Hercovitch, o consultor de Dilma

112 respostas [Último]
imagem de Caronte
Caronte
No PF desde: 03/03/2010

Carla


Você realmente quer citar o Chile, país do terceiro mundo, com 15% de sua população vivendo abaixo da linha de pobreza, como seu exemplo bem acabado de aplicação da política de não intervenção do Estado?


Ou o Canadá, que tem todos os setores de sua economia fiscalizados por agências governamentais, numa típica política de \"bafo no cangote\"? Ou que possui um sistema de distribuição de recursos fiscais federais que beneficia as províncias mais pobres em detrimento das mais ricas?

Ou seja, o Canadá é um país de inegável força econômica e qualidade de vida, sendo o menos intervencionista dos países americanos. Mas o Governo está longe de \"largar pras cobras\".


imagem de Carla Abbondanza
Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Gente, eu tentei, mas já que querem continuar o assunto por aqui mesmo...


Caronte,


Você acha que o Chile não é um bom exemplo, mas deveria ter em mente o que ERA o Chile e o que É hoje, com crescimento constante de 7% ao ano na última década. Quantos países podem dizer o mesmo? E tem que lembrar também em quanto tempo eles conseguiram chegar a isso depois da ditadura. Aqui na AL, certamente é o país que apresentou melhores resultados econômicos em curto espaço de tempo. Ou vamos negar isso também porque eles ainda não são a Suécia?


Eu entendo que você não se inspire no modelo socialista capenga que nos cerca, mas convenhamos, amigo, estamos num continente onde a esquerda não entende estado forte como mediador e sim como controlador direto. Em pleno 2010 nós temos como vizinhos um Chaves e um Morales, for God sakes! E ainda temos um Castro dando as cartas. Você deve convir que é até natural que cada vez que se ouça o termo \"intervenção forte do Estado\" a primeira coisa que se pense seja nesses modelos que definitivamente não deram certo.


E eu também posso concordar tranquilamente com você quanto ao aspecto ideal dos modelos nórdicos ou mesmo do Canadá, mas lembremos, como ressaltou o Austra, que são economias onde a liberdade de mercado existe de fato, onde a presença do estado não ultrapassa as próprias obrigações, que sejam, garantir que os abusos não sejam praticados e que o uso do dinheiro público seja correto. Uma coisa é ter o governo no cangote, outra bem diferente é ter o governo administrando diretamente o mercado. E é esse útlimo que eu considero um grande erro. Não há empresas estatais nos exemplos que você citou, mas aqui reclama-se das privatizações como se coubesse ao governo administrar coisas que não são de sua alçada.


E metem a boca nos EUA, mas no final das contas é assim que as coisas funcionam por lá. Há intervenção do Estado, sim. Há subsídios federais, há leis antitrust e há ajuda federal para a economia não quebrar, sim. \"Ah, mas eles não tem uma ótima qualidade de vida para toda a população\". Claro que não. São 300 milhões de habitantes em território intercontinental. Esperar que haja qualidade de vida igualitária é utópico nessa situação, mas ainda assim, a qualidade de vida deles é infinitamente superior à nossa.


Um governo que administre o dinheiro público de forma correta, garantindo acesso à moradia, saúde, educação e segurança é o sonho de consumo de qualquer pessoa em sã consciência (ou deveria ser), mas isso não tem a ver com ser estatista ou liberal, tem a ver com querer o justo retorno do que se paga em impostos. Aliás, nós até podemos dizer que somos iguais à Suécia. Afinal, temos quase a mesma carga tributária. A diferença é que lá eles tem retorno integral disso e aqui não.


