FEMINISMO (textos em geral)

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_Ana_
No PF desde: 19/09/2010

achei oportuno abrir um tópico para postarmos textos sobre o feminismo... em um fórum feminino...

por vezes o texto não irá render um debate para abrir um tópico só para ele, mas vale pela informação...

estejam a vontade para contribuir.... não sou uma feminista militante, mas gosto do assunto... começo com um bom texto que explica as diferentes vertentes do feminismo atual:


Quote:
Feminismos, neofeminismo e a luta pelos direitos das mulheres

Há pouca informação sobre as vertentes do movimento feminista e sobre seus posicionamentos em relação aos conceitos e direitos em disputa. Essa ausência de informação é agravada por movimentos neofeministas e pós-feministas, que muitas vezes defendem uma limitação de direitos em nome das mulheres

Por Cynthia Semíramis

É bastante frequente a divulgação na mídia de novos grupos ativistas que supostamente reinventaram a causa. Normalmente se declaram neo ou pós, acrescido do nome do movimento, ou então são nomeados assim por jornalistas para trazer ares de novidade à matéria.

Diferenciar-se do antigo, reinventar nomes e classificações, é uma estratégia de divulgação que pode ser interessante para o grupo se destacar e receber atenção e novas filiações. Afinal, acreditam, é melhor ser visto como alguém que faz algo inovador do que ser mais um na multidão que segue a linha antiga. Porém, esse tipo de rotulação, na maioria das vezes, esconde questões políticas e ideológicas que podem ser mais conservadoras e arbitrárias do que as do movimento do qual tentam se desvincular.

Especialmente em relação ao feminismo isso ocorre com frequência. É bastante comum que novos grupos feministas sejam divulgados como neofeministas ou pós-feministas, mas essa classificação não sobrevive quando se analisam suas práticas e quais direitos defendem. Pode ocorrer de suas ideias já se encaixarem nas vertentes teóricas feministas existentes, havendo apenas uma mudança no método de atuação. Também é possível que suas ideias sejam na verdade um machismo disfarçado, regulando e limitando a vida das mulheres.

Nem todo movimento de mulheres é feminista

A primeira observação a ser feita quando se fala de feminismo é que nem todo movimento de mulheres é feminista. Elas podem se associar para lutar por uma causa em comum que nada tem a ver com mulheres, ou que não interfira nos direitos das mulheres. Mulheres que lutam contra a carestia/inflação (como as fiscais do Sarney na década de 1980) não estão lutando pelos direitos das mulheres. Poderiam questionar por que a responsabilidade por alimentar a família é somente da mulher, mas não o fizeram: sua luta é por uma mudança que interfere em seu cotidiano, sem questionar seu papel na sociedade.

Há também os movimentos antifeministas, que procuram restringir os direitos das mulheres, como é o caso das militantes contra o aborto ou contra a prostituição. Também é o caso dos grupos que defendem que as mulheres têm o direito de votar, mas que não devem se candidatar porque o seu papel na sociedade é ser mãe e rainha do lar – e qualquer atuação política significaria a negação de sua feminilidade. É bastante comum que esses movimentos, normalmente vinculados a setores de direita, se intitulem feministas (porque falam de direitos das mulheres) ou neofeministas (porque pregam um “feminismo” de retorno aos papéis tradicionais). Mas são movimentos antifeministas porque não respeitam a vontade das mulheres, procurando cercear seus direitos e sua liberdade de escolher o que é melhor para suas vidas.

Para se afirmar que um movimento é feminista, é necessário que ele seja um movimento que procure questionar o papel das mulheres na sociedade e que atue para ampliar os seus direitos. Cabe lembrar que historicamente as mulheres foram consideradas juridicamente incapazes e subordinadas aos homens. O que o movimento feminista faz é lutar para que as mulheres obtenham os mesmos direitos que os homens já têm desde o início do século XIX. Para fazer isso, é necessário que haja uma mudança jurídica que proporcione a igualdade de gênero. Porém, os posicionamentos ideológicos dos grupos feministas variam, produzindo resultados diferentes em relação aos direitos das mulheres.

