Jovem Ana: acho que vc levou Platão realmente a sério, ou seja, basta sair da caverna pra colocar as mãos em uma realidade objetiva, que é como uma jóia escondida: o conhecimento, que é algo pronto, real, acabado e verdadeiro. Uma... ideia.

Não é disso que o Eco está falando, ou seja, um peão que, ao navegar pela internet, pode ler o Simpósio e achar que agora sabe algo sobre o amor ou a alma humana

O que o Eco está dizendo é que o peão que ralou anos pra comprar um carro e ao navegar pela internet encontra um anúncio sobre um organizador de moléculas de combustível que promete gerar economia no consumo, vê isso é compra. Pq?

1- Pq a internet não filtra nada;

2- Pq o peão não tem o mínimo senso pra refletir que não existe milagre em engenharia. E pra isso, ele não precisa ser engenheiro. Basta ser minimamente educado por um sistema educacional eficiente.

Obviamente que esse é um exemplo banal. Mas pode ficar sério se, por exemplo, o peão não tem senso sobre suas limitações, lê uma frase tosca sobre Maquiavel publicada por um tosco no twitter que, por sua vez, postou a frase tosca ao ler e não entender um post tosco de um blogueiro que leu algum comentário em alguma revistinha pop sobre Maquiavel, cuja origem do comentário tosco da revistinha pop é alguma entrevista de qualquer um que se mete a falar de política, cujo autor, por sua vez, provavelmente nunca leu Maquivel ou, na melhor das hipóteses leu sobre Maquiavel na Wikipédia e, finalmente, reverbera o tuíte tosco inicial, repetindo e assumindo aquilo como legítimo.

Qual o problema com o controle? Educar é restringir, podar, filtrar. Mas, assim como é proibido dar uma palmada num diabo mirim, é proibido e imoral propor uma discussão sobre o verdadeiro estado de natureza virtual que é a internet. E, como bom estado de natureza, a internet não tem controle algum. É pura selvageria.

Só pode buscar conhecimento quem está preparado pra isso. A solução é clichê: educação de qualidade desde o primeiro ano do ensino fundamental, além de pais minimamente educados.