Acho que estou ficando louca e/ou paranoica!

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girlie
No PF desde: 13/01/2011

Amigos,


Relutei muito antes de abrir este tópico, mas agora, com o fim iminente do PF, resolvi falar com vocês.


É o seguinte: alguns lembram que meu marido é médico, mas a especialidade dele é muito barra pesada e seguidamente seus pacientes (homens e mulheres) acabam se tornando patologicamente dependentes, achando que com ele poderiam fazer terapia, embora ele não seja psiquiatra.


De todos os pacientes sem-noção da atualidade há três mulheres que me incomodam demais, e isso está atrapalhando o nosso já turbulento relacionamento, além do meu trabalho.


A primeira é uma sequelada de acidente de trânsito, que perdeu um olho, ficou manca e desenvolveu uma alteração comportamental devido à batida. Falo isso pra que se situem bem e imaginem uma pessoa meio deformada, entendendo que não me preocupa sua aparência física (isto é, não é o que me deixa insegura ou me irrita). Há tempos ela vem literalmente perseguindo meu marido com mensagens de texto nas horas mais ridículas, sempre com perguntas idiotas (do tipo "como é mesmo que se toma tal remédio?"), insistindo pra ser atendida, indo ao consultório sem hora marcada, mas no fundo ela é uma coitada, semianalfabeta e rejeitada pela família depois do acidente e da mudança de comportamento.


Em princípio eu nem deveria me abalar por essas coisas, mas acontece que é demais. Toda semana tem uma mensagenzinha dessa louca, sempre em horários impróprios e sempre com um quê de mendicância: "Dr. eu imploro que tu me atenda, imploro que não me deixe". Estranho.


Enfim, neste sábado vi que ela mandou uma mensagem assim: "Dr. eu não ti (sic) falei toda a verdade ontem (dia de consulta)... mas não consigo ti (sic) esquecer, parar de pensar em você, me desculpe o atrevimento, beijos, Fulana". Li a resposta que ele deu em seguida, dizendo que aquela era a terceira vez que ela ultrapassava os limites da consulta (fiquei muito poota quando vi que havia reincidência), que ele tinha dado diversos avisos sobre o mau comportamento dela e que não ia mais continuar seu médico. Que se ele a tratava bem era porque assim fazia com todos os pacientes e que se ela pensava que haveria alguma coisa especial entre os dois o recomendado era parar o atendimento, pois ela iria se machucar (também fiquei poota, ora; f0da-se ela, se vai se machucar, c@r@lho.


Depois disso ela mandou mais duas mensagens (uma dela quase a uma da manhã) dizendo que estava envergonhada, sem graça de encontrá-lo, que sabia que tinha ultrapassado todos os limites e não tinha se colocado em seu lugar, que pedia mil perdões e jurava que nunca mais isso ia se repetir e que pelamordedeus ele não a deixasse, não a abandonasse, que ele era o único médico que tinha resolvido a vida dela. Perguntei a ele o que era tudo aquilo e ele me disse de boa: ela era hiperssexualizada, tentava seduzir até a psicóloga, tinha atitudes promíscuas, por qualquer motivo tirava a roupa na consulta mesmo quando era totalmente desnecessário, mas ele sempre foi manejando isso por conta das sequelas do acidente. Só que encheu o saco e não aguenta mais tanto teretetê.


Corta pra segunda doida.


Essa é uma mulher de pescador, pessoa simples, que sempre ia consultar por banalidades. Meu marido comentou comigo - depois de eu insistir muuuuuito por causa de outras pacientes tão malucas quanto que vinham num período de assédio mortal - que essa era uma das que mais dava trabalho. Não sei exatamente o que aconteceu, mas ele meio que expulsou ela do consultório e ela se recusou a sair! Se agarrou no trinco da porta, pediu, chorou, implorou pra ficar com ele, que ele (de novo) não a abandonasse e ele teve que ser firme com ela, ameaçando levantar e ele mesmo coloca-la pra fora. sei que essa mulher se diz excessivamente religiosa e, a cada consulta, pedia pra segurar e beijar as mãos dele, pedia pra abraçar, pra rezarem juntos (logo ele, que é ateu), vivia inventando motivos pra encostar, passar as mãos, dar beijos, receber abraços, ou seja, tudo o que não tem nada a ver com uma consulta médica e que é sinal de transtorno psiquiátrico grave.


A terceira é aquela que me mata, que me deixa louca, que está me deixando doente por dentro.


Sei que é uma pessoa com muito mais instrução do que as outras, é concursada, ganha muito bem, mora sozinha, tem fobia social e, na minha humilde opinião, se apaixonou perdidamente por meu marido. Ele nega, diz que é loucura minha, que tenho que confiar em sua avaliação, mas vou explicar porque acho isso.


