Acho que a diferença entre o uso da pílula do dia seguinte e um aborto, é que no caso da pílula, há a possibilidade de não estar grávida, e isso meio que acalmaria a consciência, dizendo pra si mesma: "de repente, eu tomei, mas nem grávida eu estava; foi só pra prevenir..." (ela nunca saberá)!

E no caso do aborto, há uma gravidez confirmada.

No caso do estupro, a pílula do dia seguinte faz parte da contracepção de emergência, administrada nos hospitais que atendem mulheres ou adolescentes vítimas desse crime hediondo, juntamente com o coquetel de remédios anti-HIV e outras DSTs, que podem ter sido adquiridas durante o ato criminoso.

Mas quando a camisinha fura, ou rasga, muitas mulheres recorrem a ela também.

É preciso entender que o aborto é uma questão de saúde pública e deve ser visto como tal.

E ah!!

Se me dizem que um ' erro não justifica o outro ' quando me refiro ao aborto em caso de estupro, eu continuo perguntando: Por que crucificar a mulher que defende o aborto eugênico, - no caso, do anencéfalo? Quem foi estuprada sofre mais do que a mãe que carrega a dor de ter um filho na barriga com a certeza de que nascerá morto?

Não entendo qual é o grande problema de levar em conta a dignidade da mulher nestes casos e o sofrimento que ela vai ter de passar durante toda gestação - sem falar nos riscos que pode vir a correr.

Por que é tão difícil levar isso em conta?

Dois pesos e duas medidas, sempre. Chega a ser desanimador.