Eu concordo plenamente com isso. O grande problema é que quando parecia que esta identidade seria alcançada, outros segmentos feministas lançaram a idéia de que isso não seria possível pois a experiencia de uma negra é diferente de uma branca na sociedade em que vivem. Da mesma forma, a experiencia de uma mulher lésbica é radicalmente diferente de uma mulher hétero. O que nos une então? A anatomia? Não acho que isso seja o suficiente para que nos difira. A maioria dos transsexuais quando perguntados sobre sua \"natureza\", dizem ser mulher por dentro e homem por fora.E assumem por completo uma identidade \"feminina\". Muitos homens casados com transsexuais se dizem héteros...

Por essas e outras, acho difícil falar em valores femininos ou uma visao feminina do mundo. Porque não há critérios claro que possam definir o feminino.O que vem primeiro a anatomia ou a experiencia de ser mulher? De que tipo de experiencia estamos falando quando falamos sobre ser mulher? De gerar filhos, menstruar...? Esse dilema me entristece.

ops, exceções, rsrsrsrs...desculpem.

Eu não sonho com uma sociedade Matriarcal. Eu sonmho com uma sociedade justa. Onde venha prevalescer o que tiver capacidade de guiar, de governar, independente de sua raça, cor, religião ou sexo. E sim a inteligencia e sabedoria.

Anne,

Não fique decepcionada. São somente idéias. Vejo aqui muitos argumentos que nunca havia pensado, questionamentos que não conhecia. isso é um debate... minhas idéias não são regras nem para mim. ;)

Entendo tudo que você diz e o que busca quando defende a luta pelo orgulho racial ou sexual. Não é essa a questão, sim o posicionamento da luta! Defendo juntinho com você, todas as questões levantadas... minha irmã é gay, meus melhores amigos são negros e digo mais, negros e favelados! A sociedade privilegia os brancos e os heteros, sim. Mas no momento que você vende sua campanha pessoal, está abrindo precedentes para que outros vendam as deles também! É assim que funciona o mercado de idéias! Se você defende que gosta de Rolling Stones terá outro que falará mais alto que gosta de Beatles! F*da-se eles... mas eles gritam com todos os direitos em questão, os mesmos que você. É justo.

Então no momento que você vende a idéia, o posicionamento de orgulho 100% negro, outros podem sim dizer que são 100% brancos. Se isso é orgulho, não sei... podem ter alguns que sentem muito orgulho, talvez. Mas não é a questão do orgulho do que é dominante e sim do posicionamento, entende? Se eu desejo vender meu posicionamento para o mundo, os outros também podem. Sim, alguns posicionamentos não são tão nobres quanto outros.

Acredito que devemos nos posicionar conforme a realidade atual. Não carregando as marcas do passado como uma bandeira! O preconceito existe, é óbvio, está aí para todos verem. Mas discordo em afirmar que é algo que domine a sociedade. Como uma sociedade dominada pela intolerância tem uma mulher no poder? Como essa mesma sociedade possui o maior pólo turistico gay do mundo?

Lembre-se da campanha da TV Cultura que pergunta onde mora seu preconceito. Vivendo numa sociedade, sendo mulheres ou homens, gays ou heternos, brancos ou negros ditando as regras, sempre haverão preconceitos. Esse paradigma pode mudar, sim. Mas é nele que nos encontramos e se mudarmos o cenário, ainda viveremos sob as mesmas idéias. Apenas teremos outras óticas.

Não seria isso? Seríamos nós melhores que eles?

Pode até ser que eu esteja enganada. Sim, há uma grande possibilidade nisso. Mas quando vejo mulheres levantando a bandeira feminista, vejo principalmente uma necessidade de mudança de cenário de poder. Minha humilde opnião que pode e quer ser mudada.

Quero não ver agressões as mulheres, quero escolher se posso ou não ter filhos, quero poder ter uma carreira independente. Eu quero mais... Quero uma mudança de paradigmas. Quero uma sociedade justa. Independente de quem estiver no poder, patriarcado, matriarcado… que seja! Vivemos sim em uma sociedade machista criada por anos de subjugação feminina. Essa sociedade patriarcal manipulou o poder para seus interesses... Siiiimmmm. Temos e queremos mudar, siiiiimmmm. Se essa mudança será feita através de mulheres, ótimo. Se for através dos homens com novos ideais, não me oponho! Me importo que consigamos um equilíbrio.

Mas que tipo de poder vc se refere? Político? Porque o feminismo luta por um tipo de poder infiltrado na sociedade, em pequenas ramificações. Vc mesma citou isso bem quando disse:

Vc então percebe que há um tipo de poder meio invisível que nos diz como devemos ser. Como devemos ser boazinhas, nos adequar de certa forma a uma feminilidade ainda tradicional e ser independente, mas desde que não contrarie a mão patriarcal. Isso é poder. O poder não é uma coisa que vem de cima sobre a gente. É algo muito sutil que se reproduz das mais diversas formas: está na propaganda de cervejas, está nos desfiles de moda com modelos esqueléticas, está nos comerciais de margarina e de produtos de limpeza, ou na mentalidade do carinha que nós saímos por uma noite e nos trata como descartáveis.

Não sei, mas tive a impressão de que para algumas de vcs está bom como está. Temos que mudar e ninguém sugere nada, continuando a propagar aos quatro ventos que o discurso feminista é ultrapassado.E assim, tudo continua da mesma forma, ninguém faz nada. Não existe essa igualdade neutra que vcs apregoam e nem nunca existirá, infelizmente. Mas acreditar nisso para mim é como acreditar em papai Noel. Igualdade de direitos é possível, sim, mas para isso, é preciso assumir que existem diferenças no tratamento entre um e outro gênero. Se todo mundo continuar a admitir que todos somos iguais, nada nunca mudará.