Crise existencial

80 respostas [Último]
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Nandablue
No PF desde: 17/04/2010

Puxa, Iani...


Imagina se vc tivesse o dom da palavra...


Fiquei tão tocada com o que vc escreveu... A maternidade traz essa miscelânea de sentimentos e emoções de fato.


Uma das coisas mais difíceis é o fato de precisar da ajuda de terceiros e, ao mesmo tempo, receber conselhos e orientações sobre como agir através de um bombardeio de todos os lados, tornando impossível qualquer comportamento que vá agradar a totalidade das pessoas... E os que ajudam, não o fazem somente por bondade...Ajudam e cobram de vc que siga suas diretrizes... Se vc não o faz, passa por ingrata. Como isso se repete em minha vida! A eterna luta para agradar os outros, que sempre sabem o que é melhor para minha vida do que eu mesma...


A velha história: quem tem razão? Estou com muita dificuldade de defender meus pontos de vista ultimamente.


Amei suas palavras.


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Nandablue
No PF desde: 17/04/2010

Mademoiselle Po...


Nossa, acho que vou ler seu post várias vezes, até que entre bem na minha cabeça tudo que vc falou. Tantas coisas serviram como uma luva... O problema, como eu disse, é que na teoria eu consigo enxergar essas coisas, mas na prática, não sei aplicar.


Quote:
O problema é que este mundo está sempre nos cobranddo que sejamos pessoas perfeitas. Aparentemente precisamos ser boas mães/pais, maridos/esposas, bons trabalhadores, boas pessoas, perdoar, amar ao próximo, amar-se e outras coisas. Algumas pessoas aceitam sua imerfeição imensa, e outras acabam ficando frustradas por não conseguirem ser o que acham que deveriam. O que as pessoas parecem achar que deveriam ser. E o engraçado é que as pessoas estão sempre apontando todos os erros do mundo umas das outras, mas para ver os seus, que não são muito melhores, como?


Pois é, nós somos o que somos, devemos nos aceitar com nossos defeitos, mas também buscar evolução, não é?

Essa história de apontar os defeitos dos outros é uma cachaça! Aqui no PF é tão comum...Eu mesma fiz isso quantas vezes... Como é fácil identificar problemas nos outros e saber solucioná-los. Como é difícil aplicar isso em nossa própria vida. Qual o direito que temos de ficar julgando e condenando quem quer que seja, por pior que tenha sido seu comportamento? Nós, que também somos cravejados de defeitos...


Quote:
As pessoas estão aí para te dar estereótipos, te criticar, te dizer como é viver e o que é certo. Mas eu só acredito naquilo que vem de dentro do coração, da alma, de dentro pra fora. Não sendo assim seremos fantoches de nós mesmos e não faremos diferença em um mundo em que ser quem se é custa muito caro.


Mas eu acho tão difícil ser autêntica e ser feliz ao mesmo tempo... No fundo, sinto sempre a obrigação de agradar aos que me rodeiam. Medo de ser quem eu realmente sou e isso fazer com que elas deixem de gostar de mim... Um sentimento bastatnte infantil, eu diria, mas muito enraizado na minha personalidade.


O problema é que se agirmos conforme os outros idealizam, deixamos de ser nós mesmos e não conseguimos ser felizes. Se formos quem realmente somos, decepcionamos as pessoas e temos que conviver com essa frustração. Então como fazer? O que é o certo?


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Nandablue
No PF desde: 17/04/2010

Querida Fiorella


Quote:
Você se acostuma com isso, namora, começa a construir uma famíluia, e fica se perguntando se é isso mesmo que quer, se não teria sido melhor ter escolhido outro caminho. Toma uma decisão X e fica pensando se não teria sido melhor a decisão Y. Magoa alguém e questiona suas atitude, seus defeitos...


