Feminismo pra quê?

146 respostas [Último]
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annebonny
No PF desde: 07/01/2010

Maria.C, não estou decepcionada, pelo contrário, fico feliz ao ver que muitas pessoas defendem o que eu defendo, só não se dão conta disso por não estarem abertas aos meus argumentos! Por acharem muito radicais ou sei lá o que...


Sobre o assunto de \"vender posicionamento\", como eu falei anteriormente, devemos nos solidarizar com as minorias. Se o negro tá com uma camiseta escrita Orgulho Negro, um branco ao invés de focar no \"seu direito\" de usar uma camiseta escrita Orgulho Branco, deveria pensar nos motivos do negro usar uma camiseta daquela. No que esse negro passa somente por ter nascido negro.


\"Como uma sociedade dominada pela intolerância tem uma mulher no poder?\"


Uma mulher está no poder mas a sociedade é intolerante ainda. Prova disso é o preconceito que ela sofreu durante a campanha por diversos motivos: por ela ser gorda, por não ser casada, por ela ser feia, por andar como um \"homem\", etc. Ninguém irá falar que não a quer no poder por ser mulher, irão colocar outros motivos mais sutis, aos olhos menos treinados, menos preconceituosos.


Assim acontece com os gays, não existe homofobia, mas mais de 150 gays são mortos por ano. Ao mesmo tempo que a mídia faz piada e cria esteriótipos para homossexuais. Ao mesmo tempo que ser chamado de \"viado\" é um insulto. Ao mesmo tempo que a masculinidade tem que ser mostrada 100% do tempo. Tudo coincidência? Acho que não...


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Manela
No PF desde: 05/01/2010

Bem meninas, confesso que só li a primeira página, mas imprimi para ler mais tarde..

Muito bom o debate!


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Belle,


Já falamos sobre essa questão da identidade feminina e aquele debate incial me fez refletir muito a respeito. Cheguei a uma conclusão ainda mais triste que a sua. NÃO EXISTE O FEMININO. De repente me dei conta de que esse é mais um fator de divisão entre as mulheres. Não aceitamos o que nos une em prol de sub-divisões ou de parâmetros restritos. Na medida em que não conseguimos identificar o modus operandi feminino, então ele não existe, é isso?


Eu acho que estamos nos prendendo a substantivos enquanto deveríamos pensar em adjetivos. Não se trata do que é homem e do que é mulher, mas sim do que é masculino e do que é feminino, independente de gêneros.


Um exemplo: se um homem é mais vaidoso do que a média masculina, então ele se identifica com o modus operandi feminino no imaginário popular. Ok. Perfeito. Encontramos aqui um identificador feminino, mas não o aceitamos. Porque a vaidade é fútil, é superficial, é inferior. FOR GOD SAKE! Por que subestimamos tanto esse nosso modo? Por que diabos queremos tanto que o nosso modo seja o masculino, aquele que considera a vaidade um valor menor?


Eu sei, é um exemplo tosquinho, mas é por aí que começa a identificação feminina. O que é nosso? O que faz parte da nossa esfera de atitudes e valores? Não vem ao caso se esses são abarcados por homens, mulheres, gays ou lésbicas. A adjetivação está além dos subtantivos. Eu posso ser uma mulher que se identifica e até mesmo defende o m.o. masculino. Um homem pode se identificar e até mesmo defender o m.o. feminino. Não se trata de gênero.


Gays já se tocaram disso e defendem seu modus operandi com unhas e dentes, sem se importar se esse está sendo assumido por gays, héteros, bis ou o diabo a quatro. É o modo deles. E por conta da nossa \"picuinha interna\", dessa nossa recusa em nos aceitar diferentes, estamos perdendo espaço.


Entre as mulheres, nos prendemos demais a detalhes, a especificidades que deveriam ser secundárias. Mulheres casadas se identificam e defendem apenas outras mulheres casadas. Mulheres solteiras se identificame e defendem outras solteiras. Lésbicas se consideram uma classe à parte. Negras, brancas, ricas, pobres, e assim por diante. Essa segmentação interna nos tira do foco principal: existe ou não existe um outro conjunto de valores e conceitos que não o masculino? Claro que existe, mas temos que aceitá-lo. E é nessa aceitação que se constrói a identidade feminina para contrapor essa hegemonia masculina.


Nem sei se fui clara...hahahahahahaha


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annebonny
No PF desde: 07/01/2010

Carla, eu entendi o que você falou, acho que você já tinha comentado sobre o assunto em outro tópico há algum tempo atrás, né?


