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Procuramos Realmente a Verdade?
Não existe verdade [totalmente] absoluta. Mas existem histórias contadas versus evidências comprovadas. O que ta sendo desacreditado nos dias de hoje, são as histórias contadas. Porém as evidências também necessitam de uma história verdadeira, ou outra versão mais especifica ou detalhada de um determinado fato.
Por ex:
Nem todo mundo acreditaria que todos os envolvidos no escândalo do mensalão fossem vítimas de perseguição política. Mas sim, que políticos honestos nunca são corruptos.
Situação hipotética:
E se a história do mensalão fosse contada assim:
Histórias contadas - Um empresário denuncia [verbalmente] políticos que aceitaram propina de empreitaras, para campanhas políticas e aprovação de propostas governamentais.
Para defesa dos políticos, ele seria tido como um louco, e estavam sendo perseguidos por políticos oposicionistas.
Para a população, ele teria 50% de ser uma verdade, mas queriam uma comprovação, pois tinham deputados de sua extrema confiança envolvidos, então a população, desacreditaria na versão contada pelo denunciante. FATO!
E o que de fato realmente aconteceu:
História não contada ou Evidencia comprovada:
Foi o que aconteceu, ele não denunciou, mas mostrou o vídeo com todos os envolvidos para que todos assistissem, e tirassem suas próprias conclusões. Depois de mostrado, denunciou.
Ou seja, Evidencias comprovada mudam dramaticamente os fatos das histórias contadas.
Obs: Hoje em dia, as pessoas não acreditam mais em histórias contadas, mas sim, nas suas evidencias.
Caronte, eu ja cheguei na fase do COMODISMO não procuro mais! rsss não to afim, não quero, não vejo necessidade da descoberta, prefiro mentiras sinceras como disse o mauro, quero viver no \"engano\" mas viver cada dia dia a dia Só isso! ;-) :-)
Não existem verdade absolutas.
Esta é uma frase que sempre me divertiu. Pela ironia. Porque esta frase é sua própria negação.
Se não existem verdades absolutas, então esta é uma verdade absoluta. E invalida sua prória assertiva.
Se entendi bem, e não sei se entendi, Caronte, vc fala netse tópico de duas coisas que na minha opinião podem ser bem diferentes. Primeiro, os fatos em si, aquilo que em tese não estaria aberto a interpretações. Segundo, as múltiplas interpretações que os mesmos sugerem de acordo com a perspectiva de cada um, esta sujeita a condicionamentos culturais e valores pessoais. Diante disso, vc sugere diversos exemplos, todos bastante pertinentes, como o caso da policial violentada e a questão do descobrimento da América.
Deixe-me então usar de outro exemplo. Quando os missionários jesuítas e os exploradores portugueses aqui aportaram, um \"fato\" se destacou aos olhos deles causando não só estranhamento, mas condicionando toda a visão posterior a respeito dos \"selvagens\" da América: eles ingeriam a carne de pessoas. Ao invés de buscarem os motivos e as “verdades” intrínsecas a este “fato”, preferiram então classificá-los como bárbaros, primitivos, enfim um povo sem Fé, Lei ou Rei, fatores essenciais da civilziação de então.
Entretanto, havia uma \"verdade\" que os portugueses ignoraram. Nem sempre, comer a carne humana, significava para os índios, ingerir \"alguém da mesma espécie\". O fato de possuir um corpo humano não denotava pertencer a uma condição humana em comum. Hoje se sabe, que no mundo ameríndio de outrora, vigorava a concepção, segundo a qual o mundo é habitado por diferentes espécies de sujeitos ou pessoas, humanas e nãohumanas, que o apreendem segundo pontos de vista distintos. A seguir reproduzo o trecho de um texto de Eduardo Viveiros de Castro, um dos mais renomados antrpólogos da atualidade falando sobre isso.
