eumesma,

Já te disse, tive uma educação parecidíssima com a sua (e não me arrependo, todos os valores que tenho hoje vieram dela, mas não vou mentir dizendo que foi fácil), fui muito semelhante a você, talvez eu tenha tido na época mais consciência de que embora fosse um namoro de bastante tempo (durou 3 anos) eu tinha quase certeza, por Ns motivos, que não acabaríamos juntos.

Então eu me irrito com vc rsrs.... Mas por um lado eu me enxergo lá atrás em muitas coisas que vc fala. Meu conselho? Procure ajuda. Não perca um tempo precioso tentando resolver sozinha o que podes resolver em bem menos tempo, e com ajuda fica bem menos doloroso.

Eu tive ajuda. Fui parar no psicólogo por outro motivo, mas acabei trabalhando este também. Embora não tenha sido o motivo principal da minha ida a um profissional acabou que me ajudou, e muito, a separar a vida real da educação que tive.

NOSSA IMAGEM NO OUTRO

Uma mulher estava em busca do homem de sua vida. Todos os seus relacionamentos deram errado, e sempre que ela terminava um namoro, ela procurava outra pessoa e costumava idealizar como seria a sua alma gêmea.

Certo dia, ela conheceu um rapaz atraente e com quem se identificou. Era um psicólogo conhecido na área. Conversaram por horas ao telefone e marcaram de jantar juntos. No dia do jantar, eles se encontram e ela começa a citar as características que espera de um homem com quem venha a se relacionar. Ele precisaria gostar de sair para os mesmos lugares que ela, gostar dos mesmos programas culturais que ela, foi descrevendo outras qualificações do seu “homem ideal”.

Conforme foram conversando, ela foi contando sua vida e relatando seus gostos e preferências. O rapaz, um arguto psicólogo, logo percebeu que os mesmos traços e modo de ser que ela desejava no seu homem ideal faziam parte de seu próprio comportamento e personalidade. Ele então perguntou:

- Qual a sua idade?

- Tenho 34 anos – respondeu a moça.

- E quantos relacionamentos mais sérios você já teve? – Perguntou novamente.

- Tive seis relacionamentos com pouco mais de 1 ano de duração – revelou.

- E por que nenhum deles deu certo? – Indagou curioso o rapaz.

- Todos os homens com quem me relacionei eram muito diferentes de mim, eu não me via casando com eles. Eu acredito que devemos manter um compromisso apenas com as pessoas que tem tudo a ver conosco; pessoas com quem sentimos uma grande afinidade, e que tenhamos tudo em comum. Só que até agora não deu certo. Por que você acha que ainda não consegui encontrar uma pessoa?

O rapaz pensou por um instante e disse a moça:

- Quer mesmo a minha impressão de tudo isso? Você promete que não fica brava comigo?

- Sim, claro, pode falar. Eu também quero descobrir por que meus relacionamentos não dão certo, e você como psicólogo pode me ajudar.

O rapaz então disse:

- Por tudo o que você descreveu do seu homem ideal, e por tudo o que você me contou até agora do seu modo de ser e personalidade, parece que você está procurando um tipo muito específico de pessoa. Observe que a descrição do seu “homem ideal” e a descrição de sua própria personalidade são incrivelmente semelhantes. Pense nisso que vou te dizer: parece que você não deseja realmente encontrar uma pessoa, mas sim o reflexo de si mesma projetado em alguém. No fundo, você quer encontrar você mesma no outro, sem aceitar outras pessoas no que elas têm de diferente. Mas é justamente nas diferenças que as pessoas podem crescer e se completar. No momento em que você desistir de buscar a si mesma em outras pessoas, ou de tentar adaptar seus namorados ao seu jeito, nesse instante você estará aberta para encontrar a sua alma gêmea. O nosso parceiro ideal não é semelhante a nós em tudo, mas é, isso sim, aquele que consegue enxergar em nós algo de tão precioso mesmo em nossos gestos e comportamentos mais simples e diferentes. Muito cuidado para não tentar formatar o outro dentro do modelo de sua própria personalidade, pois neste caso você estará amando a sua própria imagem no outro, e não o outro em si mesmo. Essa inclusive é a razão de tanta solidão em nosso mundo. Somos tão autocentrados que até mesmo no outro tentamos encontrar a nós mesmos.

Autor: Hugo Lapa

*nao se manifestou