Sobre o assunto tenho a dizer que concordo que seria ótimo se o m.o. feminino fosse tão valorizado quanto o masculino. Mas que para isso acontecesse, antes disso as pessoas deveriam se dar conta que é somente um m.o. ensinado durante a vida conforme o gênero e não características que estão na genética ou sei lá o que. Que uma mulher não nasce vaidosa, ela se torna vaidosa. Que um homem não nasce gostando de futebol, ele aprende a gostar. Muita gente acha que a razão de mulheres e homens serem tão diferentes é porque simplesmente nascem assim, que isso tá no sangue. Quebrar isso é o desafio.


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

Carla, compartilho todas essas suas inquietações. Vc simplesmente descreveu o conceito mais contemporâneo de gênero e aquele com o qual eu concordo e trabalho, rsrs.

Essa coisa de homem e mulher serem categorias substantivas já era mesmo. Eu também entendo que quando falamos de um ou de outro estamos falando muito mais de um conjunto de valores, atitudes e regras comportamentais do que sobre uma \"natureza\" ou essência. O certo não seria dizer que o feminino não existe, mas que não existem \"mulheres\", definidas desta maneira por uma essência que as homogenize. Tudo é construído socialmente.


Quote:
existe ou não existe um outro conjunto de valores e conceitos que não o masculino?


Amiga, quem me dera eu tivesse uma resposta sobre isso...Mas acho que ao final de tudo seria um bom início de discussão.


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Sim, Annebonny, é preciso desmistificar o papel da biologia no comportamento dos gêneros, sem dúvida. Mas acho que no momento atual precisamos usar o que temos nas mãos. Antes de desconstruirmos isso tudo, todo esse condicionamento sócio-cultural, teremos que passar pela aceitação do que temos agora. Porque precisamos partir de algum lugar e no momento estamos estanques, paradas no meio do nada.


Não aceitamos oq ue temos e também não questionamos e desconstruimos. Fica difícil construir algo novo se nem ao menos sabemos lidar com o velho. A vaidade como característica feminina é construída socialmente? Sem sombra de dúvida é (inclusive, até fins do século XVII, eram os homens que se empavoavam todos - brincos, pulseiras, colares e até maquiagem eram acessóriso masculinos - é a partir do século XVIII que as coisas começam a se inverter). Mas uma vez que essa suposta característica está estabelecida, então que a usemos em nosso favor e a valorizemos ao invés de subestimá-la como algo descartável. Que se torne então nossa marca. Depois a gente desconstrói isso ou ainda melhor, fazemos disso algo que é valioso para todos os gêneros e não só para nós.


Cuidar dos filhos é uma característica imposta socialmente? Sim, é e sabemos que é. Mas ao invés de nos recusarmos a aceitar esse papel, que o transformemos em nossa arma mais eficiente, aquela que incute na cabeça desses filhos que as coisas podem ser diferentes. Façamos dessa suposta característica algo indispensável e sem preço, um verdadeiro instrumento de transofrmação.


Enquanto as próprias mulheres continuarem divididas, com algumas abraçando os papéis, ainda que impostos, e outras os subestimando, não chegaremos a lugar algum. Enquanto houverem mulheres menosprezando aquelas que optam por ser donas-de-casa ou julgando e condenando aquelas que optam por serem prostitutas, vamos continuar divididas e consequentemente subjulgadas. O que temos que fazer é pegar o que temos e subverter tudo isso. Usar a nosso favor, virar as armas contra seus criadores.


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annebonny
No PF desde: 07/01/2010

Eu sempre pensei nisso, que temos o poder de educar, que podemos ensinar nossos filhos novas idéiais. E isso antes de me ver como feminista. Sou vegetariana estrita e pensava no poder que tinha em minhas mãos para abrir a mente de um futuro filho sobre essa questão.


Subestimar escolhas não é a solução mesmo, só causa mais divisão. Devemos estar conscientes de nossas escolhas, sabendo que há um contexto por trás dela e tentar minimizar os resultados negativos. Devemos estar prontas para críticas, mas não significa que as aceitemos, é aí que está a diferença.


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Maria.C
No PF desde: 07/12/2010

Quero continuar no debate, mas não consigo no momento! Meu trabadlho não está permitindo. :(


Mas sinto que esse debdate está super produtivo!! Me identifico com essas idéias...


Assim que der colaboro, se quiserem é claro.


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

Maria C. Também adoro quando debatemos esse assunto aqui no PF, pois aí é que vejo o quanto somos carentes de falar sobre isso. Experimentamos a hierarquização sutilmente e todos os dias e muitas vezes sequer percebemos...Falar com vcs me ajuda muito a pensar...


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Ai, ai


Nós aquitentando conversar como gente grande e de repente me vejo diante de coisas assim:


http://precisofalar.clicrbs.com.br/index.php/Temas-polemicos/253151-Guerra-dos-sexos-Machismo-x-Femi...


O jeito é esquecer a revolução silenciosa nos mirarmos nas \"Fazedoras de Anjos de Nagyrév\"; matemos todos.