Imagem: enviada pela autora

Bom a minha historia é triste, perdi uma pessoa que amava muito, aliás, acho que foi o único amor que senti por alguém, pois amor de filho não conta.

Conheci esse rapaz quando eu tinha 15 anos, isso mesmo, eu era apenas uma menina começando a viver a vida, mas o destino me guiou a encontrar esse rapaz. Quando começamos a namorar, foi como se o mundo abrisse uma grande porta para felicidade. Ele era meu mundo, eu o amava demais, era tudo perfeito, mas como ele era mais velho e eu inexperiente, claro que acabou não dando certo o namoro e nos separamos.

Entretanto havia algo especial entre nós, por mais que não existisse mais o compromisso do namoro, nós sempre nos víamos, era como se um não conseguisse ficar longe do outro. O tempo foi passando, ele namorava outra pessoa e eu também, mas continuávamos a nos ver, até que eu engravidei do meu namorado. Juro que eu queria muito que o filho que eu esperava fosse dele, mas não era e aí minha realidade me deu um chacoalhão. Fui morar com meu namorado, meu filho nasceu e eu não conseguia esquecer meu grande amor, fui algumas vezes atrás dele e nos amávamos com muita paixão. Mas ele estava namorando e eu, mesmo não aceitando, estava casada.

Lembro-me que tive uma briga com o pai do meu filho e voltei para casa do meu pai, e então fui atrás do meu amor e a gente se amava e se dava bem, porém ele não queria ficar sem a namorada e acho que pelo fato de eu ter um filho, para ele era um empecilho. Voltei com o pai do meu filho e não procurei mais meu amor, meu casamento durou um ano após a volta. E me separei. Estava definitivamente livre para correr atrás do meu grande amor, só que as coisas eram diferentes, eu tinha um filho e meu amor estava curtindo a vida. Dediquei-me a trabalhar e a cuidar do meu filho e às vezes nos encontrávamos, mas era como se ele me evitasse.

Então, após um ano sozinha, conheci meu atual esposo, a princípio a paixão veio forte, cheguei por momentos até esquecer meu primeiro amor, mas o destino não me poupava, e onde eu menos esperava, lá estava ele sorrindo para mim. Eu não conseguia entender, pois durante todo o momento que estive sozinha ele me evitava e agora que eu estava tentando amar outra pessoa, o destino fazia com que cruzássemos nossos caminhos. Bom, acabei me casando com essa outra pessoa, mas tudo voltou, sempre nos víamos e nos encontrávamos escondidos e aquele amor nos tomava e era como se a felicidade morasse ali dentro daquelas quatro paredes em que nos encontrávamos.

Havia momentos em que eu pensava "chega, tenho que continuar minha vida, esquecer o passado e tocar para frente, ficar com meu marido e meus filhos"! Outra hora queria me entregar de vez para aquele amor e largar tudo na minha vida, marido, filho, casa, família, etc. Só que eu era insegura em relação ao amor dele, até porque nem ele sabia o que sentia por mim. Mas quando eu demorava em aparecer, ele me ligava e então eu me sentia fraca e começava tudo novamente.

Nunca, em todo nosso relacionamento "enrolado", que já durava 15 anos, estávamos tão próximos e tão bem quanto no ano de 2007/2008. Parecia que as coisas iam caminhando definitivamente, ele me ligava todos os dias, me mandava mensagens, estava tudo perfeito, até que no carnaval ele conheceu outra mulher e se transformou, continuávamos a nos ver, só que eu sentia que era por insistência minha.

Mas o mundo desabou quando um dia eu tentei ligar e ele não mais me atendeu, e eu insistentemente tentava ligar e ele não me atendia mais, cheguei até ir à frente a sua casa por diversas vezes, mas não o via. Somente esta mulher que estava sempre lá. Até que um dia, em uma de minhas ligações para casa dele, a namorada de um colega dele que conhecia bem nossa historia atendeu e me deu aquela notícia horrível.

Ele tinha sido preso, pois depois que começou a namorar aquela mulher se envolveu com algumas companhias que o desviara do caminho correto, e meu mundo começou a desabar. Em fevereiro de 2008 foi a última vez que o vi, que o beijei. Agora, como eu iria fazer para vê-lo? Era impossível e veio a condenação criminal para ele de 5 anos. Minha vida parecia que tinha acabado. Mas não desisti, descobri em qual unidade prisional ele estava e comecei a escrever diversas cartas para ele, mas ele não me respondia. Resolvi ir atrás de uma irmã dele, que veio de outro estado para ficar mais perto dele, e então ela começou a levar os meus recados para ele e trazer os dele para mim.

