People,

Estou aqui mais para desabafar do que qualquer coisa, são 10h32min e eu recém cheguei em casa, após a aula (cheguei, tomei banho e vim desabafar).

Aí me perguntam, porque? Se estudo de noite...

Ontem a noite, ao sair da PUC, dei carona para uma colega, que mora ali perto do Iguatemi. Ao voltar para casa, eu e a minha outra amiga (e vizinha) a quem dou carona, fomos abordadas por SEIS motoqueiros, em 04 motos... Que nos assaltaram e nos sequestraram, pois levaram-nos junto com eles no meu carro até a Vila Restinga, onde nos deixaram e fugiram. Por \"sorte\", os bandidos não estavam com pressa (não sei porque), pois caso contrário, teriam nos estuprado ou violentado de alguma forma... não passou de umas \"mãos bobas\" enquanto íamos para a Restinga (não sabem o quanto me dói contar isso pra vcs e o quanto sinto nojo).

Só não nos mataram PQ OS FDP CONHECEM AS LEIS PORCAS DO BRASIL. Um deles sabia que se nos matassem, a pena mínima era de 20 anos e podia chegar a 30 (NESSA HORA ME DEU UMA RAIVA AINDA MAIOR).

Nos deixaram na Restinga, por volta de meia noite, não sei, pois levaram relógio, joias, tudo... A única coisa que eu tinha, era R$ 130,00 que saquei ao meio dia e, como de costume, guarde no bolso da calça jeans (não gosto de andar com mto dinheiro na carteira).

Mas ficamos lá, eu e a minha amiga, atiradas no meio de uma estrada, na Restinga, sem celular, sem nada só com medo, muito medo... Como já estávamos com \"quase nada\" a perder, fomos andando, procurando um telefone público, ou até mesmo uma casa, para que pudéssemos pedir ajuda.

Andamos não sei por quanto tempo naquela estrada, mais olhávamos para os lados do que caminhávamos. Caminhamos em silêncio, cada uma pensando que não ia sobreviver. Não sei explicar o que eu sentia, mas eu só sei que não parava de pensar na minha família, amigos, namorado... enfim, nas pessoas que amo. Eu temia que nunca mais fosse vê-los.

Na frente de uma escola, tinha um telefone público. Não tive dúvidas, corri até ele e disquei 190... Depois de tocar MIL vezes, atenderam. Me identifiquei, entre choros e soluços e disse o que aconteceu e onde eu estava, esperando que eles dissessem: estamos indo para aí imediatamente. Que triste ilusão. Eu não estava nos EUA, ligando para o 911 eu estava no Brasil... Ao invés de ir correndo para me socorrer, ele quis se certificar que eu não estava passando um trote ou, ainda, armando uma emboscada para a BM na Restinga. E lá fiquei eu, em um telefone público, de madrugada, dando informações para o Brigadiano desgraçado que me atendeu e PASMEM, a ligação \"caiu\". Liguei, então, para o meu namorado.

Contei o que houve e ele, apesar de não saber sequer ir na Restinga, soltou um: \"estou indo praí\". Ponderei e disse: NÃO! Vai na minha casa e procura o telefone do meu dindo (que é delegado de polícia civil), liga para ele, ele está na casa da Aline (namorada dele que mora aqui em POA). Vem junto com ele. SEM GIROFLEX. Ele respondeu que tá!

Eu já estava \"fudida\" queria, ao menos, preservar a vida dele (que drama!!!! Mas juro que me lembrei de TODOS os filmes de terror que assisti durante minha vida, onde um serial killer sai do meio do mato com uma motosserra e mata as mocinhas).

Visualizamos uma casa, com uma luz acesa, no meio do nada, próximo a uma escola que tem lá (eu sabia que existiam residências ali, pois como alguns sabem, trabalhei na Restinga) e fomos bater, pedir ajuda. A essa altura eu já não tinha medo do que pudesse acontecer, pois pior que estava não podia ficar. Batemos na porta e imploramos por socorro. Veio um senhor, com alguma coisa na mão (gelei). A luz da frente de casa estava acesa, então, ao abrir a porta, ele viu que não éramos do \"mau\".

Ofereceu, de imediato, uma \"água com açúcar\" e chamou a \"mãe\" que devia ser esposa dele. Mandou que nos sentássemos e perguntou o que houve. Nisso veio a Dona \"Clô\"(depois ela nos disse o nome), que tinha bem um \"jeitinho de vó\", de senhora bondosa... quando nos olhou, exclamou um \"benzadeus\" e completou: o que duas meninas tão bem vestidas estão fazendo aqui a essa hora? Aí o Sr (que eu não sei o nome, porque ela o chamava de \"pai\") explicou. Aí ela veio, sentou-se ao nosso lado e nos abraçou, as duas ao mesmo tempo, nos confortando e dizendo que agora estávamos segura. Levantou e disse: vou fazer um chá.

Pedi o endereço deles e o telefone emprestado e liguei para meu namorado, que a essa hora, já estava com meu dindo, indo pra lá.

Enquanto aguardávamos, a dona \"clô\" (ela me disse para chamá-la assim) veio com o chá e com umas broas de milho (lembrei-me da minha vó - e senti-me em casa). Não acreditei que eu ainda podia ter um \"final feliz\" depois de toda aquela noite terrivel.

Meu dindo e namorado chegaram, agradeceram os senhores que nos ajudaram. Eu abracei aquelas pessoas com tanto carinho... não tenho palavras para agradecer pelo que fizeram por mim.

Fomos embora, direto para a delegacia, onde eu fiz questão de olhar livro por livro para identificar os MARGINAIS que fizeram isso. Consegui identificar 02 dos 06. Um deles, está foragido do regime semi-aberto (ele faz parte de uma quadrilha que rouba carros e desmancha)!

Por isso que eu digo, people, BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO!!! E enterrado em pé ainda, que é pra caber mais, um do ladinho do outro. E essa progressão de regime do brasil não deveria existir, se aquele marginal estivesse preso, não teria montado uma quadrilha para me assaltar e me fazer passar as PIORES horas da minha vida até hoje!!!

Nunca me senti tão impotente frente a alguma coisa na minha vida e NUNCA senti tanta vergonha de ser Brasileira.

Desculpa o desabafo e desculpa se houver erros de digitação ou se eu alterei a ordem cronológica dos fatos. Estou medicada...

**Ah!! A BM não foi lá! Se eu tivesse esperado por eles, estava lá até agora!!