Crise existencial

80 respostas [Último]
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Melliss@
No PF desde: 28/04/2011

Então Nanda, eu leio o seu relato e te entendo perfeitamente, mas não sei bem verbalizar, é uma sensação de incompletude, como se tudo que fizéssemos fosse somente para cobrir um vazio que insiste. Numa fala bem tosca...como se não estivéssemos onde deveríamos estar.


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Nandablue
No PF desde: 17/04/2010

Bah, Melissa... Mesmo dizendo que não sabe verbalizar, conseguiu definir resumidamente muito bem o que eu sinto...


O que será isso?


Nem dá para dizer que é falta do que fazer, pois passo o dia inteiro funcionando! Trabalhando, cuidando de casa, filho, marido, etc...


Será que é loucura?


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Melliss@
No PF desde: 28/04/2011

Se for loucura Nanda, somos duas!


Olha, tem épocas que fica mais grave e ameniza quando se tem um projeto ou um objetivo mais ardente que de certa forma nos envolve, digamos assim.


Nossa mente é febril Nanda, precisamos alimentá-la constantemente com algo que esteja além da nossa capacidade de interpretação imediata, deixa eu tentar me fazer entender, o óbvio não nos satisfaz, por isso toda essa rotina saudável não nos faz ficar menos ansiosas, é como se precisássemos de desafios ou acontecimentos para nos colocar em movimento e nos provar que tudo compensa, que não estamos aqui por estar.


Muita piração né!!! Acho que eu sou louca mesmo!


Mas eu creio que a maioria das pessoas se sentem assim.


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vica
Offline
No PF desde: 25/08/2010

Quote:
.como se não estivéssemos onde deveríamos estar.


É bem isso mesmo Meliss@


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Melliss@
No PF desde: 28/04/2011

Pois é Vica, eu só sei que isso atrapalha e muito as nossas vidas, toda essa inconstância nos desorienta.


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Dama
No PF desde: 21/05/2010

Nanda, me parece que junto com todo esse questionamento vc esta enjoada e cansada das rotina da sua vida e personalidade...

Já tentou aprender algo novo??? Como por exemplo, aprender uma nova língua, aprender a tocar um instrumento musical,

algum esporte, participar de algum grupo de ação social. Algo que seja novo pra você... Acho que ajudaria bastante... um braço


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Miss J
No PF desde: 26/07/2012

Eu posso estar errada, acho que quanto menos individualistas formos, menor será esse incômodo interior.

Alguém concorda?


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Júpiter
No PF desde: 08/07/2010

Nanda, pretendo me aprofundar mais nas questões que levantaste quando tiver mais tempo. Por um lado fico contente de te ver partilhando coisas tuas de modo tão sincero, de outro fico triste por te conhecer pessoalmente e saber desse sofrimento que, tenho certeza, não mereces.

Bem, então por ora, me limito a te sugerir o que aprendi com uma ex-namorada que, ao me ver cobrando muito de mim mesmo e sofrendo com isso, dizia para eu passar a adotar com mais frequência a filosofia do "PERMITA-SE": permita-se uma menor cobrança sobre si, permita-se sentir inveja, preguiça, raiva, tristeza, permita-se enxergar a si mesmo como humano e imperfeito, permita-se não sofrer com isso pois todos o somos, permita-se, vez por outra, ficar por uma hora estirado num sofá sem pensar em nada e sem se cobrar pelo tempo "perdido", enfim, permita-se mais pois a vida é uma só e passa muito rápido.

Não será a solução de todas as tuas angústias, claro, mas talvez ajude um pouco nesse momento mais agudo de crise.

E tenha fé, ela move montanhas, de fato, desculpem-me os agnósticos, descrentes e ateus, mas essa é a minha crença.

Fique bem.

S2 miguxa!


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Mauro Scherer D...
Offline
No PF desde: 29/06/2010

O que relatastes faz parte de uma ancestral insatisfação do ser humano, no seu caso, o problema está na intensidade, a regularidade e o desconforto que estes questionamentos te causam. Que bom que procurastes auxílio, isso mostra o lado sadio da tua alma, outro bom indicativo é a relação que manténs com o marido, o filho -que precisa muito de ti para construir seu eu- e as demais pessoas. Estas relações são combustível e apoio para a sua evolução, e poupança para os momentos ruins.

Quanto ao diagnóstico, isso é algo para ser visto pelo profissional para orientar o tratamento, o que tenho a lhe dizer é que é possível seguir por esta mesma estrada da vida, investindo em você, na busca de auxílio, vendo as mesmas paisagens e dentro do mesmo carro, só que em uma viagem mais bem curtida, ainda que, de vez em quando, fure um pneu.


Iani
No PF desde: 13/01/2011

Nanda


Sempre admirei a serenidade de seus posts, acredito que você seja uma pessoa muito bonita, daquelas com as quais é muito bom conviver.


Eu não tenho o dom da palavra (infelizmente), mas tentarei pontuar algumas vivências que talvez possa contribuir um pouquinho para amenizar esse seu momento.


Esses primeiros tempos de maternidade são bem complexos, recebemos uma avalanche de cobranças, atribuições, mitos, expectativas, etc. como se houvessem fórmulas para ser a mãe perfeita. Parece que todo mundo tem algo a dizer a respeito de como podemos ser melhores. Poucos falam de como essa experiência também nos fragiliza, nos pondo em contato com a criança que fomos e os a pessoa que nos transformamos. Nunca ninguém me disse que nossos filhos são também seres humanos como todo o mundo e podem despertar os mesmos sentimentos antagônicos que temos por qualquer pessoa.


Apesar de eu gostar muito de meus filhos, foram difíceis os primeiros anos da maternidade: cansaço, sentimentos conflituosos, responsabilidades, não ser dona de meu tempo, medo pelo futuro de meus filhos, dúvidas se conseguiria retomar sonhos que estavam ficando de lado...


Levei muitos anos para aceitar que, por melhor que possamos ser, não podemos ter tudo o que gostaríamos ao mesmo tempo: cada opção guarda consigo a renúncia do que não foi escolhido. Muitas vezes, quando via alguém usufruindo os louros daquilo que deixei para trás, ficava com muito inveja e me debatia pela escolha feita, remoía o passado e sofria muito.


Com o tempo, consegui retomar muito do que ficou para trás, também abandonei antigos sonhos e fui atrás de novos. Aprendi que a inveja é, também, resultado de frustrações pelo que não estamos realizando (e gostaríamos!).


Você coloca que consegue aconselhar os outros, mas não está conseguindo melhorar aquilo que não gosta em você mesma. Isso acontece muito comigo, mas, como comentei no outro tópico. Com o tempo adquiri uma maior leveza: ainda tenho esses momentos introspectivos, mas consegui abreviar o tempo e a intensidade deles (sofro menos).


Sei que ainda tenho um caminho imenso para percorrer, apesar de me conhecer melhor, ainda ando 2 passos para a frente e um para trás, mas sei que estou conseguindo avançar.


Me angustiava muito o pensamento de que andava em círculos, periodicamente voltando ao mesmo lugar. Alguém (sequer lembro seu nome), me passou uma concepção mais reconfortante:não se anda em círculos, mas em espiral, a cada crise, avançamos. Continuamos humanos, demasiadamente humanos, porém, progredindo, nos tornando seres humanos melhores.


Se dê o direito de ter todos os seus defeitos. Provavelmente, a grande tarefa de sua vida passa pela aceitação deles, somente então, com humildade, conseguirá ir avançando.


Com carinho