Dominar os homens? As mentiras sobre o feminismo.

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Shaggy
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No PF desde: 19/11/2010

Concordo com os dois últimos posts... Pena que muitos e muitas não têm uma visão do que foi explanado. Por fim, esse tipo de visão limitada pode-se descrever como alienação pura...


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

É incrível mesmo que ao invés das pessoas se focarem no texto, muitas estejam esperando o circo pegar fogo. Contudo, dar ou não nome aos bois, isso é o que menos importa, sim. Minha forma de ataque é outra, e acho que ela está mais do que clara aqui. Bater de frente é algo muito diferente de bate-boca como muitos aqui, esperam que seja feito. É desmascarar, tentar mostrar as estratégias de como o feminismo tem sido desqualificado sob um rótulo que não é dele.

Cansei de picuinhas, de me desgastar com essa gente tentando exemplificar, contextualizar, argumentar. É gente que não se importa com os argumentos e que só se compraz em trollar a discussão, tentando desqualificar todo tipo de argumentação. Nada pode os convencer, porque não é o diálogo que importa, mas o rebaixamento, a humilhação e a estereotipia. Para esta gente, feminista é um tipo de macho que não deu certo, como bem ilustra o texto que postei. É gente que sem conhecimento algum sobre o que vem a ser o feminismo hoje, o que ele representou no passado, tenta desviar a discussão, usando como único (e tosco) argumento uma possível generalização. Não estou aqui para perder meu tempo e energia com essa gente.

Se minha intenção fosse generalizar, minha crítica não incidiria diretamente sobre a...generalização, oras! Ao deserto cognitivo de grande parte das pessoas que usam os estereótipos como forma de poder. Como bem argumentou a Liv-T, que foi muito feliz, quando diz:


Quote:
É uma explicação sobre o absurdo que é barrar de pronto os argumentos de alguém somente por ser mulher, ou feminista. Ou seja, IMPEDIR A DISCUSSÃO DE IDÉIAS, a partir de uma falácia.


E barrar os argumentos, desqualificá-los, é usar este tipo de argumento:


Quote:
acho essa generalização tão, tão...improducente.

Não são todos(as) que são tão familiarizados com a bandeira/causa feminista.

Alguns discordam, outros abominam.

Na minha opinião, vincular a valorização da Mulher nos seus mais variados aspectos, apenas sob a bandeira do FEMINISMO, é limitante. Pra mulher e pra causa. É o que eu acho.


É desqualificar algo, já de pronto, sem argumentar.

Oras, chamar de “causa feminista”, a História das Mulheres, a experiência feminina em toda sociedade ocidental, é que é desqualificar uma discussão. Isso sim é torná-la contraproducente. É mostrar-se completamente ignorante sobre o que foi e o que é o feminismo. Que “causa feminista”? A História das mulheres como um todo? Suas experiências históricas compartilhadas por uma anatomia, um papel social definido dentro da família, a repressão, experiências que as levaram a escrever e inscrever seu mal estar diante da sociedade patriarcal? Encapsular coisas de uma magnitude tal como a vida, a experiência e a história feminina em um rótulo é que é desqualificar a discussão.

E me parece que é sobre isso que o texto fala. Sobre o silenciar a voz antes mesmo que ela fale algo, intimidar as pessoas com um rótulo (“feminista”), tornando-o aparentemente pejorativo (e muitas vezes nem o é), antes mesmo que elas possam refletir sobre ele. O escárnio e a zombaria são poderosos aliados nisso tudo. Neste site, essas estratégias têm tomado uma força assustadora.


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Aprendiz42
No PF desde: 26/02/2011

Belle,

Já discutimos esse assunto em outro tópico...

Só esclarecendo:

As portadoras da bandeira do feminismo, em sua grande maioria atêm-se aos dizeres e escritos de Simone de Beauvoir e Betty Friedan, lá da década de 60...e desde então se passaram + de 50 anos.

Na minha opinião isso é o limitante. Um pensamento baseado nas condições daquela época...


A “causa” a que me referi é a Valorização da Mulher, em todos os setores da nossa, ou quiça, qualquer outra sociedade.

Esta repito, é minha opinião pessoal - mediante as minhas experiências de fatos vividos por mim – “...os homens atuais, na sua grande maioria não foram educados para tal, portanto não têm preparo e/ou motivação para assumirem a sua parte, nas tarefas antes sob responsabilidade inteira das mulheres...”.

E completando, alguns sequer possuem real conhecimento do que está inserido no termo “feminista”.

Não discordo da CAUSA. Discordo do rótulo, da bandeira, e de todo um método que, a meu ver, deveria estar voltado para a educação/conscientização sobre essa “nova mulher”, e não para o confronto com os “reacionários- órfãos” de uma sociedade patriarcal.

Isso, cara Belle, é bem diferente de ser misógino.


O texto postado por ti só reforça minha constatação.


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

Aprendiz, entendo seu ponto de vista, mas ele me é muito familiar, porque é um senso comum. A maioria das pessoas não entende que o que se chama de Feminismo é algo bem maior que o Feminismo. Não é só uma questão semântica.