Essa mulher não tem muitos problemas, mas consulta-se a cada dez dias, pagando particular (!!!!) porque "não consegue gostar de nenhum psicólogo ou psiquiatra", só o meu marido a entende, "todos os outros são uns bostas, ninguém presta no mundo", só ele. Hum... suspeito. Também é muito, mas muito estranho a pessoa aceitar pagar 3 vezes por mês o valor de uma consulta particular (que na especialidade dele é bem cara, por sinal), só pra "bater papo". Aí ela fica mandando e-mails cheios de significado, dizendo que leu os livros que ele recomendou e destacando trechos que ela considera relevantes. Todos esses trechos são mais ou menos assim: "finalmente entendi que não devo mais perguntar nada da vida pessoal de meu médico, com quem é casado, se tem filhos, o que faz nas horas vagas"; "é altamente sedutor o poder da conversa, falar tudo o que se sente pra alguém que não te julgará e parecerá até te perdoar por todos os teus pecados"; "às vezes me pergunto como seriam as nossas conversas sob uma convenção social diferente, sem nada escondido", "riscos precisam ser corridos", por aí.


Ele não sabe que eu sei as senhas dos e-mails de trabalho e que acompanho o envio de todo o tipo de mensagem, então nem imagina que eu sei que essa mulher fica de besteirinha, chamando ele de "Dr. Tigre" (oi?), colocando em itálico palavras de duplo sentido, forçando a barra com intimidades que eu imagino que não exista na consulta (exemplo: "muito obrigada por não me deixar morrer de fome e mandar a secretária levar umas bolachas à sala de espera". Quando perguntei o que significava isso, ele me disse que nesse dia tinha atrasado 3 horas e imaginou que ela não tivesse ainda almoçado - no que estava certo -, então pediu pra deixarem umas bolachas pros pacientes e essa daí entendeu como um carinho especial) até que eu explodi e exigi que ele deixasse de atendê-la. Falei que não era ético ele aceitar uma pessoa nessas condições, que ele não era terapeuta pra aceitar pacientes assim, que não havia razões pra ela continuar consultando, que as coisas tinham passado do limite, que ele devia era gostar do assédio dela (e ele sempre negou, sempre disse que eu não poderia jamais entender porque não acompanhava a história, não saberia jamais o que ela contou pra ele em consulta, que devia acreditar e confiar quando ele dizia que se continuava atendendo era porque fazia sentido), que ele era mau-caráter e ela uma vadia, que ia denunciá-lo no conselho regional de medicina, que eles me levassem a sério porque eu ia botar pra fooder. Depois disso, resumindo (porque esse post virou uma bíblia), brigamos tanto que nem sei como ninguém interfonou lá pra casa. Brigamos até as 4 da manhã. Só não bati nem agredi meu marido porque não sei como ainda tenho controle sobre isso.


Surpreendentemente, ele deixou escapar que, na ultima consulta, disse adeus a ela. Apesar de ter garantido que continuaria atendendo, dessa vez nem eu entendi a mudança súbita de opinião. Não creio que tenha sido por minha influencia; acho que ou ele pensou muito, e depois, em tudo o que eu disse e se convenceu sozinho de que tudo aquilo era inadequado, ou ele conversou com algum amigo psiquiatra sobre o caso e essa pessoa o convenceu de que tudo aquilo era inadequado. Não sei o que se deu, mas ele falou que era o fim, que nunca mais. Disse que ela chorou muito, que não se conformou, que só não o xingava e agredia porque ele tinha ajudado muito até então, e foi-se embora berrando copiosamente sem nem se despedir.


Se eu achei que tinha vencido, logo quebrei a cara: agora ela manda e-mails quilométricos com mais citações de livros, acusando-o de não ter confiado nela quando ela dizia que não sentia nada especial por ele, dizendo que agora que ela ex-paciente poderia dizer o quanto ele era antipático e carrancudo (VEJAM SÓ A DOR DE COTOVELO DE XINGÁ-LO SÓ POR PSEUDO-DESDÉM), que reparou que ele não gostou de algumas "brincadeirinhas". Pediu perdão por tê-lo forçado a atendê-la tantas vezes, disse que toda a dor que sentia ele conseguia minimizar, que só sorriu no mês passado, em 2 anos e meio de consultas, mas mesmo assim fazia muito bem a ela, que é como a mãe dela, sempre com as garras pra fora a troco de nada...


Depois mandou outro e-mail, pedindo (na verdade IMPLORANDO) pra ele pelo menos continuar como médico em sua especialidade, já que não queria mais ser "conselheiro" dela. Falou que não poderia se dar o luxo de perder pessoas que, como ele, fazem diferença em sua vida, porque ele já sabe TUDO sobre ela e que ele ficasse tranquilo, pois ela passaria a consultar a cada dois meses.