“Tipicamente, os humanos, em condições normais, vêem os humanos como humanos, os animais como animais e os espíritos (se os vêem) como espíritos; já os animais (predadores) e os espíritos vêem os humanos como animais (de presa), ao passo que os animais (de presa) vêem os humanos como espíritos ou como animais (predadores). Em troca, os animais e espíritos se vêem como humanos: apreendem-se como (ou se tornam) antropomorfos quando estão em suas próprias casas ou aldeias, e experimentam seus próprios hábitos e características sob a espécie da cultura — vêem seu alimento como alimento humano (os jaguares vêem o sangue como cauim, os mortos vêem os grilos como peixes, os urubus vêem os vermes da carne podre como peixe assado etc.), seus atributos corporais (pelagem, plumas, garras, bicos etc.) como adornos ou instrumentos culturais, seu sistema social como organizado do mesmo modo que as instituições humanas (com chefes, xamãs, festas, ritos etc.).”
Para a maioria dos ameríndios, ter um corpo humano e partilhar a condição humana eram coisas diferentes. Pertencer a mesma espécie significava compartilhar não uma \"essência humana\", nem um corpo humano que os assemelhasse, (como disse, o conceito de humanidade é apanágio europeu), mas nascer e morrer dentro de um mesmo clã, compartilhando um mesmo totem.
Por isso, a ingestão de carne humana, tinha um uso ritual usado em duas ocasiões precisas. Na primeira, em caso de guerra ou vingança, ingeria-se a carne do inimigo como forma de homenageá-lo perante seus familiares. Lembrando que qualquer um que pertencesse a um clã vizinho, na visão indígena, já era o suficiente para que este membro não pertencesse a \"mesma espécie\". Assim, depois de morto, comer a carne do inimigo significava em principio ingerir alguém de outra espécie, e também dar por encerrada a situação de vendetta, mas também era a expressão de que as virtudes do morto eram reconhecidas e que ao ingerir sua carne, estava-se ingerindo parte dessas virtudes.
Na segunda situação, a ingestão de carne humana era um rito funerário. Ingeria-se a carne de entes queridos, também como forma de perpetuar e fortalecer dentro de cada membro do clã, os elementos que faziam parte do morto: os laços de parentesco, as afinidades, as virtudes, etc...Lembrando que os mortos se transformam em espíritos após a morte e deixam de partilhar com os vivos uma “essência comum” que os define como humanos.
Por isso, assim como no exemplo dos índios o conceito de HUMANIDADE é colocado em questão devendo ser relativizado, (trata—se de um conceito moderno, europeu e iluminista e neste contexto usado para dominar e inferiorizar), o mesmo eu digo do conceito de VERDADE, igualmente um conceito moderno, balizado em princípio em um paradigma específico ( também usado para dominar e subjugar), o modelo das ciências naturais.
Não é que não existam então verdades absolutas. A questão é que são as visões de mundo que condicionam os fatos e jamais o contrário.
As aulas de história e antropologia são ótimas...rs!
Bem, se eu te mostro uma mão com quatro dedos estendidos, a verdade é que são quatro dedos esticados. Simples e cristalino, pois é um conceito visual muito simples de ser averiguado.
Algo pouco mais complexo do que isso, já é melhor utilizar um pouco de Einstein em tudo....pois, tudo é relativo! Verdade absoluta? Teríamos que achar o dono dela então...sou eu, é você, é o conhecimento herdado?
Comprica!
O que quero dizer com isso também é que não só os conceitos devem ser relativizados como também a verdade mesma, enquanto conceito é uma questão de QUEM PODE DIZER O QUE E EM QUAIS CONDIÇÕES ISSO É DITO. É antes de tudo e na maioria dos casos, uma questão de poder.
Lendo as sempre sábias palavras da Belle, me lembrei de uma frase: \"a história é feita pelos vencedores\". Portanto, é inevitável que a verdade também seja aquela contada pelos vencedores que normalmente são os detentores do poder. Isso pode resultar na seguinte equação:
verdade = história + poder
Se essa é a verdade circunstancial ou a verdade real, eu não sei!
Não acredito em verdades absolutas, mas em impressões pessoais acerca de um fato. Cada indivíduo carrega em si uma série de valores, de preconceitos, e é com base neles que \'verdades\' são construídas - sem mencionar a perspectiva momentânea, claro.