porque elas nunca decorreram de um comportamento específico. Foram momentos de explosão... Eu me lembro de alguns bem ilustrativos, mas fica longo pra este post. Mas, sim, eu geralmente pensava bastante em meu quarto escuro. Isso era meio sombrio. :-)


Em relação ao que quotei, também queria comentar que alguns foristas utilizaram o argumento de "compreender-se educados" justamente para defender o outro lado, para defender a palmada, como foi o caso do Gu e da Ana. Nesse caso, é um argumento legítimo?


Quote:
Creia-me: crianças são selvagens e com uma razão apenas em potência! E como selvagens que são, devem ser domados pela autoridade dos pais e isso quer dizer que em algum momento a reprimenda física é legítima.


Tudo bem, não tenho como discordar dessa parte que diz que as crianças não são, por uma questão biológica mesmo, capazes de entender as razões. Mas será que não existe outro tipo de reprimenda capaz de privar a criança de alguma coisa, de atingir seus sentidos de prazer e de dor que não seja a agressão?


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Júpiter
No PF desde: 08/07/2010

Com todo o respeito em relação aos amigos que opinaram em contrário, mas vamos pensar juntos.

Aqui na cidade onde resido, os ADULTOS tem um péssimo costume: não obedecer a legislação de trânsito.

Via de regra, falam ao celular ao dirigir, não dão sinal ao converter, estacionam em fila dupla e em locais proibidos (sempre com aquela desculpa: "mas é só um minutinho...", como se fosse um minuto e como se esse um minuto não atrapalhasse os outros...), entre outras coisas. Prestem atenção: uns 80% dos motoristas desta cidade fazem isso todos os dias, é absurdo o percentual de desrespeito. Isso ocorre nas capitais e no interior. Vociferam indignados (no Facebook) contra a "ladroagem de Brasília" enquanto o seu carro está estacionado em frente ao trabalho, naquela guia pintada de amarelo, que NÃO PERMITE que ali se estacione..."mas eu só vou ali rapidinho e já volto...". Pois é.

Há centenas de campanhas veiculadas na mídia contra a desobediência no trânsito, mas as pessoas insistem em violar o Código de Trânsito, porque a sua pressa sempre é mais urgente que a pressa dos outros. Jamais cogitam sair 10 minutos mais cedo de casa para evitar a pressa: saem sempre atrasados, aí que se exploda o trânsito, que virou a SELVAGERIA que conhecemos. Todo o mês milhares de multas são aplicadas contra essas infrações...e a população de ADULTOS se revolta contra os agentes de trânsito. E a anarquia do trãnsito continua. Nada detém esses SELVAGENS.

Em POA, um candidato tem vociferado contra a "indústria da multa" da EPTC, mas nunca menciona a reiterada desobediência dos motoristas, que gera a quase totalidade dessas multas. Muitas são fruto de erros, sim, mas a maioria não é. Depois do advento das PELÍCULAS escuras nos vidros então, a coisa virou uma verdadeira FESTA: tem gente que tá manobrando o carro para sair da sua garagem já falando no celular ao mesmo tempo.

Quer dizer, então, que para educar esses selvagens, o Estado passe a lhes aplicar uma saraivada de penas físicas? O que faremos para "educar" esses adultos proporcionalmente? Socos na cara, varadas, chibatadas, unhas arrancadas com alicate, já que o negócio é educar pela dor, na marra? Se a violência é legítima para educar uma criança, tanto mais deveria ser para um adulto, pois a criança desobedece por não ter ainda a total compreensão da realidade, então o que sobra para um ADULTO, que desobedece as leis mais simplórias por pura teimosia ou desejo de levar vantagem sobre os outros?

S2!


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Poivre
No PF desde: 12/01/2011

Quote:
Experimente amanhã sair na rua e começar a bater num CACHORRO de rua ou num CAVALO desses que puxam carroças pelas ruas...em 5 minutos você estará cercado de “populares”, você será xingado, repreendido, ofendido e terá sorte se não for linchado, poderá até ser preso e conduzido a uma delegacia. Entretanto, se a vítima da violência for SEU FILHO, nada acontecerá.


Tu sabes que uma vez, sei lá há uns 4 anos atrás, eu estava numa sala de espera com o meu avô, e tinha uma criança bem hiperativa lá. E a criança gritando, correndo - entediada que estava por esperar há uma meia hora, se eu já estava ansiosa, imagina ela - e a mãe ali. Falou algumas vezes pra ela parar, mas falou assim, de longe, não puxou a criança pra perto, não conversou com ela direito (POIS É GENTE CRIANÇAS ENTENDEM TUDO), e o menino lá, continuando. Mais umas duas chamadas de atenção, ela perdeu o controle e sentou a mão, puxou o cabelo do pequeno a fim de trazer ele pra perto dela, na frente de todo mundo.


Meu avô não se conteve, a vida toda ouvi ele falar que teve 8 filhos e que nunca precisou ralar o dedo pra que eles os respeitassem. E xingou a mulher. Ela, atônita, mandou ele não se meter, que o filho era dela e faria o que quisesse. E ele aos tremores, super irritado, ficaram lá discutindo, e ele usou esse mesmo argumento do Júpiter.


Interessante, né? Na verdade, eu acho vergonhoso mesmo.