Gente, o que é isso? Será que estou doida, paranoica, exagerando? Tenho razões pra ferver de raiva, pra me ralar por dentro de ódio, pra ficar transtornada com esse tipo de conversa? Isso me causa sofrimento demais, me sinto enxugando gelo! Quando resolve, aparentemente, com uma, surge uma outra! Isso nunca vai acabar!


Preciso da leitura de vocês e de sugestões. Só falei sobre isso com uma grande amiga, mas não concordo com tudo o que ela me disse. Sempre é bom ouvir mais gente.


Você foi o MELHOR


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girlie
No PF desde: 13/01/2011

Ai, que horror! Agora que vi que ficou essa frase fantasma aí em cima... Cruzes, coisa de poltergeist!


Iani
No PF desde: 13/01/2011

Girlie


O que vou dizer a você pode ser resumido numa única frase: viva a sua vida profissional e deixe que seu marido resolva a dele! Esqueça a agenda, os e-mails e as mensagens que porventura ele possa receber.


O que lhe diz respeito é vida que vocês têm em comum: o maneira que ele trata você socialmente, em família e na intimidade.


Não pense, não queira saber, não sofra pelo modo que ele é como profissional, isso é opção dele. Se ocupe com seu trabalho, laser, amigos, hobby, aquilo que pode acrescentar a sua vida. Estando bem com você mesma, conseguirá ser ótima companhia para ele e, provavelmente, ele não ficará tentado a ter qualquer relacionamento extra—conjugal.


Acha difícil isso? Faça terapia, melhore sua auto-estima, viva com mais qualidade de vida! Desse modo, na minha opinião, você terá muito mais chance de ser feliz, com ele ou sozinha.


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girlie
No PF desde: 13/01/2011

Iani, que curioso: foi EXATAMENTE isso o que disse a única amiga a quem abri essa história. Acho que teu verdadeiro nome começa com T...Hahaha


Iani
No PF desde: 13/01/2011

Corrigindo: lazer


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Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Quote:
Ele não sabe que eu sei as senhas dos e-mails de trabalho e que acompanho o envio de todo o tipo de mensagem, então nem imagina que eu sei que essa mulher fica de besteirinha


e o que mais vc sabe que ele sequer imagina que vc sabe e não contou aqui? (:


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girlie
No PF desde: 13/01/2011

Não sei, Austra; se lembrar, eu conto.


Desde aquele episódio funesto eu vivo uma vida de detetive. Mas sou amadora, deixo meus rastros, acabo dizendo que sei de coisas que não teria como saber... o que eu faço mesmo é olhar e-mails, mensagens de texto, WA e facebook. Quase tudo o que vejo me deixa doente, mas não posso acreditar que, se fosse com qualquer pessoa um tiquinho mais equilibrada, não fosse causar a mesma revolta. Imagina tu lendo no celular da tua esposa que um ex-paciente dela diz que quer encontrar outra médica igualzinha a ela, sem tirar nem por, e que por favor ele volte lá pros canfundós de onde viemos, porque ela sente muita saudade... É de lascar! Ou não?


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Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Talvez.


Mas pode ser só aquele tipo de situação que aluna se apaixona por professor e ele não tá nem aí


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girlie
No PF desde: 13/01/2011

Ah, não: tem MESMO fantasma nesse site.


Achei que a Iani fosse a minha amiga T, mas agora acho que és tu. Ela terminou a nossa conversa dizendo exatamente isso. Que se lembrava das paixonites de aluna por professor, mas e daí? Continua sendo assédio e incomodando igual.


Fora que eu não contei pra vocês que ele me disse há uns dias que frequentemente recebe fotos de pacientes de biquíni ou menos, mostrando "como melhoraram com os remédios". Me falou que manda essa mesma mensagem padrão do "não poderei continuar teu medico depois disso" e procura orientar secretárias a não marcar mais essas pessoas, mas algumas conseguem driblar esses cortes e prosseguir consultando, como essas 3 que eu falei.


Não consigo acreditar que, no mundo real, isso seja possível, corriqueiro ou normal. Não pode ser, gente, tu ires ao médico e começar a tirar a roupa, querer beijar, se agarrar nas pernas, dizer que não vive sem ele... Nem as aluninhas do segundo grau fazem isso.


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Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

hummm.... vou refletir sobre seu caso (:


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Mauro Scherer D...
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No PF desde: 29/06/2010

Transferência são sentimentos que os pacientes colocam em seus terapeutas.

Contra transferência são os que os terapeutas depositam em seus pacientes.

Ambos devem ser trabalhados, por isso terapeutas precisam de supervisão.

Não vou mais além, porque o terreno é extremamente escorregadio.