Os feminismos sob a ótica jurídica

As tendências teóricas jurídicas sobre o feminismo podem ser resumidas em quatro grupos distintos: feminismo liberal, feminismo da diferença, feminismo da dominação e feminismo pós-moderno.

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O feminismo liberal considera as pessoas como autônomas e enfatiza valores como igualdade e racionalidade: homens e mulheres são seres humanos e igualmente dotados de razão, por isso devem ter as mesmas oportunidades e direitos iguais. Como historicamente as mulheres tinham menos direitos que os homens, o feminismo liberal procura corrigir isso lutando para que a categoria mulher obtenha os mesmos direitos que a categoria homem (entendida como o modelo jurídico por excelência), obtendo-se a igualdade jurídica.

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O feminismo da diferença, ou feminismo cultural, considera que a igualdade na forma da lei não é suficiente, pois há características que tornam homens e mulheres diferentes. Essas características são invisibilizadas pela presunção de neutralidade de gênero das leis que regem a igualdade jurídica. Para que o Direito não prejudique as mulheres, é necessário reconhecer essas diferenças e tratar as pessoas respeitando as diferenças biológicas e culturais entre homens e mulheres.

O feminismo da diferença também recebeu contribuições de outros grupos, especialmente feministas negras e feministas lésbicas, caracterizando o reconhecimento da diversidade. A crítica geral é que o termo “mulher”, aplicado de forma genérica, se refere à mulher branca cisgênera heterossexual de classe média/alta, encobrindo diferentes recortes como orientação sexual, raça/etnia, geração e classe social. Cisgênero, aqui, é o termo que designa a pessoa que se identifica com o sexo ou gênero que lhe foi atribuído no nascimento; transgênero é o termo para quem não se identifica com essa atribuição. Para contemplar as experiências específicas das mulheres que não pertencem ao genérico e limitador “mulher” no singular, passou-se a estudar a diversidade de mulheres e a intersecção entre essas experiências.

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Em casos concretos, a abordagem do feminismo liberal e a do feminismo da diferença são bem distintas. Na gravidez, por exemplo, feministas liberais consideram que o tratamento a ser dado é o mesmo de quadros de deficiência física ou mental, mas em caráter temporário. As feministas da diferença consideram que a gravidez é uma situação que diferencia homens e mulheres, visto que ocorre somente em mulheres, e que por isso merece política de proteção específica que realce e valorize essa diferença.

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O terceiro grupo é o do feminismo radical, ou teoria da dominação. Ele analisa a situação das mulheres na sociedade com base na concepção de que a discriminação que as mulheres enfrentam é causada pela dominação masculina. A sociedade é patriarcal, sendo mantida por instituições sociais e jurídicas que legitimam uma relação de dominação: os homens são privilegiados e as mulheres são subordinadas a eles. É uma vertente teórica que trouxe muitas inovações, como a percepção do caráter masculino do Direito (ao afirmar que as leis são criadas por homens cisgêneros brancos e ricos para atender a seus interesses), além de mudanças no tratamento da violência contra mulheres cisgêneras, sendo responsável pela criação de legislação sobre o assédio sexual. Sua intersecção com o marxismo fundamenta os movimentos feministas anticapitalistas.

Porém, por mais influente que o movimento do feminismo radical possa ser, ele também recebe críticas por ter um viés muito conservador em relação à sexualidade. Ao entender que as mulheres são sempre vítimas, posicionam-se contra a pornografia e a prostituição, procurando aprovar uma legislação antipornografia e proibir a prostituição (ao invés de legalizá-la para acabar com o estigma da profissão, como querem as prostitutas). Em casos mais recentes, procuram também regular o comportamento masculino ao pretenderem criminalizar o cliente da prostituta.

Essas posturas se aproximam do discurso antifeminista de direita, que julga o comportamento das mulheres em relação à moral e aos bons costumes, dividindo-as entre as não prostitutas, que têm direito a voz e opinião, e as prostitutas, vistas como pobres vítimas que não reconhecem a própria opressão e que, por isso, têm opiniões distorcidas, precisando ser tuteladas. Obviamente, trata-se de um absurdo: regular as escolhas e sexualidade alheia não melhora em nada os direitos e a situação das mulheres. Muito ao contrário, limita sua liberdade, retira a proteção estatal e aumenta os riscos e problemas enfrentados pelas mulheres que trabalham com pornografia e prostituição.

