Como eu já disse em outros tópicos, no Brasil se criou ultimamente uma cultura de que a lei educa o povo. Ledo engano. É como colcar a carroça na frente dos bois.

O povo é criado sem educação qualificada - e aí entram escolas boas e pais preparados, uma família com estrutura, saúde digna, serviços socias - o que resulta em adultos desajustados, mal educados, sem noção de deveres e de responsabilidade, praticamente crianças grandes que saem por aí botando pencas de filhos no mundo e etc. e para resolver tudo isso, pasme, cria-se uma nova lei, achando que ela terá o efeito mágico de suprir todas essas mazelas históricas. Está errado.

Inclua-se aí, para exemplificar, a proposta de alteração do ECA, a chamada \"lei da palmada\": por acaso uma lei proibindo os adultos de darem palmadas nos seus filhos vai suprir décadas de má educação e despreparo desses pais que ainda não entenderam que não se educa ninguém espancando? Se educar, por definição, significa \"promover um bem\", como é possível que se pense que a violência física possibilita educar, ou seja, infringir um mal visando promover um bem? Impossível e incompatível.

É evidente que a lei não vai surtir o efeito esperado. E as crianças vão continuar sendo espancada por pais irresponsáveis e despreparados que descontam nos filhos as frustrações das suas vidas. Claro, é tão bom fazer filhos, o problema é arcar com a responsabilidade depois do nascimento, aí [***] neles, que dão despesas e incomodam os pais baladeiros, não é? Em resumo: a lei não vai fazer o trabalho que não foi feito desde que aquele adulto ignorande e despreparado nasceu.

Sinto muito, mas isso não dá certo.

Então, fazendo o gancho: se a pessoa não foi educada pela sua família e não lhe foi ensinado que ser desleal é uma opção errada, que o melhor é ser verdadeiro e não enganar ninguém, por que imaginar que criminalizando essa conduta as pessoas serão educadas a suprir essa carência de caráter? Isso não ocorrerá com a criminalização do adultério. Tanto que ele figurou por décadas no CP e não impediu a sua prática aumentar até se tornar letra morta na lei penal.

Não acho uma boa idéia. Acho melhor canalizar recursos financeiros e humanos melhorando a educação como um todo, de modo a formar cidadãos cônscios dos seus direitos e dos seus deveres.

É difícil, caro e demorado, mas os países mais evoluídos só chegaram lá dessa forma, então não adianta nós brasileiros tentarmos fórmulas mágicas, pois elas não darão certo. Querer \"reinventar a roda\" em educação é desperdício de tempo.

Com boa educação, certamente no futuro teríamos menos adúlteros, estelionatários, ladrões, escroques, golpistas, etc etc etc.

Júpiter.

Adorei a tua colicação e teu exemplo da \"Lei da Palmada\".

Aqui no Brasil, além dos muitos outros problemas, temos um gravíssimo que é o seguinte: as Leis não \"pegam\"!

É exatamente isso.

A Lei Seca também é um ótimo exemplo. Simplesmente não colou. Me lembro que quando ela foi publicada, um professor da faculdade chegou na aula e disse: NÃO VAI PEGAR.

Parecia que estava prevendo. No início fiscalizavam que é uma beleza, todos os dias prendiam pessoas e noticiavam na ZH. E hoje? Simplesmente deixaram de fiscalizar... Só ficam sabendo que uma pessoa estava dirigindo sob o efeito de alcool quando ela mata alguem ou se mata. É triste, mas é verdade!

Júpiter!

Deja vu mais uma vez, mas... concordo plenamente contigo.

Por mim, um povo mais consciente precisa de educação, algo que não há no nosso país. Educação boa é cara e ainda por cima é voltada para vestibular, não há mais ênfase em cidadania, respeito, essas coisas. E como muitos pais transferem para a escola um papel que lhes cabe, temos crianças e jovens mal educados, baderneiros, sem noção de realidade.

E me dói imensamente quando vejo o governo se vangloriar de problemas sociais que apenas dão esmolas ao invés de dar uma formação ética e profissionalizante aos seus cidadãos. Pessoas precisam ser massa de manobra ou não servem. Um povo educado, consciente de seus direitos e deveres constrói um país mais justo, mas coerente, com mais oportunidades.

Enfim, sou totalmente sonhadora neste aspecto - sobretudo para alguém que conhece política a fundo e sabe da natureza dos políticos e do poder.

E sim, com mais educação, mais valores. Pessoas conscientes do seu lugar no mundo, dos limites em relação ao próximo... pessoas mais éticas, responsáveis.

O governo, em conluio com sua velha aliada, a igreja, poderia implementar a bolsa fidelidade conjungal.

Mas se traição é questão de caráter e como se falou em educação, pergunto: qual educação formaria essa dimensão do caráter, a familiar ou a estatal?

E aí me lembrei da velha pergunta: a virtude pode ser ensinada?

*participação relâmpago de minha parte*

Concordo com o Guilherme Bj