TRAUMA DE UM ABUSO SEXUAL

98 respostas [Último]
Daayy
Offline
No PF desde: 07/10/2010

Isso é uma das coisas mais difíceis de lidar e falar, eu tive uma história assim, não cheguei a ser estrupada mas fui assediada tantas vezes pelo meu cunhado, (o segundo marido da minha irmã mais velha) que já até perdi as contas.

Tudo começou quando eu tinha 15 anos, minha irmã tinha um marido maravilhoso, eu tinha ele como um irmão pra mim, todos amavam ele d+, até que minha irmã traiu ele e ele descobriu, foi horrível, depois disso ela apareceu com esse rapaz e já até se casou com ele. Quando foi no carnaval de 2009, nós fomos para casa de praia da minha tia e esse meu cunhado tbm foi, quando estavamos na praia a tarde, eu senti uma mão passando na minha perna dentro da água, eu falei, alguém passou a mão na minha perna, e ele arregalou os olhos e ficou brincando dizendo que foi um peixe, no mesmo dia de noite, quando chegamos da praia, minha irmã foi tomar banho e eu fiquei na sala com ele, eu estava sentada em uma cadeira até que ele foi p/ trás de mim, puxou a alça da minha blusa e disse: nossa, tá queimadinha, eu dei um tapa na mão dele e um pulo da cadeira, não consegui dizer nada, e fui p/ varanda esperar ela sair do banho, isso foi os primeiros casos, se eu for citar todos vai ficar um texto muito longo, ele sempre me olhava com olhares estranhos, as vezes eu comentava com minha irmã que eu precisava comprar alguma coisa, e depois ele me perguntava escondido se eu queria dinheiro pra comprar, eu sempre dizia que dele eu só queria distância, teve uma vez que eu estava na sala da minha irmã, e ele ficou fazendo gestos p/ mim ir p/ quarto, eu fui embora correndo. Foram épocas horríveis eu tinha medo de contar pra alguém pq ele era muito agressivo, e eu ia destruir um casamento, eu sempre pegava ele olhando para as minhas pernas, e eu comecei a pegar trauma de ir a casa da minha irmã, eu não ia mais lá de jeito nenhum, e todos começaram a estranhar, mas eu não dizia nada, só uma amiga minha que sabia de tudo.

Esses fatos duraram até o ano passado, quando houve um boato que o vizinho dele (pai da minha melhor amiga), estava tentando aliciar a filha dele( esse marido da minha irmã tem 3 filhos), e quando a filha dele inventou essa fofoca, ele simplesmente deu um soco na cara do velho que mal se aguenta em pé, eu achei isso tudo muito estranho, pois eu cresci na casa dessa minha amiga, cansei de dormir lá, e o pai dele nunca tentou fazer nada comigo, até que um belo dia ele foi pedir desculpas a minha amiga por ter batido no pai dela, e eu soltei, eu disse que ele não tinha o direito de fazer isso sem provas pois ele não era nenhum santo, e entrei, ele ficou pra morrer, quando foi no outro dia, eu estava indo p/ academia e conversando com minha amiga no cel, até que ele me seguiu, quando olhei p/ trás só vi ele saindo do carro, me segurou pelo braço, começou a falar que eu não tinha que ter falado nada, que ninguém podia saber, disse que eu estava querendo destruir o casamento dele com minha irmã, eu só conseguia chorar, e tentava me soltar do braço dele, ele não me soltava, e eu comecei a gritar dizendo que se ele não me soltasse eu ia contar pro meu pai, ai ele soltou, e eu sai correndo e ele correndo atrás de mim, e todos na rua olhando, eu tropecei e cai, ai ele me perguntou se ele podia reformar a casa dele, pra poder morar lá com minha irmã, ou se eu ia estragar tudo, eu falei pra ele que só queria que ele sumisse da minha vida...nisso ele foi embora e minha amga chegou, pois eu não desliguei a ligação, ela ouviu tudo, e foi atrás de mim.

