O backlash silencioso

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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Ah, então eu estava no tópico certo...hehehehehehe.


Vejamos, my two cents.


A emancipação feminina é um processo recente e em desenvolvimento? Sim, não vejo de outra forma.


A sociedade como um todo (não apenas os homens) está em choque e inerte diante desse processo? A meu ver, sim também.


Por que digo a sociedade como um todo? Porque é ilusão acreditar que apenas os homens tenham perdido o foco e resistam a adaptar-se. Ilusão das mais ingênuas.


Vou aqui assumir o meu papel de advogada do diabo e perguntar: será que esse backlash é mesmo uma \"conspiração masculina\", originada na manifestação dos mais conservadores e reticentes? Vejo por todos os lados mulheres que, talvez inconscientemente, resistem com todas as forças à emancipação plena de sua própria \"categoria\".


Belle se lembra daquele nosso debate sobre a \"identidade feminina\" e creio que aqui voltamos àquele ponto. Por mais que nos doa, o senso comum entende a \"identidade feminina\" desta forma que nos parece retrógrada e limitadora. E dentro deste entendimento, as próprias mulheres trabalham para perpetuar essa sua \"identidade\", sem questionar a origem dessa identificação.


As ideias do tal psicólogo e muitas outras manifestações não passariam de palavras ao vento caso as mulheres estivessem firmes em sua identidade e sua persona social. Mas não estão, e essa insegurança tráz os questionamentos pessoais que alimentam o tão temido backlash.


Claro que a insegurança, a falta de identidade unificadora, a culpa inerente e tudo mais são herança de milênios de dominação patriarcal, mas o problema é que chega um momento em que não adianta mais ficar procurando culpados. Depois que a merda está feita, o jeito é limpar e move on.


Eu também já comentei em outros tópicos a respeito que eu acho que atualmente o feminismo está demasiadamente preso a detalhes e especificidades, e acaba não se atendo ao cenário completo. Ficamos nos estapeando com machistas misóginos e não fazemos absolutamente nada contra as contingências que afetam a todos independentemente do gênero.


A família está ficando em segundo plano por contingências econômicas? Está, ok, chegamos a um consenso. As mulheres estão sendo ainda mais honeradas por conta das exigências \"do mercado\" e da sociedade? Estão, sem dúvida. Mas e aí? Apontar o dedo na cara dos homens e caçar misóginos vai mudar alguma coisa? NÃO VAI. E não vai porque mudar essa situação está além das questões de gênero. Mesmo que chegássemos à utópica condição de plena igualdade entre homens, mulheres e todos os outros gêneros, ainda viveríamos sob uma outra pressão que oprime a todos. Ainda viveríamos sob o domínio do TER e não do SER. Ainda viveríamos a busca pela ilusão de PODER.


No final das contas, talvez seja o momento de homens e mulheres pararem de olhar para os próprios umbigos e começarem a trabalhar JUNTOS para mudar algo muito maior.


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mau
No PF desde: 23/09/2009

Carla Abbondanza


Aplausos pra ti!!!!!


Iani
No PF desde: 13/01/2011

Gostei do comentário da Carla: \"talvez seja o momento de homens e mulheres pararem de olhar para os próprios umbigos e começarem a trabalhar JUNTOS para mudar algo muito maior\".


Avançando na reflexão...


Tem outro ponto não muito discutido, mas de fundamental importância: tradicionalmente, o papel de cuidador (das crianças, dos doentes e dos idosos) era desempenhado pelas mulheres. Com a entrada desta no mercado de trabalho, idealmente a sociedade e o estado deveriam assumir papel o papel de cuidador através de instituições qualificadas.


O que realmente vemos? Quem tem recursos paga por babás ou boas escolinhas, casas de repouso, clínicas, etc. Quem não tem recursos, ou deixa o filho mais velho, a avó, a vizinha, etc. para dar uma olhadinha, ou coloca em instituições públicas que, a maioria das vezes, deixam muito a desejar.


Como todos nós, homens e mulheres, já fomos crianças, seremos idosos, talvez doentes em alguns períodos, urge que façamos uma profunda reflexão do que podemos fazer para transformar esta realidade.


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Júpiter
No PF desde: 08/07/2010

Quote:
Sr Júpiter, a minha dedução - idiota, concordo - de que Vsa poderia vir a ser um “conceituado” forista é explicável pelo seu \"humilde\" nick-name/avatar , de divindade máxima na Mitologia Romana e Maior Planeta do Sistema Solar.

Peço sinceras desculpas pelo meu equívoco.


Desculpas aceitas, caro aprendiz. ;)


Quote:
Oops, me enganei. Achei que aqui tratava-se da resistência e oposição às conquistas femininas/feministas, mas vejo que o assunto é outro.

My bad.


Ahhh, a ironia...adoro os irônicos, ainda mais os bilíngues! Bem, tanto o aprendiz quanto eu já pedimos desculpas para quem abriu o tópico, mais de uma vez. Acho que chega, não é? Mea culpa, realmente espero que perdoem, tenho esse costume de desviar o assunto para temas totalmente inúteis e irrelevantes (sistema carcerário, benefícios previdenciários, direitos e deveres, pfffff, quem se importa não é (?!), eu e esse meu saudosismo incorrigível por temas românticos e em desuso...), mas estou tentando corrigir essa minha falha. Só espero não ser jogado no sistema carcerário sem direito ao auxílio-reclusão por causa desse delito que cometi...

Bem, agora, com licença que vou lá (tentar) me alfabetizar antes de (tentar) opinar novamente, ia opinar sobre o tema, finalmente, mas acho prudente me reiniciar no português antes, para evitar ser patrulhado novamente ou mesmo bloqueado por esses desvios malignos e sem nexo.


