Me lembrei, recentemente, de uma imagem que eu postei aqui, há algum tempo.

Ela é uma brincadeira, obviamente, mas como é Carnaval e eu não gosto de samba, posso ficar refletindo sobre as coisas.

E esta me veio. Será que nós realmente buscamos a verdade? Será que desejamos realmente chegar ao fundo de cada questão? Ou apenas buscamos os fatos que corroboram nossa impressão inicial? Enxergamos apenas o que queremos enxergar, de modo que o que vemos nos diga que estamos certos, nossa primeira impressão estava correta, e nosso instinto para a verdade é infalível?

Nossa primeira verdade é mais fácil de atingir. Analisamos os fatos diante de nossos olhos, e sobre eles contruímos nossas teses. Construímos nossas verdades. Mas seria a verdade a que chegamos A Verdade? Ou apenas aquilo que se nos parece mais confortável, mais palatável, para o momento.

Será que nós seres humanos somos capazes de tal desprendimento, que nos leve, efetivamente, a sermos imparciais? Será que esta imparcialidade realmente existe?

Eu acho que todos nós filtramos os fatos através de nossas experiências, valores, princípios. Acredito que nossa primeira impressão gera um preconceito(sim, entendo ser esta uma palavra forte), e a partir daí, se quisermos romper com este preconceito, precisamos aprender a nos despir de nossa vaidade intelectual e tentar ver as coisas de forma isenta. Mas será que conseguimos? Será que nós humanos, em geral, temos a capacidade de sermos imparciais? Totalmente imparciais? A ponto de duvidarmos de nossas certezas e nos questionarmos, honestamente, desapaixonadamente?

Vou dar um exemplo mundano. Durante a Copa de 98, eu assistia um debate que rolava na MTV sobre os jogos do Brasil. Para quem não se lembra, nesta Copa o time fez uma campanha impecável(à excessão do jogo contra a Noruega, onde Zagalo cedeu à pressão do Centro do país e escalou um time diferente), até a final. Onde teve uma atuação irreconhecível, e levou uma goleada. Um dos debatedores embasou nesta partida sua tese de que o time do Brasil era horrível. Ora. Durante os outros 5 jogos impecáveis que o Brasil fez, ele não sustentou sua tese. Numa partida que deveria, sob todas as óticas, ser considerada uma exceção, ele disse \"Viu como eu estava certo e este time é muito ruim?\".

Isto me pareceu um caso claro onde os fatos são secundários em relação a uma opinião.

E eu me pergunto: será que todos, em maior ou menor grau, não somos assim também? Não ignoramos o habitual até que o que esperamos aconteça, e nesta exceção, justificamos nossa verdade? Podemos ser menos ou mais sutis, mas no fundo não é exatamente isto que fazemos?

Deixo a questão ao fórum e volto ao meu afastamento.