O feminismo pós-moderno questiona e desconstrói os conceitos modernos relacionados a sexo, gênero e sexualidade ao considerar que esses conceitos não são neutros, mas construções sociais usadas para transmitir e manter hierarquias e papéis de gênero. Aqui não se fala somente em mulheres, mas em relações de gênero e construção/desconstrução de identidades. A heteronormatividade e o binarismo homem-mulher também são questionados, abrindo espaço para outras construções sociais que não se limitam aos papéis tradicionalmente atribuídos a homens ou mulheres e definidos de forma estanque, como feminilidade ou masculinidade.

A atuação jurídica dessa vertente subverte completamente conceitos arraigados. Questiona-se a neutralidade do direito pelo fato de a lei incorporar valores religiosos (desrespeitando o Estado laico) para restringir direitos de mulheres, homossexuais e transexuais. Critica-se o casamento como um contrato de união de apenas duas pessoas heterossexuais (por que não mais de duas?), bem como a impossibilidade de casamento e adoção por homossexuais. Ao questionar a definição do conceito mulher (em oposição a homem) e lembrar que se trata de uma construção calcada em um binarismo biológico que não é neutro, discute papéis de gênero e critica fortemente o tratamento jurídico concedido a quem não se enquadra nesse modelo binário e excludente, como é o caso da incorporação de duvidosos conceitos de masculinidade e feminilidade adotados pela medicina para patologizar transexuais e negar-lhes direitos.

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Novos métodos para lidar com velhas reivindicações

Nota-se que o feminismo, tal como é genericamente descrito, não dá conta de abarcar todos esses grupos teóricos. Como dentro desses grupos há subgrupos com demandas e críticas específicas, torna-se óbvio que não estamos falando de feminismo, mas de feminismos.

Em todas essas vertentes, está nítido o interesse em manter e ampliar os direitos das mulheres, cisgêneras ou transgêneras, possibilitando a elas uma vida com menos amarras, com menos intervenção estatal para restringir seu cotidiano.

As pautas parecem mudar, mas no fundo estamos falando do mesmo movimento feminista. Ele se adaptou para acompanhar as mudanças advindas dos direitos conquistados. Não se luta mais para obter o direito de voto para mulheres, mas para ampliar a participação das mulheres na política, visto que elas são 52% da população, mas menos de 10% no Congresso Nacional. Não se luta mais para que a mulher tenha o direito de guarda dos filhos (que no século XIX era exclusiva do marido) ou pelo direito ao divórcio (obtido em 1977), mas pela liberdade de romper um relacionamento e pela coparticipação dos responsáveis na criação e guarda dos filhos.

E há pautas que continuam as mesmas, e são mantidas pelo movimento feminista, como as relacionadas à igualdade de salários (a desigualdade já foi de mais de 50%; hoje, mulheres recebem 30% a menos que homens), à violência e à liberdade sexual. Nos anos 1970 e 1980, as feministas afirmavam “quem ama não mata”; hoje a Marcha das Vadias mantém esse slogan e acrescenta “se ser livre é ser vadia, então somos todas vadias”. Em ambos os exemplos, a discussão é sobre o desrespeito à vontade das mulheres, que ainda são assassinadas porque não quiseram continuar um relacionamento afetivo. O enfoque mudou para reforçar o direito da mulher a escolher seus relacionamentos, mas a luta pela liberdade das mulheres é a mesma.

Os métodos de atuação dos grupos se modificam, mas a preocupação com os direitos das mulheres se mantém. Se antes a luta era por meio de mobilização para mudança legislativa e passeatas, hoje foi ampliada para incluir a intervenção em políticas públicas, diversas formas de comunicação (inclusive via internet) e passeatas caracterizadas pela ironia e irreverência.

