Eu sempre fui contra palmadas de qualquer tipo, seguindo basicamente o mesmo raciocínio exposto pela Kátia.Aquiles.

Todas as vezes em que apanhei quando criança (não foram tantas) eu não me senti educada, apenas me senti humilhada e com vontade de me isolar do mundo. E sempre percebi as surras que levei como válvula de escape do descontrole dos meus pais. Não entendia o que era esperado de mim com aquilo.

E eles não foram maus pais, muito menos me deram uma educação ruim. Aliás, bem pelo contrário. Mas todos os momentos em que me lembro de ter aprendido alguma coisa e mudado meu comportamento, com ou sem repreensão, a correção não se deu por meio de um laço.

Entendo que nem todos reagem da mesma forma e, até observando os exemplos narrados aqui, as palmadas podem ter funcionado pra quem entendeu que realmente merecia esse tipo de intervenção, uma vez que era teimoso com conversa e estava de fato errado. E, pelo visto, o tapa não gerou qualquer tipo de trauma para esses, mas sim foi realmente entendido como um ato de educação e até, por vezes,de amor.

Agora o que não sei dizer é se podemos, com isso, concluir que realmente não havia outra forma de educar. E que há como, de antemão, aplicar uma palmada com toda a racionalidade possível, sabendo que ela será recebida pela criança e levada por sua vida afora como um ato de educação, que a força será exercida na exata medida para isso, que não haverá excesso, e que isso não trará prejuízos .

Eu acho bem difícil... Isso tomando-se em conta a subjetividade tanto do aplicador dessa "pena" - no caso, pai e mãe - quanto da criança "condenada".

Para mim realmente nunca fez sentido que alguém tentasse me impor limites por meio da força física, uma vez que, no mundo real, não é isso o que se espera ou se exige de um adulto civilizado. Nunca fez sentido imaginar que eu deveria adequar meu comportamento por medo da força física de alguém.

E, se realmente existe essa diferença entre "violência física" e a "palmada" que nós levamos dos nossos pais - como bem diferenciado pelo Gulherme, mas que eu também pude perceber em vários exemplos dados por quem entende que a palmada pode ser "do bem" - o que então essa "palmada" quer significar?

Se eu preciso mudar meu comportamento frente a essa "palmada", que é uma coisa sui generis, em que isso me ajuda a me orientar pra minha vida futura? Já que não terei essa palmadinha simbólica me acompanhando para sempre quando fizer m* ou quando tiver problemas...

Olha... Minha mãe sempre foi amorosa e nos criou sozinha... Desde que me conheco por gente ela trabalhou fora e ou ficavamos em casa com a babá, ou na casa da vó, mas pra ela isso não era desculpa pra nos mimar e encher de dengos e passar a mão por nossa cabeca se fizessemos coisas erradas...

Minha irmã mais velha era um doce, mas eu sempre fui arteira, respondona e teimosa... E não foram poucas as vezes em que levei umas palmadas...

E isso sempre foi explicado, ela dizia: "A mãe bateu em ti pra tu aprender que não pode fazer tal coisa, tu tem que aprender que não, é NÃO!!" e sempre acrescentava a frase que eu vou levar até o fim da vida: " Filho meu apanha dentro de casa, pra não apanhar dos outros na rua..."

Na real, concordo com esse pensamento, melhor um filho que aprenda dentro de casa o que está errado e principalmete a ter limites, do que aquele tipo nojento de crianca que não respeita os outros e os pais acham o máximo...

Eu não tenho traumas quanto a isso, penso que se minha mãe tivesse sido mais negligente eu poderia ter me perdido na vida...

E faz pouco tempo que eu parei de apanhar, na real eu acho que tinha uns 18 anos quando levei umas chineladas... Hahahhaha...

Até agora só havia feito piada (tirando a citação do Beccaria) neste tópico porque não queria ser repetitivo, já opinei umas cem vezes sobre esse tema por aqui, então não quis bater na mesma tecla mais uma vez. Mas, mudei de ideia a vou dizer o que penso.

Na minha opinião, NADA justifica bater numa criança. Pior ainda se essa criança for seu filho.

E não adianta vir com aquela desculpa de "ah, mas foram só umas palmadas...". Só se for para VOCÊ que bateu! Bater, espancar, agredir, tudo é violência, não importa se foram duas ou dez chineladas. Você ESPANCOU o seu filho.