Bom, é exatamente isso... Esse eterno questionamento de estar ou não fazendo a escolha certa, agindo da forma correta... Questões permanentes, persistentes. Agir de forma a achar que fez o certo, magoar alguém e já não saber mais se tinha razão ou não! Se tínhamos razão, por que o outro se magoou? Como evitar magoar o outro, ou então, se isso não for possível, como conviver com a culpa de tê-lo feito?


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Nandablue
No PF desde: 17/04/2010

Meliss@


Que bom que apareceu por aqui, vc faz com que eu não me sinta "louca" sozinha! ...


Quote:
Engraçado, eu li alguns post e acho que há uma visão distorcida do que seja esse sentimento, na realidade enxergam de maneira diferente, acho que todos percebem um sentimento de tristeza aguda, depressão, etc, mas não é, e sim uma ausência, uma falta, volto a repetir, uma incompletude e por ultimo uma cobrança, pois sabemos que temos um vida que deveríamos agradecer(saúde, respeito, família, etc) e não estarmos satisfeitas de alguma forma.


Sim, sim, sim... Quantas vezes sinto isso... Uma sensação de que falta algo e eu não faço idéia do que é! Isso é o pior, não saber o que falta, pois não sabendo, não posso ir atrás.


Quote:
Talvez o tradicional não esteja te preenchendo mais, isso acontece, já leu ou se inteirou de outras filosofias? Pode ser que vc se encontre, tem muitas coisas interessantes por ai, com mais agudeza e respostas para o nosso estado de espírito.


Por favor, dê-me exemplos! Vc já encontro algo assim?


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Kathya34
No PF desde: 06/06/2010

Oi Nanda querida... Você na verdade não está se sentindo entediada?


Às vezes a gente cria uma expectativa em função do que os outros dizem com a maternidade... Aquela história de se sentir uma mulher completa, quando se torna mãe, da plenitude da maternidade, blá blá blá... Completa sim, inclusive nas carências, fragilidades, TPM, rsrsrsrs.


Não sei o quanto você se exige, ou exigem de você, mas quem sabe as terapias alternativas, ou uma atividade diferente (se der tempo), possam te ajudar?


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vencedora
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No PF desde: 14/08/2012

Nanda, eu já me senti como você está se sentindo. Há uns quatro anos atrás, tinha uma vida que poderia se considerar "quase perfeita": estava terminando a faculdade, tinha um ótimo emprego, bons amigos, dinheiro, viagens, fazia academia, enfim... o que muita gente hoje quer e não pode. Só que tinha um grande problema: eu não era feliz, tudo me cansava com muita facilidade e nessa constante busca pelo o que eu chamava de felicidade, me envolvia em muitos apuros, principalmente relacionado a amigos e namorados. Era um vazio tão terrível que nos finais de semana queria me esconder, fugir... passava as madrugadas em claro, vendo filmes e chorando e não entendia o que estava acontecendo. Eu dizia para os amigos que estava com problemas e ninguém entendia isso, diziam que eu sentia necessidade de procurar problemas e acabava atraindo muitas pessoas complicadas. Em uma dessas conheci um cara que me engravidou e logo depois descubro que ele não valia nada. Nesse mesmo período perco meu emprego; estou andando em minha cidade e no meio da rua teve um tiroteio e fui atingida. Ou seja, o pai do meu filho me abandonou, estava desempregada, grávida e a maioria dos amigos se foram. Pelo menos consegui terminar a faculdade. Depois de muita dor de cabeça com o pai do meu filho, até ele ser preso por agressão, conheci o 'homem dos meus sonhos'. Esse fazia tudo o que ninguém nunca fez por mim. Resolvemos casar, eu estava me organizando e logo depois descubro que estou grávida de novo, mesmo tomando a injeção Perlutan. Foi o fim. Ele, que sempre quis ter outro filho comigo, mudou do vinho pra água. Começo a sair, não queria mais casar, bebia demais, até que eu não aguentei mais e fui embora para outro bairro. Ele foi atrás, disse que era só uma fase ruim. Quando estou me reerguendo de novo, descubro que ele estava tendo um caso com uma mulher casada, dei um basta na situação e hoje crio meus dois filhos pequenos de 3 e 1,3 anos. Sozinha. Trabalho fora, pago aluguel, pado 2 creches, tenho muita dificuldade em encontrar uma pessoa bacana que aceite essa situação e não fique me criticando. Enfim, fora os percalços da vida, as pedras do caminho, MINHA VIDA É MARAVILHOSA, sou feliz, tenho bons amigos, um emprego razoável que paga as contas, faço academia, estudo, estou prestando concurso no momento. e tenho meus FILHOS... Acho que minha vida está apenas começando. Estava um pouco mal com um relacionamento sem futuro, que inclusive vocês me ajudaram muito, mas já estou bem, ainda dói, mas já passou...bola pra frente!