Quando se fala de feminismos e de uma nova geração feminista, é necessário atentar para os direitos que estão sendo discutidos. Se é uma restrição, relegando as mulheres ao papel tradicional de símbolo sexual, mãe, esposa e dona de casa, trata-se de um movimento antifeminista, e não há rótulo como neofeminismo ou pós-feminismo capaz de modificar o fato de que estão limitando as possibilidades de vida para as mulheres. Se são usados novos métodos para velhas reivindicações, ampliando e consolidando direitos, estamos falando do movimento feminista. O mesmo que, desde o início do século XX, luta para melhorar a vida das mulheres, ampliando seus direitos e suas possibilidades de escolher o que é melhor para sua vida.


http://revistaforum.com.br/blog/2012/11/feminismos-neofeminismo-e-a-luta-pelos-direitos-das-mulheres/


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Nary
No PF desde: 20/08/2008

Interessante..


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alice55/RJ
No PF desde: 01/06/2009

Rsrsrsrsrs...

E o machismo? Parece-me que é o mesmo desde sempre, sem sub-classificações ou idiossincrasias.

Em relação a "novidade", surgiram critérios para diferenciar o macho alfa do metrossexual, me parece.


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_Ana_
No PF desde: 19/09/2010

o machismo não é um movimento, Alice...

aliás o machismo é a teoria.... a prática é chamada de misoginia....


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alice55/RJ
No PF desde: 01/06/2009

Obrigada pela correção, _Ana_.

Muitas pessoas simplesmente defendem uma causa ou se auto-classificam militantes de determinado movimento, mas sem saber sua origem, suas ideologias, seus objetivos, etc.

Esse tipo de informação e esclarecimento é sempre bom.


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kvet
No PF desde: 05/06/2010

Quote:
Há também os movimentos antifeministas, que procuram restringir os direitos das mulheres, como é o caso das militantes contra o aborto ou contra a prostituição


Ontem tive uma "discussão" com a Ana no meu face sobre feminismo. E eu disse que ando de saco cheio delas. E ando mesmo.

Eu sou radicalmente contra aborto e prostituição. E aí, sou machista por isso? Sou machista pq acho que um embrião é uma vida e não pode ser assassinado pela mãe (logo por quem!!)? Sou machista pq acho que a prostituição é degradante? Justamente quem tanto prega contra a erotização da mulher só para servir o homem é a favor da legalização da prostituição?!!

Então para elas devo ser mesmo. Embora não concorde e eu de verdade nunca me sinta assim. Mas tudo são pontos de vista.


Assim como caras machistas, as feministas de carteirinha andam torrando a minha paciência.

Não sou feminista e não quero jamais esse rótulo. Me dá ideia de um ser intransigente que acha que no mundo existe somente um lado, aquele que elas precisam atacar, se baixarmos a guarda qualquer zé mané nos enrola. Afinal, ou somos FEMINISTAS ferrenhas ou somos doces donzelas ingênuas na mão de lobos maus.

Que saco!! Na verdade, que porre!!!


Não sou feminista e não sou ingênua. Sou um ser humano que exige respeito. Se qualquer outro ser humano não agir assim, seja homem ou mulher, eu tomarei providências quanto a isso..

Além das feministas chatas, outra coisa que me dá ganas de bater até a pessoa virar um mingau é mulher machista. Taí duas espécies que andam me dando ânsias de vômito.


Gosto de gente que é sincera, é justa, e principalmente não separa o mundo por homens e mulheres, junta tudo e encara todos como seres humanos.

Nem as feministas e nem os machistas fazem isso. Para o primeiro grupo a mulher pode tudo e ela sempre é vítima de um pobre machão das cavernas, o outro lado pensa que toda mulher é interesseira, traidora e mentirosa.


Sou a favor do casamento entre homossexuais não pq sou feminista, mas pq acho que o que não incomoda terceiros, cada um tem o seu direito. Mas sou contra o aborto pq o corpo é da mulher mas a vida ali dentro não é sua. Mais ou menos como, meu direito termina quando começa o do outro.