Foi um dos piores dias da minha vida, ela me levou pra casa dela, eu liguei para minha outra irmã, contei tudo pra ela, mas ela tbm ficou com medo de jogar tudo no ventilador, e então fizemos um acordo, se ele tentasse mais alguma coisa, eu não pensaria duas vezes, e contaria p/ minha família, mas desde esse dia, ele não falou mais nenhuma gracinha pra mim, mas eu continuo traumatizada, quase não vou mais na minha irmã, não consigo ficar no mesmo lugar que ele por mais de 10 minutos, sempre evito ir nas festas que ele está, todos na minha família pensam que eu simplesmente não vou com a cara dele, e é essa minha história.

Só mais um detalhe, o fato do meu medo de contar para a família, é que ele tem uma arma em casa, eu até cheguei a fazer uma denúncia anônima no disque denúncia, dizendo que ele tinha arma, mas não tem porte, porém nada aconteceu !


imagem de amiga 02
amiga 02
Offline
No PF desde: 07/10/2010

nossa Daayy vc tem que denunciar esse louco...


Carismática
No PF desde: 31/03/2013

Sofri abuso quando criança tinha uns 5 anos por um amigo de família. Quando tinha uns 13 anos fui morar com uma tia e o marido dela me mostrava vídeos pornôs e quando eu era menos até me assediava, mas eu achava ele legal e não imaginava que aqueles atos eram maldade. Até que cresci e cansei de ser abusada e fui catar um rumo para a minha vida.


Vivi minha vida. Há algum tempo to morando novamente na cidade da minha família e um outro marido de uma outra tia deu em cima de mim. Eu disse não e acho que ele não quis tentar nada comigo, pq depois de sofrer nas mãos de homens doentes aprendi a lutar artes marciais. Então ele ficou com medo de levar uma [**rr*]da e foi embora da minha casa. Cabra safado, veio insinuar pq o outro vagabundo abusou de mim...ele tbm queria. Só que hj não tenho mais perfil de vítima e ele não quis me encarar na [**rr*]da. Tenho 27 anos, sou profissional da justiça e moro sozinha e esse cabra abusou da minha profissão para pedir ajuda...sendo que não precisava, queria mesmo tentar me ofender. Mulherada vamos lutar, ensinem suas filhas e outras mulheres a se defenderem. [**rr*]da nesses cabras e estejam sempre alertas com as pessoas.


imagem de Wahrsager
Wahrsager
No PF desde: 13/12/2012

Prezadas foristas,


Estou estupefato com os relatos de algumas colegas sobre abusos sofridos na infancia e adolescencia.


Eu sinto muitissimo por todas, eh deprimente pensar que algo assim possa acontecer dentro da familia. Pelo o que pude perceber, talvez por ignorancia da minha parte, esse tipo de abuso infelizmente acontece em todas as camadas sociais, nao tao somente naquelas menos instruidas.


Estou realmente chocado. Fico feliz que algumas conseguiram se reerguer frente a situacoes como essas, parabens pela forca de vontade e determinacao.


