Será Eu Posso Chamá-lo de Pai?

Tenho 21 anos, corpo de menina e mente de mulher.

Tudo começou quando minha mãe engravidou do meu pai em São Paulo. Ele não aceitou a gravidez e pediu que ela abortasse. Ela se negou e foi embora para o Rio de Janeiro, para casa de um tio que a tratou muito bem. Lá ela ficou durante a gravidez e, quando estava com 8 meses de gestação, voltou para casa da mãe dela (minha avó) em Salvador, onde eu nasci e moro.

Eu era muito feliz, mas lembro que sentia falta de uma figura paterna. Sempre perguntava pelo meu pai. Minha mãe resolveu morar com meus padrinhos e eles nunca deixaram faltar nada, até porque minha mãe sempre fazia o que podia, era uma mulher muito esforçada.

Quando fiz 5 anos meu pai apareceu, totalmente diferente do que eu imaginava. Sempre pensei nele como um homem simpático e educado, quando aparece ele bêbado... (nesse tempo de 5 anos ele tinha feito 6 filhos em São Paulo). Veio falar comigo e eu o evitava, pois o cheiro do álcool me incomodava).  Mas, o que mais me incomodava mesmo, era saber que minha mãe iria perdoá-lo. Dava pra perceber na alegria dela. Loucura!

Então, como previsto, ela o perdoou e ele a convenceu a morar de aluguel (antes moramos na casa de parente, de favor, e fomos muito humilhados). Então ele tinha saído de uma empresa multinacional, vendido o carro, gastado o dinheiro todo com mulheres e cachaça, quando chegou ao fundo do poço resolveu voltar para minha mãe?

É, foi isso mesmo que aconteceu. O pior é q ela aceitou. Minha mãe, que eu tanto amo, me decepcionou muito pois ela se anula, deixa as coisas passarem, muitas coisas ruins aconteceram, como agressões, dificuldades financeiras, humilhação... Ela ainda teve mais 3 filhos com ele, além de mim: 2 meninos (10 e 13 anos) e uma menina (6 anos). Ele tem um total de 10 filhos, que sabe mais não assume - eu acho...

Agora estou com 21 anos, mas costumo dizer que só fui feliz até meus cinco, depois que eu conheci meu pai passei por muitas situações que nunca vou esquecer. Não entro em detalhes porque dói lembrar... Hoje vejo que se passaram 16 anos e as coisas lá em casa estão iguais, a diferença é que não passamos tanta dificuldade como antes e moramos em casa própria agora, mas minha mãe continua sendo humilhada tratada como uma qualquer. Ele ganha bem mas se nega a contribuir financeiramente dentro de casa, só dá o básico e, ás vezes, não dá nada, chama minha mãe por nomes absurdos, não a deixa trabalhar porque diz que ela tem amante.

Eu já fiquei 2 anos sem falar com ele e, por mim, não falava até hoje, mas eu oro muito e peço sempre a Deus sabedoria e dicernimento, para que eu possa vencer essa situação. Estou me programando para morar só, apesar de não ter condições suficientes, estou comprando tudo aos poucos. Não queria isso, mas cheguei no meu limite e, se minha mãe não dar um basta, não posso mais fazer nada.

Quando converso com ela sobre ele, ela diz que eu gosto de botar fogo, ela não gosta que ninguém se meta nas brigas deles. Eu já estou cansada de viver a vida deles, perdi minha infância para cuidar dos meus irmãos e hoje ninguém lembra que comecei a trabalhar com 13 anos, me esforcei para ter um curso de informática, trabalhando de domingo a domingo em sorveteria e lanchonete, trabalhei até no curso. Agora sou auxiliar de administração, tenho plena consciência de que ninguém na minha família vai me ajudar, caso eu precise.

Porém vou encarar o aluguel novamente e Deus vai me ajudar. Meu pai quer que eu faça milagres com o dinheirinho que ganho e o dele fica escondido sei lá onde... No fundo eu ainda sinto falta de um pai de verdade... Quanto aos meus irmãos de São Paulo eu só conheço dois, os outros não sei nem se estam vivos, coitados. Peço a Deus que tome conta deles, eu amo todos eles mesmo sem conhecer... Ah, pretendo fazer faculdade de Psicologia e Recursos Humanos mas tô vendo que vai ser complicado, porém não impossível. Eu conseguirei, em nome de Jesus...

É isso, querida leitora, eu tentei resumir minha história. Peço a vocês alguma opinião/ideia/conselho, pois necessito... Obrigado!

Compartilhe