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xaropinho
No PF desde: 15/04/2011

kkkk, um dia indo pra cacheirinha na kombi do tio, o desgraçado naum me solta um blackslash silencioso que quase mata todo mundo o porcão???e ele ria que nem um abobado kkk


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Jean
No PF desde: 11/11/2010

\"\"\"Carla Abbondanza


Aplausos pra ti!!!!!\"\"\"


X 2


Acho que a Dona Carla fechou esta questão... homens e mulheres se preocuparem com os filhos em conjunto.


Massssss, não podia deixar de comentar que, da mesma maneira que muitas/os exergam misoginia em tudo que vêm dos homens... e tirando como exemplo este post com o artigo citado... percebe-se deste mesmo grupo uma misandria ou androginia exacerbada. ;-)


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LivT
No PF desde: 23/07/2010

Quote:
Massssss, não podia deixar de comentar que, da mesma maneira que muitas/os exergam misoginia em tudo que vêm dos homens... e tirando como exemplo este post com o artigo citado... percebe-se deste mesmo grupo uma misandria ou androginia exacerbada.


Opa! Não vamos começar a generalizar. Acho que a Belle foi muito feliz, didática e precisa em apontar exatamente o que considera misoginia no caso em tela e em cada post, e isto, nem de muito longe foi \"tudo que vem dos homens\". Mas nem de muito longe!


Também não vi nenhum post aqui demonstrando qualquer tipo de aversão ao gênero masculino. De minha parte, convivo muito bem e admiro muitos homens, nas mais variadas atividades e tipos de relacionamento.


Androginia \"exacerbada\" eu não quero nem imaginar o que tenha querido significar...


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Joseph Ketreph
No PF desde: 09/05/2011

Xaropin,

passei por isso...se riscasse um fósforo a kombi explodia kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Eu também não vejo esse tópico com uma manifestação paranóica, de quem vê misoginia em tudo (apesar de essa sensação não estar muito longe da verdade) nem o vejo como expressão de misandria ou androginia exacerbada. Acho que é sim um tópico extremamente válido em seu questionamento, mas que a meu ver pode ser ponto de partida para uma discussão ainda mais ampla do que a mera disputa entre gêneros.


Eu entendo perfeitamente a posição da Belle e sem sombra de dúvidas me uno a ela e outras tantas mulheres na defesa ferrenha da conquista não apenas de nossos direitos, mas principalmente de nosso reconhecimento enquanto elementos indispensáveis no contexto humano. Só não acho que seja realmente produtivo, a essa altura do campeonato, que nos atenhamos exclusivamente à \"guerra dos sexos\".


Não, Jean, não se trata de homens e mulheres cuidarem dos filhos juntos apenas. Trata-se de homens e mulheres abrirem os olhos para uma total inversão de valores e principalmente de \"necessidades básicas\". Inversão que acontece abaixo da superfície e que tem nos transformado no decorrer do tempo em cascas vazias que já não vivem, apenas sobrevivem.


A priori, o trabalho deveria ser fonte de recursos elementares à sobrevivência e de satisfação pessoal através do desenvolvimento de potenciais e talentos, fazendo desses últimos fatores construtivos nos âmbitos individual e coletivo. Resumindo, deveríamos trabalhar para viver (no sentido mais amplo). O problema é que invertemos isso, passamos a viver para trabalhar em prol do acúmulo de bens e da ilusão de poder e liberdade que esse acúmulo carrega. Me perdoem os rapazes, mas esse é o entendimento masculino de \"sucesso\". E não há nenhum traço de misandria nessa declaração, é apenas uma constatação baseada no que nos mostra a História. Mas é contra esse entendimento que eu acredito que deveríamos nos voltar. É essa visão de mundo, de sucesso e de conquistas que me parece extremamente distorcida. Tão distorcida e tão entranhada em nosso inconsciente coletivo, que até mesmo a emancipação feminina baseou-se nela e a perpetua. Tem-se a impressão, inclusive, que o feminismo só se considera válido na medida em que atende às expectativas dessa visão de mundo.


Eu sei que estou sendo prolixa, mas o que quero dizer é que talvez devêssemos parar tudo e perceber que somos todos oprimidos. Não basta mais emancipar apenas mulheres, é preciso emancipar todos. É preciso rever conceitos e perceber que trabalhar 14 horas por dia em detrimento do convívo com família e amigos não é sucesso. É preciso entender o trabalho e o dinheiro como ferramentas e não como objetivos finais. Mas para isso não basta exigir de governos que façam sua parte. Urge que mudemos paradigmas em todos os sentidos.


Muitos homens e mulheres hoje começam a perceber o peso dessa cobrança social pelo \"sucesso\" e resolvem romper com os ditames. São homens e mulheres que optam por abandonar carreiras em ascensão em prol da família, ou que preferem rendimentos medianos mas que lhes permitem mais tempo livre para o convívio humano. Pessoas que obviamente enfrentam o preconceito de outros que perguntam \"mas você largou o emprego pra cuidar de filhos?\" ou \"a sua esposa ganha mais que você?\" e assim por diante, mas que estão felizes com suas escolhas porque entendem o sucesso por outro prisma. E esse entendimento, essas atitudes devriam ser o nosso ponto de partida para uma verdadeira revolução social, que aí sim, colocaria homens e mulheres no mesmo patamar, e traria benefícios incalculáveis a todos, não apenas às crianças.


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Júpiter,


Sim, eu gosto da ironia, especialmente bilíngue...rssrsrsrs. Mas por mim você não seria jogado no sistema carcerário por desvirtuar o tópico. E nem considero suas informações inúteis ou irrelevantes, apenas colocadas no lugar errado.


Relaxe, amigo.