Feminismo pra quê?

146 respostas [Último]
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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

Carla e Maria, respondi os seus posts, acho que não viram.


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Sim, Belle. Agora que já não estou mais às voltas com panelas, vamos ao seu post.


Quote:
E, pergunto, em um lugar onde só há mulheres trabalhando, quais são as características demarcadas como femininas e quais são excluídas como “femininas”? E em um contexto onde há mulheres lésbicas e heteros como será feita esta demarcação?


Aqui voltamos à questão da necessidade de dissociar as características do gênero substantivo. Não se trata de homem e mulher, mas de feminino e masculino (até já dei um exemplo disso lá atrás).


Quote:
Não acho que estas associações tendam a acabar por completo, mas acho que elas podem ir mudando lentamente na mesma medida em que nossas visões sobre masculino e feminino tendem a mudar tbm. E neste processo, acho que aceitar qualquer rótulo é um tanto perigoso.


Concordo plenamente quanto à mudança na visão e acredito que ela já esteja ocorrendo. E também concordo que a dissociação absoluta não me parece real. Mas não acredito que seja uma questão \"aceitar rótulos\", mas de não renegar possibilidades., não se contrariar em prol de uma outra visão também já construída com bases patriarcais.


Mais ou menos como no exemplo que a Annebonny deu algumas páginas atrás sobre trabalhos braçais. Por que uma mulher deve insistir em ser estivadora no porto, por exemplo? Ela sabe de suas limitações físicas para essa atividade, por que se impor esse desafio vão? Apenas para dizer que não existe uma diferença? Mas a diferença existe e é latente. Acho que é isso que precisa ser assumido e, a partir daí, começar o processo de reversão desse demérito a que se relega as características ditas femininas.

Não posso carregar 50kgs nas costas, mas posso parir e manter filhos. Por que uma dessas atividades é considerada mais importante que a outra? Que eu saiba, as duas tem relevância no contexto coletivo. Ou não?


As próprias mulheres assumiram para si o padrão masculino de valoração. Nós também consideramos a visão deles mais importane que a nossa. Tanto que perdemos a nossa visão no caminho, enquanto nos preocupávamos em ter a aprovação masculina. Deixamos que a briga fosse no território deles, sempre. Talvez devêssemos trazer a briga para o nosso território.


Ontem ou vi uma frase interessante numa série de TV. Dois detetives investigavam um homicídio e no processo um deles diz \"Cara, as mulheres tem que trabalhar o dobro pra provar que são capazes de ser tão idiotas quanto os homens. Nós já nascemos idiotas e elas se esforçam pra aprender.\" Achei sensacional, porque é isso mesmo.


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LivT
No PF desde: 23/07/2010

Achei bem interessante o questionamento da Belle sobre por que se falar e estudar tanto a biologia feminina e praticamente ignorar a biologia masculina.


Pelo menos para o senso comum, a mulher parece estar associada a uma série de fenômenos hormonais, enquanto o homem seria guiado exclusivamente pela testosterona, que possui em quantidade mais abundante. Embora a maior parte dele seja destinada ao sistema reprodutivo, ele é sempre associado à formação de massa muscular, portanto da força, da constância, simbolicamente da imposição da vontade, que seria, num mundo iluminista, o exercício da Razão.


Lembrei disso porque estava conversando com um amigo do meio esportivo sobre doping, que me contava sobre a identificação dos usuários de drogas diversas através de seu comportamento, e me descreveu comportamentos \"animalescos\" (que já presenciei) de alguns atletas indicando o provável aumento dos níveis de testosterona de modo sintético. Fiquei pensando no contrassenso.


Não consegui refletir tudo o que queria sobre isso, mas acho que essa quebra do determinismo biológico é bem importante, e vim postar um pouco das minhas divagações aqui. Especialmente depois de ler várias vezes hoje a gíria \"cabeça de baixo\" em alguns outros tópicos...


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

LivT,


Ontem mesmo estava assistindo a um programa no History Channel e me lembrei dessa questão do Iluminismo. Acho que, na verdade, esse culto à razão em detrimento da emoção vem de antes disso. Já na antiga Grécia, cultuada como berço da civilização ocidental, a racionalidade era o valor maior, em detrimento das emoções, consideradas o lado animalesco do ser humano.


Quanto a estudar mais os efeitos dos hormônios femininos do que os masculinos, isso também tem mudado. Muito se estuda atualmente sobre a testosterona em todos os seus aspectos, não apenas no fator reprodutivo. Acho que nesse ponto sempre houve uma grande resistência em estudar o homem como ser natural. Aquela imagem de invencível e irretocável imperou por muito tempo e ainda hoje os estudos sobre a saúde e sexualidade masculina encontram resistência.


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Maria.C
No PF desde: 07/12/2010

Queridas. Demorei para responder, mas não esqueci do debate não.... rsrs. Bem, vamos lá...


Belle, não quis dizer que a psicologia do consumo entendeu o comportamento feminino somente agora. O que falei, é que agora isso pode ser estudado de forma mais eficaz. As mulheres hoje são responsáveis por decisões de compra e além disso, são responsáveis por quase metade do poder de compra. Isso é bem diferente da década de 50 pra cá, convenhamos.


Mas enfim... esse não é o foco da discussão, só quis esclarecer, pois me expressei mal lá atrás.


...


Quote:
Eu entendo que ela é negativa até certo ponto, a partir do momento em que as emoções são usadas “contra nós” , imprimindo rótulos de histéricas, descontroladas, etc,etc e nos tornando menores em alguns contextos, sobretudo os profissionais…


Associação:

mulher = ser emocional = descontrole = negativo


Entendo que, somente a partir do terceiro elemento dessa equação é que a coisa desanda! Mulher = ser emocional não é necessariamente ruim!


O que não estou compreendendo é porque, de uma vez por todas, não compramos a briga por essas características ditas emocionais. Já estamos de acordo que elas são de extrema importância para o mundo pós moderno, que possuímos tal capacidade (inata ou não) e que estamos associadas a elas (negativamente ou não). Conhecem o dito popular? Se leva a fama, então deita na cama!


A Carla citou lá atrás:

Quote:
Sim, há o risco de perpetuar uma associação cultural. Mas também há também a possibilidade de mudar essa associação ou mesmo de mudar o seu valor.


Pois bem… Entendemos que já estamos dentro de um contexto social masculino. Brigando por atributos associados ao gênero masculino. Usando de argumentos masculinos. Para disputar espaços que estão dominados pelo homem.... aff... mas afinal, onde e como será que vamos encontrar a TAL identidade feminina dessa forma?


Essa identidade ainda é um mistério até para nós mulheres, basta observar esse debate que ocorre aqui! Então, mudando um pouco o rumo da prosa, pois percebo que não chegaremos num consenso tão cedo quanto assumir ou não o comportamento emocional, me pergunto sobre algumas questões: O que é a identidade feminina? Quais elementos e aspectos rodeiam essa identidade? Como o feminismo hoje em dia colabora para essa construção dessa identidade?

Se os homens pudessem responder também, seria ótimo. Afinal, a opinião deles é de extrema importância!


Deixo uma citação da diva:

\"A mulher não tá sabendo, mas ela tá cumprindo uma coragem. A coragem da mulher é a de não se conhecendo, no entanto prosseguir, e agir sem se conhecer exige coragem\" Clarice Lispector


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Lunaticazinha
No PF desde: 10/12/2010

Oieeeeee voltei...é que tinha um tantão de louça pra lavar, roupa pra passar e ainda tinha a depilação..affffffffffff


( entenderam a irônia hein? hein?)