Feminismo pra quê?

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annebonny
No PF desde: 07/01/2010

Thamires, essa história de que não é \"tão dominante\" é conversa pra boi dormir. Olha quanto tempo faz que, por exemplo, a escravidão foi abolida e ainda temos escassez de negros nas universidades, em cargos altos no mercado de trabalho, etc. Se não fosse \"tão dominante\" teríamos igualdade. A lei que proíbe tal ato para negros ou mulheres, ou sei lá, é extinta, porém ela muda sua forma e se transforma numa coisa bem mais \"inofensiva\".


Exemplo: Antigamente não podiam fazer sexo antes do casamento. Repressão sexual das brabas. Hoje em dia estamos livres para fazer isso. MAS, como dão um jeito de reprimir a sexualidade ainda? Uma das formas é o padrão estético da sociedade: mulheres bonitas fazem um bom sexo. Isso não é coisa da minha cabeça, pois me diga você quantas reportagens você já viu sobre não se sentir segura para fazer sexo quando não se está em forma? Diversas né. Agora, me diga qual a porcentagem de mulheres que se encontram no padrão de beleza. MUITO poucas comparado ao total de mulheres. Logo: poucas mulheres se sentem confiantes para fazer sexo. Dizem para sermos confiantes mesmo com quilinhos a mais. É fácil dizer isso quando se está numa situação privilegiada e que não sofre com bombardeios de produtos e revistas que colocam a mulher magra e bonita como \"superior\" as outras. Entendem? Ao mesmo tempo que dizem para sermos confiantes mesmo que estejamos fora do padrão, \"gorda\" é um xingamento corriqueiro.


*RO*
No PF desde: 01/07/2010

Só para descontrair:

Não sendo feminista (kkkk nem um pouco...)

Falando em comentários , que são um livro, recomendo ler; HOMEM BOM É HOMEM MORTO de Gaby Hauptman , mto bom!


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Abusada
No PF desde: 16/12/2010

Anne, por isso eu acho que é covardia. Afinal, não lutamos.

Há exemplos sim de pessoasque conseguiram mesmo com raças ou etnias \'submissas\'. Você acha que foi fácil para o Obama ser o PRESIDENTE dos EUA? Ou que foi fácil para a Dilma? Ou para a Joanna D\'arc? Nos acovardamos sim, não lutamos para fazer destes casos isolados algo comum, e não excessões.


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annebonny
No PF desde: 07/01/2010

Só porque \"não lutamos\" (não nos ensinam a lutar a vida inteira ou quer dizer que é coisa da muinha cabeça a lavagem cerebral que fazem nas crianças quase que obrigando meninas a brincarem de boneca e meninos de carrinho?), não significa que não mereçamos oportunidades iguais.


Se \"não lutamos\" não é por falta de vontade e sim por todo esse processo que sofremos, que nos transforma em marionetes, repetindo o que nos foi passado, sem questionar. A culpa não é nossa. Nos culparmos é justamente o querem que façamos, que pensemos que a razão do problema existir é nossa falta de vontade. Que nos posicionemos contra nossas aliadas. Ao invés de culpar o homem que estupra a mulher, colocamos a culpa nela que \"provocou\". Ao invés de culpar o homem pela traição, colocamos a culpa na \"vagabunda\" que provocou o meu marido. É sempre assim...


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

Abusada, claro que exemplos existem e são um excelente sinal de que as coisas estão ou podem vir mudar. Mas por outro lado, ser negro ou mulher são coisas bem relativas.

Será que se o Obama usasse um discurso muito inflamado sobre negros ou se mostrasse claramente em defesa da causa negra, ele teria sido eleito? Não. Porque para chegar ao poder ele teve que se branquear de algum modo. Ele não é e nem se identifica com o discurso do \"típico\" negro americano.

Da mesma forma, não vi a Dilma defender nenhuma plataforma feminista ou vir com qualquer discurso inflamado sobre a mulher.Ela não fez isso e nem pode fazê-lo pois seria interpretada como radical. Diversos estereótipos surgiriam.


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Maria C., eu também acho impossível que uma configuração como a do povo Mosuo seja \"implementada\" na nossa sociedade ocidental moderna, claro. Mas apenas usei-o como exemplo do quanto nossa visão é distorcida quando falamos em \"empodeiramento feminino\". Partimos do princípio de que, uma vez no \"poder\", as mulheres seriam exatamente como os homens e, portanto, a dinâmica de nossa sociedade, os valores e conceitos seriam os mesmos. É aqui que a onça bebe água. Por que diabos seria o mesmo?