Não preciso, no meu entender, levantar bandeiras para dizer que serei sempre a favor de que cada ser humano na Terra tenha o direito de fazer o que bem entender da sua vida, desde que isso não prejudique ou constranja ninguém.

Como disse, apoio totalmente a união homossexual, mas não me sinto bem, como já aconteceu uma vez, chegar em um cinema e me deparar com dois caras quase transando na última fileira. E é EXATAMENTE a mesma sensação e pensamento quando vejo um casal hetero fazer isso. Quer transar? Está morrendo de t.e.s.ã.o? Vá para casa, vá para um motel, lugares públicos não são feitos para isso.

A sexualidade não me constrange, exposição pública em demasia sim. Seja ela que tipo for.


Algumas vezes sou careta, sou conservadora demais e assumo isso sem problema nenhum. Mas me esforço diariamente para dar a todos a liberdade de escolha com responsabilidade que eu quero para mim.

Enfim, sou um ser humano, sem especificar gênero nesse caso.


Andar detestando feministas chatas não me faz uma machista, e odiar machistas reacionários não me torna uma feminista. Sou somente um ser humano, cheio de erros e alguns (bons, acredito eu) acertos e escolhas.


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BestaMor
No PF desde: 16/08/2011

Um movimento contrário a opressão não necessita, não DEVE, ser instrumento de opressão a ninguém, nem mesmo ao seu suposto "opressor".

A História mostra que muitas vezes grupos que dizem representar oprimidos só estão interessados no poder pessoal, não na coletividade.

Isso quando ainda pensam no interesse do próprio grupo, pois podem até mesmo trair o movimento. Ou alguém acredita que são os "trabalhadores" que estão no poder agora?


"Sou machista pq acho que um embrião é uma vida e não pode ser assassinado pela mãe (logo por quem!!)?"

"Sou contra o aborto pq o corpo é da mulher mas a vida ali dentro não é sua."

"Andar detestando feministas chatas não me faz uma machista"


Uauuuu, (choquei) bem vinda ao clube, Kvet


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fiorella
No PF desde: 28/03/2011

Kvet, até eu, que me considero feminista, detesto algumas outras feministas. Concordo com a questão do aborto. Aliás, pra acrescentar, sou favorável à sua legalização, mas, levando em conta o ato em si, sou contra. Assim como sou contra muitas outras coisas que prega o feminismo.


Só fico chateada com essa imagem que o movimento tem, de que as mulheres querem, sei lá, dominar os homens, o mundo, e de os homens são detestáveis. Justamente por acompanhar alguns textos e comentários que vi que não é bem assim.


Quote:
Não sou feminista e não quero jamais esse rótulo. Me dá ideia de um ser intransigente que acha que no mundo existe somente um lado, aquele que elas precisam atacar, se baixarmos a guarda qualquer zé mané nos enrola. Afinal, ou somos FEMINISTAS ferrenhas ou somos doces donzelas ingênuas na mão de lobos maus.


O problema é justamente esse, polarizar as coisas. Claro que não precisa levantar a bandeira, aderir ao movimento. Isso vai da escolha de cada um. O que me incomoda é justamente o "rótulo sobre o rótulo": de que a maioria das feministas são chatas, assim, assado... eu vejo de outra forma. Muitas são chatas mesmo, e posso estar dizendo um monte de clichês, mas todo o movimento tem seus chatos. Acho que é como escolher uma religião, sei lá... tipo, me considero espírita, mas isso não me impede de questionar o que certos líderes ou certos autores da religião afirmam.


Eu me considerava uma feminista das mais "brandas", mas, segundo o texto, sou radical, kkkkk.


Quote:
Um movimento contrário a opressão não necessita, não DEVE, ser instrumento de opressão a ninguém, nem mesmo ao seu suposto "opressor".


O problema é que muitos homens, seja por ignorância, seja por terem sido criados assim, sentem-se "oprimidos" quando não podem mais exercer seu poder sobre a mulher. Um exemplo que dou é da cantada: quando muitas mulheres começaram a expor suas insatisfações em relação a isso,dm fóruns e grupos do facebook, muitos homens fizeram reclamaram dizendo que somos exageradas e queremos "acabar com o flerte". Ora, flerte? Esse é o último objetivo de um homem em uma cantada.