Um abraco,


imagem de DannyOliveira
DannyOliveira
Offline
No PF desde: 23/03/2013

Trabalhei com crianças durante 9 anos,e sempre tive um grande afeto por elas,e elas por mim.No meu sétimo ano trabalhando com elas,uma menina de 7 anos,com quem sempre tive um carinho quase de mãe e filha,me chamou de canto e me contou o q aconteceu na casa dela:o padrasto dela,aproveitando q a mãe não estava em casa,abusou sexualmente dela,mas não foi apenas tocando nos órgãos genitais dela.Houve penetração e tudo,e ela chegou a me contar q ele "colocou aquilo na boca dela" (ou seja,ele a forçou a fazer sexo oral nele).Os detalhes eram realmente escabrosos,repugnantes mesmo.Chamei a mãe dela,conversei,mas a mulher disse q era mentira e ameaçou até me bater por eu ficar incentivando a menina a contar histórias falsas.Detalhe:o diretor da instituição estava ao meu lado quando a menina contou tudo,então eu não poderia estar mentindo.Resultado:uma semana depois a menina foi estuprada de novo!Quando a situação ficou insuportável e eu vi q a mãe não tomaria atitude,eu mesma dei o meu jeito:chamei o Conselho Tutelar e a polícia (não sem antes me aconselhar com o diretor da instituição e saber se a decisão era correta,e recebi carta branca dele),e notifiquei o caso.No mesmo dia o padrasto foi preso,o q fez a mãe se revoltar e ir à instituição querer me agredir.Só q a menina foi submetida a exame de corpo de delito,q comprovou o abuso,e a mãe perdeu a guarda dela,q foi passada para o pai biológico.Ofereci acompanhamento psicológico a ela,já q a instituição fornecia esse serviço,e conversei durante mais de duas horas com o pai,pedindo a ele q procurasse dar todo o apoio e ajudar bastante a filha,já q ela era apenas uma criança.Chorando,o pai me agradeceu e disse: "Olha,tia,se não fosse você jamais eu teria oportunidade de poder ser pai da minha filha,já q a mãe dela destruiu todo o meu caráter inventando coisas sobre mim.Só tenho de agradecer a você por dar tanto amor pra ela"...Ali eu me senti bastante confiante e decidida a continuar dando amor às crianças.


Superar o trauma de um abuso sexual não é fácil.Exige mesmo um acompanhamento e muito amor da família.Quando vejo crianças q passaram por essa dor cruel,me coloco no lugar não só delas como no das famílias.Hoje,4 anos depois disso,sinto q tomei a atitude correta em denunciar o caso,e hoje essa menina é muito feliz,volta e meia a encontro na rua e ela sempre me abraça e me beija,sendo bastante carinhosa comigo.Por isso meu conselho às mães é:FIQUEM SEMPRE AO LADO DOS SEUS FILHOS,POIS MUITAS VEZES ELES PODEM ESTAR FALANDO A VERDADE,PEDINDO SOCORRO,E ISSO É IGNORADO...


imagem de _Ana_
_Ana_
No PF desde: 19/09/2010

dando um up no tópico , postando uma triste notícia :(

Estupros no Brasil crescem e superam número de homicídios, revela estudo

Quote:
As estatísticas de segurança pública no Brasil apontam que, em 2012, os casos de estupro superaram os de homicídios dolosos (ou seja, com intenção de matar), com 50.617 ocorrências contra 47.136 assassinatos.

Os dados integram o 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será divulgado na cidade de São Paulo, nesta terça-feira (5), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

De acordo com o levantamento, os dois crimes tiveram crescimento ano passado em relação a 2011. Entretanto, o percentual de alta foi maior entre os casos de estupro: em 2012, com as 50.617 ocorrências, foram 26,1 estupros por grupo de 100 mil habitantes -- 18,17% a mais que em relação a 2011, quanto a taxa era de 22,1.

****

Números reais de estupros podem ser maiores

Apesar das estatísticas, os organizadores do Anuário informaram que os Estados com as maiores taxas de estupro a cada 100 mil habitantes, por exemplo, estão no grupo 2 de qualidade dos dados, "o que indica que os números reais podem ser ainda piores".

Já entre os Estados no grupo 1 de qualidade dos dados --Rio Grande do Sul (taxa de 43,5), Mato Grosso do Sul (40,6) e Mato Grosso (38,6) –também foram anotadas ressalvas: no RS, as ocorrências de estupro e tentativa de estupro são registradas da mesma forma, o que eleva a taxa. Paraíba, Rio Grande do Norte e Minas Gerais apresentam as menores taxas do país: 8,8; 9,9; e 10,1, respectivamente.