Mas a saudade era enorme, e eu queria vê-lo, tocá-lo, beijá-lo, e era impossível. No início de 2009, consegui o primeiro contato por telefone com ele, não sei como ele fazia, mas me ligava às vezes e eu também retornava. E nossa comunicação era essa. Ele recebia a visita daquela mulher, até que um dia ela resolveu que não iria mais vê-lo e terminou o relacionamento com ele. Mas ele ficou transtornado e queria saber tudo sobre ela e eu ingênua acabava falando o que acontecia aqui fora. Fiquei muito amiga da irmã dele, a ajudei nas coisas necessárias, arrumei trabalho para ela e estava sempre ao seu lado.

No primeiro indulto que ele recebeu, achei que fosse vê-lo, mas infelizmente não aconteceu. Ele contava os dias para o próximo indulto e eu também, queria muito vê-lo e faria qualquer coisa para que isso acontecesse. Não importava o que ele tinha feito para estar preso, eu o amava e tinha a esperança que quando terminasse de cumprir sua pena ele iria mudar. Chegado o grande dia, 30/10/2009, ele saiu da Unidade prisional para passar o feriado de finados com a família, ele não via a hora e eu também não, ele já não estava mais com aquela mulher, eu tinha certeza que nos veríamos e estava tudo combinado, eu não iria para faculdade e ficaríamos juntos. Mas, na última hora, ele me ligou e disse que não daria para me ver, e eu não entendi o porque, fiquei muito triste, mas tive que aceitar.

Então naquela noite ele foi atrás dela e não sei o que aconteceu. Cheguei da faculdade e tive dificuldade em dormir, pensando porque ele tinha feito aquilo. Até que adormeci, e tive um sonho muito estranho, tinha um lago de águas bem escuras, quase como uma lama e eu percebi que dentro daquela lama tinha uma pessoa e ela me pedia socorro, e eu apavorada, tentava ajudá-la, pois eu sentia que era alguém que eu gostava muito que estava se afundando, mas infelizmente ela sumia dentro daquela lama e eu ficava desesperada. Acordei no sábado, estava em casa pensando nesse sonho quando meu telefone tocou, era a irmã dele me dando a terrível notícia do seu falecimento, ele tinha sido assassinado.

Meu mundo desabou naquele momento, nunca havia me sentido daquela forma, era como se um pedaço meu tivesse ido embora, não me conformava, nunca mais veria seus olhos, sua boca nunca mais beijaria, minha vida parecia que tinha acabado. Foi muito difícil aceitar e acho que ainda não aceitei. Um dia sonhei com ele, após o acontecido: a irmã dele me chamava na casa dela e me falava que ele queria falar comigo, e eu assustada dizia para ela que não era possível porque ele estava morto. Então ela me pedia para entrar no quarto dela, e lá estava ele deitado na cama, muito machucado, pois antes de matarem ele bateram muito, e com uma voz mansa ele me dizia: - vim te falar para não ficar triste, pois eu estou bem, só que ninguém pode saber que eu estou aqui, eles tem que pensar que eu morri! Eu não entendia, mas o abraçava com força e loucura, aí eu acordei.

Meu sofrimento era grande e pior, tinha que sofrer calada e não deixar a tristeza transparecer em meu rosto para que meu marido e meus filhos não desconfiassem de nada. Outra noite pensava muito nele e quando adormeci, sonhei que ele entrava no meu quarto e que nos amávamos incessantemente, com loucura, amor, desejo, um sentimento maravilhoso, verdadeiro, que parecia ser eterno. Quando acordei no outro dia, tinha uma felicidade enorme dentro de mim, era como se tudo tivesse sido real, até as pessoas do meu trabalho me perguntavam o que tinha acontecido que o meu semblante estava lindo.

Bom, depois nunca mais sonhei com ele, já faz dois anos e meio que ele faleceu e sinto uma saudade enorme no meu peito, um vazio que me deixa muito triste às vezes. Mas tenho que me conformar, não sei se um dia vou voltar a vê-lo, mais tenho vontade de falar com ele, ouvir o que tem a me dizer, Vê-lo, tocá-lo. Portanto fui me apegando nessa saudade que ficou de uma bela e ao mesmo tempo triste história de amor.