Estou te dizendo disso não para desmerecer o momento que você está vivendo, mas para dizer que tudo passa, essa é só mais uma fase de intolerância consigo mesma. E pode ter certeza que você não está errada em nada, você é apenas humana. O importante é dar o melhor de si, porque muitas vezes a gente erra tentando acertar. E no final, no final dá tudo certo.


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vica
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No PF desde: 25/08/2010

Vencedora...Sem dúvida você é mesmo uma vencedora. Leio certas coisas aqui no PF e chego a conclusão que os meus problemas não são nada, absolutamente nada!!! Não que isso me deixa feliz, mas sim envergonhada de reclamar de certas coisas.....


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vencedora
Offline
No PF desde: 14/08/2012

Vica, querida!

Nada disso. Nossos problemas são do tamanho que podemos carregar no momento. Quanto maior o tamanho da carga, mais forte nos sentimos, a vida nos obriga a suportar... E no final de tudo saimos com algumas cicatrizes, porém vivos. E na maioria das vezes muito mais interessantes. Não vale a pena deixar de lado as utopias por causa do sofrimento. Eu estou mais desiludida hoje, mas ainda pretendo fazer muita coisa...E sei que ainda vou quebrar a cara muitas vezes, mas to tentando acertar... Nós nascemos para ser felizes e a maioria do nosso sofrimento somos nós que procuramos.


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Mademoiselle Po...
No PF desde: 11/07/2012

Nanda, eu te entendo...

Cheguei aos 30 anos sem marido, filhos e saber o que quero da vida além de escrever, sou escritora. Tenho mestrado. Tô em crise existencial e fui parar na psiquiatra. Decepções amorosas. Acho que sou bissexual e minha família nunca vai aceitar.


A impressão que tenho da vida é que ela se parece cada vez menos promissora. Os sonhos vão ficando pra trás, a realidade é muito dura e imóvel. É isso, dura. A realidade é pouco maleável. Vim de uma geração em que se cantava "Tudo pode ser, só basta acreditar...", como em Lua de Cristal. Cada vez a gente tem que trabalhar mais pra ter menos. Cada vez a mulher tem que ser independente e ainda tradicional...


E parece que nada vai mudar muito... E não sei o que eu quero...


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Mademoiselle Po...
No PF desde: 11/07/2012

Nanda, eu te entendo...

Cheguei aos 30 anos sem marido, filhos e saber o que quero da vida além de escrever, sou escritora. Tenho mestrado. Tô em crise existencial e fui parar na psiquiatra. Decepções amorosas. Acho que sou bissexual e minha família nunca vai aceitar.


A impressão que tenho da vida é que ela se parece cada vez menos promissora. Os sonhos vão ficando pra trás, a realidade é muito dura e imóvel. É isso, dura. A realidade é pouco maleável. Vim de uma geração em que se cantava "Tudo pode ser, só basta acreditar...", como em Lua de Cristal. Cada vez a gente tem que trabalhar mais pra ter menos. Cada vez a mulher tem que ser independente e ainda tradicional...


E parece que nada vai mudar muito... E não sei o que eu quero...


É como se a cada passo eu me perguntasse: "A vida é isso?" E me imaginasse casada e com filhos e isso não me satisfizesse.