Enquanto Paraíba e Minas integram o grupo 1 de qualidade da informação, Rio Grande do Norte está no grupo 3, que apresenta alta qualidade de informações, no que tange à credibilidade das informações, mas não preenche corretamente o Sinesp (Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal)


http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/11/04/estupros-no-brasil-crescem-e-superam-numero-de-homicidios-revela-estudo.htm


imagem de _Ana_
_Ana_
No PF desde: 19/09/2010


imagem de Júpiter
Júpiter
No PF desde: 08/07/2010

Como eu comentei lá atrás, bem no início deste tópico, é incrível perceber que em qualquer foro público em que o assunto "abuso sexual" seja abordado, transbordem relatos de mulheres (e alguns homens) que já o sofreram. Parece que poucas pessoas NÃO sofreram algum abuso quando infantes. Pior é isso: quase sempre é na infância e adolescência.

É uma tristeza. Não consigo entender como é possível alguém se sentir autorizado a agredir, abusar, se aproveitar, ferir uma criança.

Minha área de conhecimento é o Direito e sempre me considerei um humanista, mas para esse tipo de crime, se dependesse somente de mim, não haveria piedade, clemência, segunda chance, etc.


imagem de Poivre
Poivre
No PF desde: 12/01/2011

Existem tantos formas de abuso a uma criança... Tantas que, quem nunca viveu situação parecida, nem imagina... Logicamente que a de abuso sexual é a mais comum, a prova está aqui pelos relatos que eu leio. Eu também sofri um abuso, mas nunca fui tocada. Foram anos naquele tormento e dor que vcs jamais poderiam entender. O resultado foi que cresci e me tornei a criança irritada, braba, briguenta e uma adulta insegura, vivendo da sala de espera do problema, sempre em estado de alerta. Pra ajudar nisso tudo, crecsi ouvindo as brigas dos meus pais...


"Crianças não conseguem processar direito o que vivenciam. Assumem culpas que não possuem, fantasiam abandonos, se responsabilizam pela infelicidade dos pais e, pior do que tudo, se sentem desprotegidas em um lar briguento. Crescem e se tornam homens e mulheres paranoicos, inseguros, acovardados diante da vida."


Certa vez eu li isso e me senti revelada...


Não é fácil superar o abuso, mas a terapia ajuda. Tudo depende também de como cada pessoa reage àquilo. Eu nunca consegui processar direito, só hoje é que estou me curando. Mas eu garanto pra vcs que, enquanto a cura não vem, a vida fica resumida aqueles fatos. Por mais que a gente tente não pensar neles, como por muito tempo eu fiz, todas as minhas ações e atitudes prejudiciais a mim e aos outros eram fruto daqueles anos.


imagem de _Ana_
_Ana_
No PF desde: 19/09/2010

é um assunto tão triste e doloroso que somente ler sobre ele já é desconfortável... por sorte eu nunca sofri abuso e não soube de nenhum que porventura algumas da amigas até depois da adolescência...

quisera eu ser otimista e acreditar que atualmente existem mais denúncias do que aumento dos casos de estupro, mas o que me deixa angustiada é a falta de punição adequada e falta de acompanhando das vítimas...

existem inúmeros estudos que meninos vítimas de abuso , em grande número, se tornarão abusadores... precisam ter esta sensação de controle , de poder...

É necessário notar que 80% dos agressores foram eles mesmos vítimas de abusos no passado, o que não o desculpa de modo algum, mas pode explicar em parte o seu comportamento.

há tantas e tantas consequencias... tanto sofrimento impelido ... tantos efeitos colaterias:

medo, vergonha, impotência

baixa auto estima

abuso de drogas/alcool

fobias

comportamento agressivo

comportamento sexual inapropriado

portanto tratamento e acompanhamento psicológico além de necessário , podem evitar que o círculo vicioso continue.... para que o abusado de hoje não vire o abusador de amanhã...