Venho aqui fazer algo que eu tenho feito muito pouco neste site, ultimamente: provocar(no bom sentido).

Recentemente solteiro, coisas novas entraram na minha agenda, como conhecer a mais nova futura ex Sra. Caronte(recém me separei, um certo cinismo é inevitável:)). E comecei a me perguntar: o que teria que ter uma mulher para preencher os requisitos para ocupar tal posto? E, como é de costume, rapidamente, despessoalizei a questão, e a tornei uma proposição a todos: o que realmente nos faz ficar(latu sensu, inclui casamento) com alguém?

Todos nós temos nosso paradigma pessoal do que somos, do que queremos em um(a) parceiro(a). Mas será que este nosso paradigma não é muito mais uma manifestação de nosso esnobismo intelecto-racional? Gostamos de acreditar que a pessoa ideal para nós é inteligente, culta, bem humorada, tem caráter, é querida, etc. E lá, bem pra trás, acrescentamos a atração física, ou seja, a química entre nós e esta pessoa. Mas será que este politicamente correto de nossas intenções se sustenta? Será que, ao fim e ao cabo, não somos muito mais frívolos e superficiais do que admitimos aceitar?

Notem bem, não estou falando de beleza, não em termos absolutos. Se fosse assim, a humanidade seria linda, uma vez que, desde tempos imemoriais, gente feia não se reproduziria(por não encontrar quem quisesse procriar com eles). Porém, gente feia se reproduz. E por que? Porque, como diz o clichê, a beleza está nos olhos de quem vê. Mas será que esta beleza, mesmo relativizada, não é tudo o que precisamos para amar alguém?

Será que todas as minha boas intenções, de encontrar uma mulher que seja inteligente, culta, bem humorada, etc, não irão pras cucuias, e eu simplesmente me deixarei seduzir por uma mulher que seja gostosa e querida? E ela será minha nova musa inspiradora, e não será nada daquilo que eu idealizei, mas eu a amarei devotadamente, ainda assim?

Ou, será que uma mulher, igualmente racional, igualmente vaidosa de seus predicados intelectuais, não se deixará seduzir, e amará perdidamente o colega de trabalho que parece o Tiago Lacerda, é simpático e a olha com aquela cara de \"te quero\"? Mesmo que o filme favorito dele seja Duro de Matar IV, e seu passatempo favorito seja assistir Vale Tudo na TV?

Até que ponto esta nossa racionalidade, da qual tanto nos orgulhamos, consegue domar nosso instinto? Neste sentido, da atração física? Até que ponto deixa de ser esta atração física, sexual, que determina quem amamos ou não?

Porque a verdade é que conseguimos mensurar, racionalmente, inteligência, erudição, bom humor. Mas não conseguimos fazer o mesmo com atração física. A química é a única coisa que não conseguimos explicar. Por que temos com algumas pessoas, e com outras não? Repito, não mera beleza, atração física.

Me lembro de uma música de Oswaldo Montenegro que fala muito bem sobre esta questão do amor. Diz ela: \"Quando a gente ama, simplesmente ama\". O único dos predicados de nossa relação que se explica assim, na base do porque sim, é a atração física. Por associação, não é ela, então, e apenas ela, que determina o amor que sentimos por nossa(o) parceira(a)?

Enfrentem seus demônios, e se perguntem.