E quem apanhou é uma CRIANÇA, então, pensando proporcionalmente, ser uma criança e tomar uma palmada equivale a ser um adulto e tomar um soco no meio da cara. E de um cara BEM MAIOR, porque seu pai notadamente será bem maior que você quando infante.

De outro lado, sinceramente, eu não consigo conceber que uma mãe ou um pai aceitem usar métodos MEDIEVAIS com a intenção de "educar" seus filhos. Educar através da violência é possível? Eu duvido. Você só está ensinando ao seu filho que, no fim de tudo, esgotadas todas as (suas)possibilidades, o que vale é a LEI DA SELVA, ou seja, o mais forte vai fazer valer a sua vontade. Que quando lhe faltar uma solução, basta apelar para a violência, a agressão física sobre pessoas mais fracas. Vamos começar a bater nos velhinhos com Alzheimer então, já que esses parece que retrocedem à idade infantil, até que os reeduquemos...

Sério, eu fico curioso para saber o que passa pela mente de uma mãe no exato instante em que está batendo no seu filho. Como uma mãe ou pai conseguem AGREDIR FISICAMENTE o seu próprio filho??? Segurar aquele ser menor e indefeso e lhe impor uma violência física, que machuca fisicamente e moralmente, que vai deixar marcas na pele e na mente para sempre...seu próprio filho?

Eu não aceito nenhuma justificativa para uma atitude dessas. É SEU FILHO que está ali, uma criança que você deveria PROTEGER e vc acabou de AGREDÍ-LA!

Aliás, e quando a sessão de tortura cessa e a criança finalmente obedece, obviamente chorando e soluçando, qual será a sensação do agressor? Não é possível que um pai ou mãe, após baterem nos seus filhos até que obedeçam (e chorem), sintam-se SATISFEITOS, com a sensação do “dever cumprido”. E aqui faço o gancho para o que muito bem escreveu a K.aq: há muito tempo que a sociedade reprime todas as formas de violência. Experimente amanhã sair na rua e começar a bater num CACHORRO de rua ou num CAVALO desses que puxam carroças pelas ruas...em 5 minutos você estará cercado de “populares”, você será xingado, repreendido, ofendido e terá sorte se não for linchado, poderá até ser preso e conduzido a uma delegacia. Entretanto, se a vítima da violência for SEU FILHO, nada acontecerá. Curioso...”jamais espanque o cachorrinho desobediente, MAS...se o desobediente for seu filhinho, pode sentar a mão!”. Não dá pra aceitar isso.

E não adianta dizer “ahh,mas espere até vc ser pai...”. Não espero. Já tive experiência com crianças e nunca precisei mais do que levantar a voz para ser obedecido. Basta ter paciência e EDUCAR, não AGREDIR. Aliás, se a desobediência do filho é a justificativa para a “correção física”, o que nos impede a voltar ao medievo e começar a corrigir fisicamente os adultos reiteradamente desobedientes? Vamos começar a espancar os motoristas com mais multas de trânsito, os contribuintes que atrasam mais tributos, os munícipes que insistem em não consertar a calçada em frente da sua casa...em tese, o princípio é o mesmo: desobediência civil reiterada se conserta com castigo físico.

E sem querer já me estendi, então vou parar por aqui porque realmente esse é um tema que faz ferver o meu sangue. Neste aspecto, concordo com o que o Baltazar disse lá atrás: quando vc, mãe ou pai, estiverem inclinados a baterem nos seus filhos, vão até a rua e tentem bater em alguém do seu tamanho, simples assim.

Saudações, cara Liv! Prazer em revê-la :)

Interessante ponto de vista.

No entanto, pergunto: alguma criança tem capacidade de compreender-se educada ao sofrer alguma reprimenda física?

A senhora sentava-se no canto escuro de seu quarto e punha-se a pensar sobre o que aconteceu? Meditava sobre seu comportamento, colocava-se no lugar dos senhores seus genitores?

Creia-me: crianças são selvagens e com uma razão apenas em potência! E como selvagens que são, devem ser domados pela autoridade dos pais e isso quer dizer que em algum momento a reprimenda física é legítima. Pois é um tipo de reprimenda compreensível para o estágio mental dos pequenos selvagens, que, mais do que em qualquer outra fase da vida, guiam-se pelos sentidos de prazer e dor.

Mas faço a ressalva: é preciso algum esclarecimento por parte dos genitores. Um despotismo esclarecido na privacidade do lar diz respeito apenas à privacidade do lar :)