Oras, Feminismo está longe de ser apenas uma bandeira, isso é rotular e diminuir toda uma história. quanto ao que vc chama de as \"portadoras da bandeira do feminismo\", que coisa, mais ultrapassada, não? Hoje, feminista, pode ser hétero, homo, feminina, pode gostar de ir a manicure, pode sonhar com casamento, pode muitas vezes sequer saber que é feminista...Por isso que para mim o fato de muitas não possuirem \"real conhecimento do que está inserido no termo “feminista”. não me diz nada. O que importa na real é estar inserida e participar da cultura, onde o feminismo como causa, movimento, ideologia, teoria, ação e política já se disseminou. Muita gente não pode nem saber o que significa o feminismo, mas isso não significa que ela não o seja feminista.

Sabe porque? Porque ela já nasceu em uma sociedade cujas ideologias feministas estão cristalizadas. Ela é educada para trabalhar, ser dona de si, se valorizar, escolher e não somente ser escolhida, buscar seus próprios direitos, amar a quem quiser e negar qualquer tipo de repressão. Ou vc acha que isso que vc chama de \"Valorização da Mulher, em todos os setores da nossa, ou quiça, qualquer outra sociedade.\" surgiu assim do nada? Uma dica: posso te dizer seguramente que não foram os homens que começaram a ensinar as mulheres a serem mais que femeas reprodutoras...Logo...Ah, e antes, mas muito antes de Beauvoir e Betty friedan, o feminismo já existia.

Para mim separar estas coisas só mostra um total desconhecimento do que é o que foi o feminismo. Por isso que digo: o feminismo é algo bem maior que o feminismo.


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

PS:

O que estou tentando mostrar é que a própria idéia sobre o feminismo que vc parece cultivar junto a maioria das pessoas é também um dos estereótipos mais perigosos...Trata-se de uma idéia que naquele momento, na década de 60 serviu para desmistisficar estratégias patriarcais mais visíveis na sociedade e sobretudo na conquista dos direitos. Hj, muita coisa mudou. Claro que Beauvoir e Friedan foram pioneiras no sentido de condensar e escrever boa parte da teoria feminista. Mas hj, assim como ocorre com outras minorias, as estratégias de poder são bem mais sutis. Como a construção de estereótipos que o texto que postei no inicio se refere.


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LivT
No PF desde: 23/07/2010

Quote:
Discordo do rótulo, da bandeira, e de todo um método que, a meu ver, deveria estar voltado para a educação/conscientização sobre essa “nova mulher”, e não para o confronto com os “reacionários- órfãos” de uma sociedade patriarcal.


Aprendiz,


dá uma lida de novo! Pois o texto critica justamente isso: o RÓTULO.


Quote:
E completando, alguns sequer possuem real conhecimento do que está inserido no termo “feminista”.


Sim, justamente. É isso que incomoda a autora. Se não sabe, então não faça juízo a partir de um termo que não conhece.


Quote:
Um pensamento _base_ado nas condições daquela época...


Bem, de certa forma a continuidade e a atualização do pensamento é exatamente o que se está tentando motivar aqui.


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Belle D´Jour
No PF desde: 19/07/2010

Liv-T é essa maldita mania de separar coisas inseparáveis que me incomoda. será que é tão dificil perceber que não se luta contra \"“reacionários- órfãos” de uma sociedade patriarcal.\" (aff...), mas contra todo um arranjo de poder e micropoderes que se cristaliza na mente das pessoas em geral? E que ensinar as mulheres a se valorizarem tem a ver com a conscientização de tais estratégias?

Nada mais demodé do que acreditar nessa dialética senhor-escravo...


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LivT
No PF desde: 23/07/2010

Quote:
Nada mais demodé do que acreditar nessa dialética senhor-escravo...


Tá certo. E não entendo como ainda tem gente que acha que esse é o ponto discutido por aqui.


Ou até entendo: em parte pode ser culpa do senso comum que mencionaste, que considera que a questão é só semântica, e que está arraigado na cabeça das pessoas.


Mas outra parte acho que bate nesta tecla de propósito para levar a crer que este é realmente o ponto da discussão, e isso parece-me fazer parte das estratégias sutis


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Caronte
No PF desde: 03/03/2010

Quote:
Mas hj, assim como ocorre com outras minorias, as estratégias de poder são bem mais sutis.


Na verdade, acredito que sejam duas estratégias combinadas. A mudança na abordagem, na forma, como se vende o neomachismo, muito mais floreado e com uma embalagem agradável, combinado com a velha rotulagem pejorativa do feminismo.


E isto vende. É incrível, como vende. Circulando um pouco pelo fórum a gente vê o sucesso que esta combinação faz por aqui.


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LivT
No PF desde: 23/07/2010

Quote:
E isto vende. É incrível, como vende.


E o motivo por que forjar uma assinatura do Arnaldo Jabor nesse tipo de abordagem incrementa ainda mais as \"vendas\" permanece um mistério para mim... :P