Agora, voltando à questão política especificamente, eu não confio na esquerda brasileira para nos levar a esse modelo ideal. Talvez até por já ter sido militante petista - e ter me decepcionado profundamente - não vejo a nossa dita \"esquerda\" se encaminhando para esse equilíbrio tão almejado, porque infelizmente esse não é o perfil da nossa esquerda. Se eu acredito que a nossa também assim chamada \"direita\" pode fazê-lo? Não, também não. Aliás, eu não acho que um dia chegaremos a isso pelo viéz político, mas talvez pelo cultural (longa história), porque não foi a vontade política que levou aqueles países ao patamar que estão hoje, mas consciência e atuação de seus cidadãos. Só chegaremos a isso no dia que o brasileiro abrir mão do paternalismo e estamos longe disso ainda. E justamente por não acreditar no paternalismo que eu tenho o pé atrás com o estatismo e nossa esquerda até o momento populista.


É isso.


imagem de Iron
Iron
No PF desde: 14/05/2010

Depois que fiquei sabendo que Palocci e Jose Dirceu brigam por cadeiras no novo governo Dilma, senti vontade de votar na Marina Silva.


imagem de Iron
Iron
No PF desde: 14/05/2010

Desculpem me intrometer, adeus.


imagem de Caronte
Caronte
No PF desde: 03/03/2010

Tudo bem, Carla, se você quer usar o Chile como modelo, pode ser ele. Vamos apenas nos lembrar que o Chile foi governado, nos últimos 10 anos, primeiramente pelo SOCIALISTA Ricardo Lagos e depois pela SOCIALISTA Michelle Bachelet.

Não vamos nos demorar nas políticas sociais implementadas nos dois governos, o viés político dos dois diz tudo.


Eu defendi um Estado fortemente intervencionista. Mas eu defendi estatizações? Não. Eu sou a favor da forma como as privatizações foram feitas no Governo FHC? Não. Não vamos entrar na questão Eletropaulo e Vale do Rio Doce, isto iria se prolongar demais. Mas não acho que reestatizar tudo fosse a solução.

No que eu não acredito é simples: Estado Mínimo, ou seja, um Estado que permita que os agentes econômicos privados busquem o equilíbrio através de concorrência direta, com um mínimo de regulamentação e controle.

Por que eu não acredito nisto? Porque esta idéia quase quebrou o mundo 2 anos atrás. E foi a amaldioçoada participação do Estado que salvou o planeta inteiro da bancarrota causada pela iniciativa privada agindo desreguladamente e sem controle estatal.


Se formos analisar, do ponto de vista prático, mesmo que existisse esta desregulamentação tão almejada pelos que o Austra abomina que sejam chamados de neoliberais, eu perguntaria: então, se o Estado não deve intervir, ninguém precisa da ajuda dele, certo? ERRADO! Alguém consegue me explicar porque é que quando uma grande empresa vai se instalar em algum lugar, o primeiro a ser visitado não é um corretor de imóveis, mas o Governador do Estado?


Por que é que tenho que ver empresários defendendo a não intervenção do Estado na economia, e depois vê-los na antessala do BNDES buscando juros subsidiados, isto quando não querem isenções fiscais de décadas ou fábricas construídas com dinheiro estatal?


Eu nunca fui militante de partido nenhum, talvez por isto não tenha adquirido um ódio mortal de ninguém, especificamente. Acho que a esquerda brasileira está embretada entre radicais que querem fazer coisas estapafúrdias, pessoas moderadas que tem uma visão social democrata da sociedade brasileira, e uma enorme legião de políticos fisiológicos que tem de ser tolerados em nome da \"governabilidade\".


