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Feminismo pra quê?
Ih... saiu tudo errado.
Agora que vi o que a Belle escreveu... estava escrevendo enquanto isso.
porque passados 40 anos, todas nós nos beneficiamos de alguma maneira com as conquistas. É como se após a refeição, as mulheres cuspissem no prato que comeu.
Acho que devemos relativizar algumas situações e evoluir alguns discursos....
Sim todas nos beneficiamos. Mas não acho que cospir no prato seja o caso. Vejo que a sociedade mudou, as mulheres mudaram e os homens também da década de 40 pra cá... nada mais natural que evoluir algumas causas e lutas!
Mea culpa. Mea maxima culpa.
Eu também vivo dizendo que nãosou feminista, apesar das minhas ideias e mesmo de meu comportamento. E nãoporque tenha \"medo\" de me desvincular de uma suposta aliança com o masculino, mas por não me identificar com a faceta mas conhecida e contundente do feminismo: o revanchismo. Sinto muito, meninas, mas é fato que existe uma ala radical dentro do movimento feminista que parece apenas querer um machismo as avessas, que mantém a ideia de superioridade de um gênero em relação ao outro. E infelizmente, é apenas essa ala que bate no peito para se dizer feminista.
Claro, erro meu e de muitas outras ao permitir que o movimento feminista seja identificado apenas com o radicalismo. Erro nosso por nos omitirmos e deixarmos na sombra o lado de fato igualitário do feminismo, esse que reconhece as diferenças e exige nada mais do que aceitação e respeito a elas. De novo, mea culpa.
Maria C., você comentou sobre essa questão de trocar o patriarcado pelo matriarcado. Pois bem, acho que antes de mais nada é preciso entender oque seria um matriarcado. Nossa ideia de sociedade é baseada exclusivamente na visão patriarcal, que tem por objetivo posse e poder. Diante disso, supomos que num matriarcado manteríamos esses valores, apenas mudando os protagonistas. Mas e se não fosse exatamente assim? Dê uma olhada nesse site:
http://astrid-annabelle.blogspot.com/2008/11/mosuoo-reino-das-mulheres.html
Essa deve ser uma das últimas sociedades \"matriarcais\" do planeta, senão a última. No site tem pouca informação, mas vi um documentário sobre esse povo e o que mais me impressionou foi justamente o código de valores completamente diferente do nosso. Só pra ter uma ideia, no vocabulário desse povo não existem as palavras \"pai\", \"marido\", \"dono\", e também não existem entre eles roubos, assassinatos, estupros ou qualquer outro tipo de violência.
Vendo esse documentário, mais me convenci de que nossa luta tem que ser por, antes de direito iguais, por conceitos diferentes. Toda nossa visão de sociedade, de \"ordem natural\" me parece equivocada. E nisso inclui-se a postura das mulheres dentro desse equívoco, porque perpetuamos essa postura e quando falamos em mudança, apenas queremos que ela tenha outros dominadores. É muito raso.
E já falei sobre isso antes em outro tópico. Não somos solidárias à nossa própria causa. Não somos unidas e portanto não temos identidade fora dos padrões estabelecidos pelo patriarcado. Assim, fica impossível estabelecer mudanças reais e profundas. Impossível vislumbrar novos conceitos e diferentes valores. Não somos capazaes sequer de nos unirmos no feminismo. Desanimador, isso.
Acho que, existindo mulheres feministas, estamos abrindo um precedente para que os homens defendam o movimento machista.
Não concordo. Até porque o movimento feminista surge em detrimento ao machismo, algo hegemonico na sociedade e cristalizado historicamente.Da mesma maneira não é possivel que ninguém veja diferença em um negro andar com uma camiseta 100% negro e um branco com uma camiseta 100% branco. A diferença reside nos significados que foram sendo construidos ao longo da história. Quem foi oprimido e quem oprimiu?