O mais difícil para o feminismo acho que nem é a conquista de direitos (tipo licença maternidade, ou Lei Maria da Penha). O maior problema é da postura da sociedade perante as decisões e, principalmente, a sexualidade da mulher. Falo de mudança de pensamento. E não falo de prostituição ou dessa enxurrada de exposição que vemos por aí, mas de coisas mais cotidianas, como a tal "pornografia de revanche", onde as mulheres são massacradas, enquanto os homens nunca são questionados igualmente. =\


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_Ana_
No PF desde: 19/09/2010

comecei postando o texto acima justamente porque englobam as feministas em um baleio só.... e não é assim... aliás como bem demonstrado existem vários movimentos que de feministas não tem nada... como o FEMEN por exemplo, que mesmo dizendo que não é feminista, pessoas sem o conhecimento ou ardilosas frequentemente usam as manifestações transloucadas delas para criticarem o feminismo....


o que motivou a abrir o tópico é que agora tudo virou culpa das feministas....

o texto que originou o debate, entre Kvet e eu, demonstra justamente isto... ( https://www.facebook.com/photo.php?fbid=260714810753691&set=a.211170462374793.1073741826.211155799042926&type=1&theater ) a super exposição das pessoas agora é culpa do feminismo? me apontem uma feminista de verdade que apoiou o ínicio disto tudo quando estreou o Big brother ou quando o facebook foi criado para avaliar as colegas de Harvard...

Ahhh mas alguns dirão que é a falta da educação/estrutura familiar, que apoiadas pelo feminismo as mulheres saem para trabalhar fora e não educam bem seus filhos... e eu pergunto: e cade o Pai? São filhos de chocadeiras? como sempre é culpa da mulher não importa o que ela faça ou deixe de fazer...

sim as feministas apoiam a liberdade sexual feminina, mas o que se vê muito por aí é o ‘machismo às avessas’ nada a ver com o defendido pelo movimento....


quanto a prostituição , seja por dinheiro, por favores ou casamentos arranjados, é mais do que sabido a enorme luta das feministas no mundo inteiro para acabar ou pelo menos diminuir os efeitos colaterais .... e se algumas destas pseudo-feministas acham que a prostituição é um 'direito da mulher' direi: novamente não coloquem todas feministas no mesmo baleio....

adoraria que não precisássemos de direitos específicos para mulheres, negros , gays ou outros grupos que sofram preconceitos diários e lamento que a luta feminista canse ou que algumas cometam excessos , aliás bem natural já que o movimento continua se desenvolvendo e englobando novos objetivos a cada dia .... mas quando leio diariamente notícias como esta: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/sus-atende-26-vezes-mais-mulheres-vitimas-de-violencia-do-que-homens tenho certeza que a luta deve continuar não importa o quanto alguns acham chato ou que eu nunca tenha sido vítima de abuso, agressão física ou cerceamento dos meus direitos como tantas e tantas mulheres....


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_Ana_
No PF desde: 19/09/2010


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No PF desde: 28/03/2011

Pois é, Ana, eu também fico chocada com alguns grupos extremistas como o Femen (que me parece mais ser um feminismo mascarado), ou quando leio textos dizendo que todas as feministas deveriam ser lésbicas, do contrário, estão "traindo o movimento" (acredite, já li uma barbaridade dessas... se eu achar, um dia desses eu posto aqui).


Quanto à prostituição, não tenho uma opinião formada... é uma questão delicada, pois, por mais que algumas mulheres o façam porque escolheram, é evidente que a maioria das mulheres são prostitutas justamente por não terem escolha.


Mas, independente de quantas chatas ou não hajam nesse meio, ainda penso que é um movimento importante, sim, justamente pro notícias como esta que acabaste de postar, e por tantas outras barbaridades das quais tomamos conhecimento por aí... como a cultura do estupro, ou a repressão da sexualidade feminina... ou até mesmo por coisas aparentemente mais simples, como achar que uma mulher que não se casou é uma coitada ou fracassada...