Agora, também não acho que a dupla PSDB/DEM seja capaz de colocar o Brasil no eixos. Porque já vimos muito disto. Tenho certeza que eles não vão sequer tentar. Então, até me provem em contrário, Dilma ainda é dos males o menor.


imagem de Caronte
Caronte
No PF desde: 03/03/2010

\"Gente, eu tentei, mas já que querem continuar o assunto por aqui mesmo...\"


Sorry, Carla, culpa minha. Vou ajoelhar no milho depois.


imagem de Carla Abbondanza
Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Vamos ajoelhar juntos, Caronte...rsrsrsrsrsrs


imagem de jocy
jocy
No PF desde: 26/07/2010

isso é papo pra gente grande hehheh

mas como sou metida...

minha modesta opinião o Lula ate fez um bom governo mas nao entendo pq ele ta metendo a Dilma \'guela a baixo\' e todo mundo ta aceitando, o que a dilma fez? eu nem conhecia a Dilma antes! o que ela éh? sinceramente nao entendo.. e se alguem quiser me julgar e me responder a vontade gente é so minha MODESTA OPINIÃO

Nao que o Lula tenha feito grandes coisas... quanto ao salario minimo que tantos falaram, DE QUE ADIANTA AUMENTAR O SALARIO SE TUDO SOBE? eu me lembro da epoca que morava no interior e que nos viviamos apenas com o salario do meu pai na epoca 100 e poucos, mas com esses 100 e poucos dava pra se comprar muita coisa, R$ 50,00 era dinheiro em quanto hoje se compra um arroz e feijao e acabou o dinheiro.. nao estou defendendo Lula ou FHC...

Mas acho que a Dilma so esta nas costas do que o Lula \"fez\" ou pelo menos tentou passar que fez....

Já o Serra, vi fazer muitas coisas, na educação, saude... e apesar de \"serem todos iguais\" como falaram aqui no PF, acredito que derrepente ele possa mudar algumas coisas, e tbm pq acho que mais de 8 anos um governo so é o suficiente....


Ia comentar sobre o governo do RGS mas ai lembrei que nem todos sao daqui....


Mas sinceramente adorei esse topico, me mostrou muita coisa,


como disse o Iron


\"Desculpem me intrometer, adeus.\"


imagem de Australopithecus
Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Tive que me ausentar por causa de alguns contratempos que ainda não foram resolvidos. Por hora, digo o seguinte:


#Caronte

Quote:
Alguém que faz uma defesa tão apaixonada e consistente de um conjunto de idéias, não deveria ter dificuldades de explificar quando esta idéia foi aplicada e citar seus resultados benéficos.


Que tal começar pelo começo? Havia um tempo em que os reis na Inglaterra tinham poderes divinos. Foi o liberalismo que iniciou a derrocada do direito divino dos reis e de lambuja concedeu às pessoas comuns algo que é sempre alardeado em fóruns sociais mundiais e congêneres: a igualdade entre os homens. Do ponto de vista estritamente econômico, a reverberação do liberalismo na Inglaterra tornou essa ilha simplesmente no maior império do Ocidente pós Roma. Para a Inglaterra foi bom? Sem dúvida. Para as colônias e conquistados foi bom? Nem tanto. Mas sugiro observar a diferença de projetos colonizadores ingleses (EUA e Austrália, por exemplo) com os projetos portugueses (Brasil e Angola, por exemplo) e espanhóis (América Latina em geral). Mas essa discussão é longa...


Quote:
Desviar a conversa para Cuba foi um expediente pequeno. Confesso, eu não esperava que você recorresse a recurso tão primário. Eu pensei que apenas leitores entusiasmados da Veja o fizessem.


Eu poderia dizer que parece que ambos servimo-nos de expedientes pequenos. Eu ao mencionar Cuba e você ao mencionar a Veja. No entanto, o que desejo dizer, Caronte, é o seguinte: pare de ficar tentando adivinhar o que leio e quais são as minhas referências. Não repita o clichê de achar que conservadores são liberais que leem Veja que é partidária dos liberais que são conservadores que financiam a Veja com publicidade liberal. Se é pra ficar no clichê, vou achar que vc, por ser funcionário público, opina em causa própria, pois lhe é conveniente um estado ‘forte’. E ainda poderia imaginar que você é assinante da “Caros Amigos”.


Abraço. Tento voltar em breve.


imagem de Australopithecus
Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Ops, \"por ora\", quis dizer - haha


\"horário\" é uma palavra que está me deixando doido