E dizer que o feminismo é algo ultrapassado não nos ajuda em nada. É outra estrategia que mantém as coisas ocultas sob a mão de um machismo velado. Ele tem sido constantemente atualizado e o mais importante é que se repensa dentro e fora da academia. Se no passado as feministas reivindicavam o voto, hoje elas escrevem para o CONAR solicitando a censura de propagandas sexistas...ou apoiam outros segmentos da sociedade também discriminados. Sim, a sociedade mudou, felizmente hoje temos muitos direitos, mas as lutas feministas também evoluiram. Pena que o feminismo tenha se tornado tão marginal que sequer as mulheres mais esclarecidas sabem do que ele trata atualmente, quais tem sido as lutas, as causas pelas quais ele se refere.
Para quem se interessar, estou postando os links de alguns blogs feministas muito interessantes.
http://sindromedeestocolmo.com/
http://escrevalolaescreva.blogspot.com/
http://marjorierodrigues.wordpress.com/
nossa luta tem que ser por, antes de direito iguais, por conceitos diferentes. Toda nossa visão de sociedade, de \"ordem natural\" me parece equivocada. E nisso inclui-se a postura das mulheres dentro desse equívoco, porque perpetuamos essa postura e quando falamos em mudança, apenas queremos que ela tenha outros dominadores.
É disso que eu tô falando! Acredito que a postura das mulheres está equivocada nessa luta. Parece que buscamos dominar e tomar o poder para nós... e sinceramente é assim que eu sinto o movimento feminista.
Quanto a sociedade matriarcal...
Bem, creio que esse exemplo é subdimensionado. Estamos falando numa aldeia, numa pequena realidade. Será que se colocarmos incluso dentro de uma sociedade moderna isso fluirá da mesma forma? Não sei... mas não importa, pois não é a mudança de cenário e sim a mudança de paradigma que deveria estar em questão!
Carla, não se culpe, rsrsrs.
Vc não é a primeira e nem a última que toma o feminismo através de seu radicalismo. Eu mesma me incomodo com essas alas mais radicais que apregoam, por exemplo, que a única sexualidade possível e livre é o lesbianismo. Acho que este radicalismo, hoje chamado de queer, tem sua razão de ser, da mesma maneira que um feminismo mais moderado também.
É com este que eu me identifico, o feminismo que torna possível a igualdade respeitando as diferenças. Já discutimos isso aqui. Não precisamos nos tornar como os homens para sermos respeitadas e vistas como iguais. Tenho o direito de ser feminista e ser hétero, de ser feminista e gostar de ser mãe, de ser feminista e respeitar quem não é hétero, ou quem é child-free. As experiencias que nos une podem ser radicalmente diferentes, pois uma feminista latino americana vive em condições diferentes de uma francesa ou inglesa. Mas há um ponto nodal que as une que é a forma cristalizada em um imaginário sócio-cultural sobre a mulher. Associações da mulher como um ser emocional ligada a sua função de mãe e a esfera doméstica, ou ainda a mulher como objeto de gratificação masculina em detrimento ao homem como alguem ligado a razão e a vida pública ainda permanecem quase sem diferença para muitas mulheres e são reproduzidas de modo muito sutil na mídia e no imaginário masculino. Acho que nossa causa ainda permanece meio que por aí.
Sim, fomos oprimidas. Sim, os negros também foram. E por isso devemos para sempre, todo o sempre, nos comportarmos como sofredores oprimidos por uma realidade que hoje, ainda existe, mas não é dominante?
Não creio nisso... acho que a postura deve ser muito diferente!
Não critico os ideais feministas, muito pelo contrário. Mas acho que precisa de uma reformulação sim, principalmente de comportamento.
Queridas... estou adorando o debate, mas vou almoçar! :)
Adorei os blogues Belle e Carla. Alguns já conhecia, outros verei depois com mais calma.
Anne, não li todas as páginas. Mas concordo com o que a Maria disse. Não é tão dominante, nós que colocamos desta forma, colocamos como se os fantasmas do passado ainda nos assombrassem como antes.
Na maioria das vezes nos acovardamos por medo de lutar.
Agora que vi o que a Belle escreveu... estava escrevendo enquanto isso.
Acho que devemos relativizar algumas situações e evoluir alguns discursos....
Sim todas nos beneficiamos. Mas não acho que cospir no prato seja o caso. Vejo que a sociedade mudou, as mulheres mudaram e os homens também da década de 40 pra cá... nada mais natural que evoluir algumas causas e lutas!