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Tenho 53, sou divorciada e minha vida desde o início não foi muito fácil, existem pequenos detalhes que ainda estou tentando conhecer.

Quando criança, vivendo uma infância muito feliz na casa de meus avós, sendo que meu avô eu o tratava como vô mesmo, porém minha avó eu a tratava como mãe, e nunca questionei esta situação. Aos meus 6 anos de vida num dia qualquer, entraram quintal afora 3 crianças, 2 meninas e 1 menino juntos com um casal, fiquei sem entender de onde surgiram aquelas pessoas, perguntei ao meu avô e veio a resposta estranha: são teus irmãos e seus pais. Sem palavras virei as costas, sai por outra porta e só voltei no fim da tarde, quase escurecendo, bem sorrateiramente, após ter certeza de que a invasão já tinha acabado.

E comecei o interrogatório, porém as explicações não me convenceram. Com isso era obrigada a fazer visitas aos meus pais, e os mistérios continuavam, quando completei 9 anos, minha mãe (biológica) obrigou meu avô a me deixar em sua casa e então começo o meu martírio. Tinha que dormir numa cama sem colchão, ou num berço daqueles grandes horríveis, virei a gata borralheira, tinha que arrumar toda a casa, lavar, passar etc. com isso chorava dia e noite não me alimentava, porque só podia comer se sobrasse a comida, roupa só usada, nova quase nunca ou então quando ganhava algum presente, mas tinha que esconder as vezes pra que minhas irmãs não pegassem.

Meu refúgio era a escola, e com isso tirava boas notas, mas continuava incomodando a todos, não podia receber elogios, tipo nossa como ela é inteligente, como seu cabelo é bonito (se eles soubessem como essas palavras tinham consequências drásticas, ou seja quase ficava careca, ameaçavam me tirar da escola) as pessoas falavam que era adotada. Chegando a adolescência comecei a investigar o porque de tudo aquilo, e descobri, através de uma vizinha, que minha mãe engravidou do meu pai, tentou de todas as maneiras me abortar, mas não conseguiu, por isso casou, dai com 7 meses eu nasci, ela achando que não iria resistir me deixou no hospital e meus avós se responsabilizaram por me visitar. Quando melhorei fui direto morar com eles.

Tentei várias vezes conversar com minha mãe o porque daquela atitude mas nunca tive respostas. Enfim até hoje minha história ainda não está completa, mas graças a Deus estou bem, tive a oportunidade de perdoar meus pais, confesso que não sou muito chegada a família, mas convivo bem com todos. As mágoas já foram dissipadas, pois conheci o Deus maravilhoso que me dá o seu amor incondicional. Louvo a Deus por ter preservado minha vida desde o ventre da minha mãe

e me amado.