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O Racismo nas propagandas!
seg, 27/09/2010 - 16:48
Tive um pequeno insight de post ao abrir o ZH de hoje e acompanhar algumas páginas com maciça publicidade da Rede Zaffari, que parece ser tão cara no imaginário dos gaúchos da Capital (ah, sou do interior)....Mas, a exemplo da forte campanha deflagrada na televisão também, fico meio chateado que o cast de modelos continua o mesmo para esse anúncios: brancos, brancos e mais brancos. Famílias sorridentes com luminosos olhos azuis se emocionando por um corte macio de carne, senhoras e senhores \"suecos\" em transe hipnótico por algum legume fresco, adolescentes brancos no esplendor da beleza e saúde antenados com aquele pãozinho quentinho do Zaffari.
Claro que estou utilizando um tom meio de deboche, mas realmente é triste esse seleção \"família-feliz-branca com linda casa na praia\" que parece que constitue-se no único segmento que a rede varejista valoriza.
Se isso incomoda a mim, que sou \"oriundi\", imagino que a população negra e parda - que são maioria no país - também se sinta ressentida por tal desprezo.
Os bancos fazem o mesmo a nível nacional, as cervejarias também...mas um Estado que construiu muito da sua identidade forte e guerreira baseado também na participação dos negros nas revoluções - quem ignora os lançeiros negros, mitos nas palavras do próprio Garibaldi - não deveria incorrer a tal erro histórico.
seg, 27/09/2010 - 17:13
#2
Pois é Belle, é \"fenômeno\" antigo, mas será que vamos amadurecer a idéia quando?
E o fato de ser um padrão estético de proporções globais não serve de consolo...
A tal era de aquário não chegou para aquela cantora negra do famoso clip no Central Park...temos muito o que evoluir.
Dez seu depoimento, muito esclarecedor!
seg, 27/09/2010 - 17:16
#3
Até porque se há um padrão geral \"chicano\", este é feito de índios, morenos e negros. Isso é hegemônico.
Mas no mundo da moda, vira e mexe, há a ascesão de modelos negros lindissimos. Ou, nem tão lindos assim. Procure pela Alek Wek, uma sudanesa que virou top model...Mas isso para mim é apenas uma modinha dentro da moda...
seg, 27/09/2010 - 17:18
#4
Ah, e lembrei que agora estão na moda as modelos plus size, mais gordinhas. Mas só esta categorização já mostra que estão fora dos padrões vigente...Então as modelos anoréxicas deveriam ser chamadas under sizes...
seg, 27/09/2010 - 17:42
#5
Gulherme, nesse caso pontual, o target das campanhas do Zaffari é classe AB. Eles definiram esse público-alvo, por ser um hipermercado que vende também serviços e não bate muito em preço.
Mas isso é bem comum em vários segmentos, até nas novelas da Globo a população mais pobre tem casas ótimas, bons carros, ou seja, o povo não quer ver pobreza, às vezes, a maioria nem quer se ver representada ali.
Li sobre uma pesquisa de como as mulheres se sentiam vendo anúncios com modelos gordinhas e a maioria se sentiu desconfortável.
Eu como consumidora detesto aquelas propagandas de carro que retratam as mulheres como marias-gasolina. Teve até uma que o carro parava num sinal e a mulher que estava na carona, trocava para o carro do anúncio porque este dava mais status.GRRRRRRRRRRRRRRR
E, também, aquelas propagandas de cerveja que mostram que os bebedores de boteco se tomarem a cerveja certa, vão pegar a gostosona que está em trajes sumários passeando por ali.
Trabalho com mkt e não sei de onde tiram estas ideias geniais.
seg, 27/09/2010 - 18:02
#6
Quote:
Li sobre uma pesquisa de como as mulheres se sentiam vendo anúncios com modelos gordinhas e a maioria se sentiu desconfortável.
Marianna,
Poderia me passar algum link com esta pesquisa? Me interessa muito. bjs
seg, 27/09/2010 - 18:03
#7
Quote:
Se isso incomoda a mim, que sou \"oriundi\", imagino que a população negra e parda - que são maioria no país - também se sinta ressentida por tal desprezo.
Qdo eu era pequena, até achava que a maioria no país era branca por causa disso, até os meus 9 anos, por aí. Daí passava umas coisas mexicanas na TV e novamente achava que era quase tudo (99%) branco!
Quote:
Pois é Belle, é \"fenômeno\" antigo, mas será que vamos amadurecer a idéia quando?
E o fato de ser um padrão estético de proporções globais não serve de consolo...
Concordo! Ficam usando isto de desculpa!
Quote:
Ah, e lembrei que agora estão na moda as modelos plus size, mais gordinhas. Mas só esta categorização já mostra que estão fora dos padrões vigente...Então as modelos anoréxicas deveriam ser chamadas under sizes...
Nossa, que esperta, é mesmo!!! Deveriam.
seg, 27/09/2010 - 18:06
#8
Belle, também li essa pesquisa da Marianna. E eu acho que era no Terra ou no ClickRBS.
Ainda tô de cama. :( Foi violenta a coisa. Mas tô melhor.
O que eu tenho a dizer é: em uma sociedade não só capitalista, mas PÓS-capitalista (10X mais capitalista), o negócio é VENDER. E o que vende é o que é bonito.
seg, 27/09/2010 - 18:10
#9
Isso mesmo Dame acho que foi no ClicRbs
seg, 27/09/2010 - 18:14
#10
\"E o que vende é o que é bonito.\"
O problema é que não são só brancos que são bonitos (ainda mais de olhos claros, acho feio, pessoalmente), mas eu vi uma pesquisa onde muitos negros nem queriam se ver retratados na TV. oO
Triste isso. Eles crescem com esta mensagem de que não são tão bonitos como os branquinhos de cabelos mais claros e lisos e internalizam isto! Não deveriam.
Nossa, Gulherme, excelente post!
Como não sou do sul, tive que ir no site do Zaffari para ver... Sua percepção está completamente certa. Mas eu acrescentaria que a questão é mais embaixo e ultrapassa a questão dos regionalismos.
Por mais que estejamos em uma sociedade plural, que supostamente prima pela diversidade, o fato é que hegemonicamente os padrões de beleza seja na moda ou mesmo na publicidade são ainda \"arianos\". A moda, porque se pauta em padrões internacionais de medidas (logo, no Brasil, o melhor lugar para se encontrar loiras, brancas e altas é aí no sul; vcs daí devem saber melhor que eu). A publicidade, igualmente, porque muito embora discursivamente prime pela diversidade, ainda é balizada por padrões \"higienicistas\"...
E acaba se utilizando de pessoas \"fora destes\" padrões somente se houver demanda...Claro que isso não é regra e dizer que somente brancos vigoram nas propagandas seria exagero de minha parte. Mas digamos, que modelos não hegemonicos podem ser encontrados mais em revistas e locais especializados (como a Raça Brasil) do que no geral. Para vc ter idéia em uma agencia de modelos bem renomada, em um casting formado por 100 modelos, apenas 3 serão negras. Isso o proprio agente me falou. Segundo ele,o próprio \"mercado\" (ah, esta mão invisível que justifica tudo!) não está preparado para lidar com mais de 3,4 modelos negras.