Mais uma vez eu digo isso aqui: as mulheres precisam urgentemente encontrar uma IDENTIDADE FEMININA e abandonar de vez a VERSÃO masculina do feminino que o patriarcado impõe há séculos. Querer o poder pelo poder e perpetuar valores e conceitos impetrados pela visão masculina de mundo não é feminismo. É machismo de saias. Reclamar das revistas masculinas ou das casas de strip-tease e como resposta abrir um \"clube das mulheres\" para tratar os homens também como objetos não é feminismo, é machismo as avessas.


Onde estão os valores femininos? Qual é a visão feminina do mundo? O que nós efetivamente mudaríamos nessa configuração social caso todos, homens e mulheres, abrissem espaço para o feminino? Essas são as perguntas que precisam de resposta o quanto antes. Não se trata de ter uma \"sociedade matriarcal\", mas de perceber que há outras possibilidades além dessa que mantemos atualmente. Há outros valores que estão sendo negligenciados ou mesmo ignorados em detrimento de uma visão única. Visão essa que é equivocadamente considerada a \"ordem natural\" das coisas, imutável e irretocável.


Observar aquele pequeno vilarejo de 30 mil pessoas no sudoeste da China nos leva a perguntas muito instigantes. Por que não há violência entre eles? Por que não há traições? Por que os homens não se sentem inferiorizados apesar do \"domínio\" feminino? Por que aquela formatação de família funciona enquanto a nossa parace estar desmoronando? Quais são os valores que regem aquela sociedade e onde esses valores se encontram na nossa sociedade? É uma observação que faz pensar, que nos faz reavaliar essa nossa luta feminista. Me parece que o buraco é muito mais embaixo do que se acredita.


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Abusada
No PF desde: 16/12/2010

Belle, não concordo com esta divisão.

Não existe branquear nem enegrecer nisto. Pois se continuarmos com estas ideias ultrapassadas, nunca evpluiremos. O que o Obama fez foi o correto, ele tratou a nação como um todo, e não pondo alguma etnia como a mais \'fraca\' do que outras.

Se ficarmos dizendo que somos os mais fracos e opromidos, nunca irão nos tratar de igual para igual!


Não sei se acontece aí, mas por essas e outras que eu apoio a atitude da UFRJ .


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annebonny
No PF desde: 07/01/2010

\"Querer o poder pelo poder e perpetuar valores e conceitos impetrados pela visão masculina de mundo não é feminismo. É machismo de saias.\"


EXATAMENTE ISSO, CARLA. Pintam o feminismo como um machismo as avessas. Acham que o feminismo quer dominar o mundo para transformá-lo num céu para mulheres e um inferno para homens. E não é nada disso. Adorei a reflexão sobre o vilarejo.


Belle, se só o fato da Dilma não corresponder aos padrões de beleza já foi motivo para muitos a xingarem (de sapatão, bruxa, gorda, feia), imagina se ela defendesse sem censura os direitos femininos?


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annebonny
No PF desde: 07/01/2010

Abusada, negros tem menos poder que brancos, isso é fato. Assim como mulheres tem menos poder que os homens. Tentar maquiar isso e dizer que somos iguais é tampar o sol com a peneira. Na atual sociedade nem os brancos são iguais aos negros, nem as mulheres são iguais aos homens, nem os homossexuais são iguais aos heteros. O que precisamos assumir é que SIM, existe essa diferença que precisa ser combatida. A diferença não existe porque as minorias são pouco potentes, a diferença existe porque as maiorias colocam as minorias numa situação de desvantagem.


Você tem consciência de que todos devemos ter direitos plenos, ótimo, mas colocar o corpo fora, dizendo que o preconceito não tem mais tanto poder, não adianta muita coisa. Se solidarizar com as minorias é a solução. Ouvir as minorias é a solução.


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Annebonny,


E pintam o feminismo como machismo as avessas justamente por só conhecerem esse formato de interrelações: dominante e dominado, chefes e subordinados. Ou seja, se os homens não estiverem mais no comando, obviamente as mulheres estarão e os submeterão ao mesmo julgo a que foram submetidas por eles. Essa é a \"lógica\" que se segue. Uma lógica fincada nos valores masculinos, que precisa da hierarquia racional para entender o mundo. Mas será mesmo que essa é a única maneira? Será mesmo que é imperativo que haja comandantes e comandados?