Eu não sou contra o movimento, embora, de verdade, não quero ser conectada a ele por não concordar principalmente com questões como aborto.

O que eu tentei escrever foi sobre a minha insatisfação com o grau de fanatismo e distorção de algumas (ou alguns segmentos).

Por isso, via de regra, não gosto de bandeiras . Elas acabam virando regras rígidas para uma população imensa.

Vou dar um exemplo meu:

Tive um namorado paulistano e estava no comecinho do doutorado. Nenhuma hipótese de me mudar de POA. Não pq eu não quisesse, pq eu não podia.

A coisa acabou descambando pela distância e tal.. Mas se eu pudesse, se eu não tivesse meu compromisso aqui eu teria ido. Com ou sem emprego. Teria vivido às custas dele por um certo tempo? Sim, teria. E isso não incomodava nenhum dos dois.

Me lembro de uma colega de doutorado me olhar horrorizada e dizer: mas tu viveria com o dinheiro de um homem? A vida inteira absolutamente NÃO, por um certo tempo e por circunstâncias, SIM.

A partir daquele dia ela passou a me olhar com ar de "nossa, como pode uma pessoa com o nível cultural dela pensar isso" e de uma certa maneira a me discriminar.

Não preciso dizer que no seu face ela segue 2555 tópicos de feministas. É uma radical "extremista ao extremo".

Ora faça-me o favor!! Não devo nada para ninguém, ninguém tem nada a ver com minhas escolhas e não aceito ser discriminada por algo que não muda a vida de ninguém a não ser a minha e do meu parceiro.

Estou na verdade me lixando para o politicamente correto.

Poderia ter dado errado e eu voltar para POA com uma mão na frente e outra atrás? Poderia, assim como qualquer relacionamento pode dar certo ou errado. Viver um certo tempo, que poderia ser poucos ou muitos meses, com o dinheiro dele, na casa dele não determinaria o rumo da relação. Não para mim e nem para ele. O resto da humanidade não sei, e nem me interessa, mas a nós dois não.

Não estou dizendo que isso seria norma em todas as minhas relações. Não sei como seria com outro cara, se me sentiria tão segura quanto a isso como me sentia naquele relacionamento. Cada relação tem a sua dinâmica,

Da mesma forma é pagar a conta. já paguei fins de semana inteiros com namorados e já amei que me pagassem um jantar.

Aaah, sei lá.. depende do momento da relação, depende do outro e depende do meu estado de espírito.

Pq não posso pagar algo para quem está comigo e não posso em alguns momentos aceitar que me paguem? Ou dividir?

Não tenho obrigação nenhuma quanto a isso. Via de regra eu gosto de dividir. Mas gosto de outros arranjos também.

O que não aceito e não gosto é de radicalismo. O querer decidir com meia dúzia de soluções prontas como deve ser o comportamento de milhões de seres diferentes. Me agrada a ideia de não ser inflexível com algumas questões.

Eu tenho ideias ultra conservadoras, algumas nem tanto e outras mais liberais do que eu supunha um dia.

Insisto em dizer, não sou feminista, não sou machista, sou um ser humano que em cada situação enxerga aquilo que sente. Não me sinto na obrigação de me policiar. Pouco me interessa o conceito se eu me sinto bem com aquilo.