Cara Nanda;

Todos somos pequenos e insignificantes; primeiramente diante da escala planetária: somos um em sete bilhões, um verdadeiro oceano de gente. Depois, nosso planeta é pequeno e insignificante diante de um Cosmos que não teríamos nem medida de avaliar...você vê então que se a gente vivesse sempre a teorizar e analisar da forma mais sensata possível o contexto em que vivemos...a gente viveria de boca aberta.

E por que? Porque apesar dessa nossa insignificância, tentar entender o desígnio disso tudo, tentar nos transportar mentalmente para os cantos mais agrestes da nossa própria galáxia (pertinho, vamos ser modestos), já é um fato notável para simples "macacos evoluídos"...se existe uma entidade superior, podemos ter certeza que temos um pouco da face de Deus em nós, apesar de sermos biologicamente semelhante a tantos outros animais que apenas vivem como a milhões de anos.

Somos insignificantes e geniais como espécie ao mesmo tempo, especulamos sobre o nosso destino, de onde viemos e para onde vamos. Não nos conformamos - a maioria - com o fato que um dia seremos esqueletos se desfazendo dentro de um caixão apodrecido, que a vida abandonará nossas mãos e que nossas retinas nunca mais processarão a luz...é dessa inexorável confrontação que surge toda a questão das religiões, como todos bem sabemos.

Houve muito mais gente que questionou antes de nós, pensem nos ermitões dos primeiros séculos do Cristianismo, vivendo toda uma existência em cavernas, dedicados exclusivamente a "outra dimensão" - homens cuja a fé férrea - também vez ou outra devem ter sofrida sérias reavaliações...

Imagine os grandes filósofos da Antiguidade, muitos partidários da reencarnação, os "arabescos mentais" que esses seres deveriam fazer para tentar entender o que se passa do outro lado do Aqueronte;

Enfim, muita gente - e mais tarimbada do que nós - viveram essas mesmas dúvidas Cara Nanda, e nos tempos de outrora, quando as tragédias eram ainda mais constantes, pense que forte tábua de salvação a religião teve que ser...tão forte que fomentou todo tipo de guerra também, mas isso é outro assunto.

Sobre destino cármico e o que implica em relação das outras pessoas posso imaginar o seguinte:

- Alguns traços básicos, influências e um caminho mais ou menos coerente já está programado para a vivência seguinte (isso tu já sabe, vou resumir); aí o cabra vai exercer o tal livre arbítrio, o que pode dar tudo numa grande #$@&¨mais adiante, prejudicando o plano piloto de outras pessoas.

No caso das crianças, se a gente crer que elas não estavam destinadas a morrer de forma tão horrível, podemos pensar que a espiritualidade vêm em socorro das mesmas, proporcionando mais adiante - em uma nova vida - condições mais favoráveis de existência, uma espécie de compensação por serem arrancadas dos seus de forma tão vil. E o mesmo em relação aos seus pais, que agora terão que viver terrenamente, com a dor mais cruel de todas. Quem sabe eles terão um fardo menos doloroso e um entedimento melhor do que aconteceu quando acabarem sua caminhada.

E se essas crianças estavam destinadas a tal destino? Bem, como em um carma coletivo, tudo teria um fim e um propósito, o martírio dos pais seria talvez a remissão de pecados passados, e promessa de entendimentos futuros...e o holocausto das crianças seria a paga de alguma atrocidade cometida no passado. O agente desse ato - o atirador - sofreria suas consequências mais ao mesmo tempo teria o perdão dos antigos algozes/vítimas....até porque, sem esse perdão (mais cedo ou mais tarde), todo o programa evolutivo não teria sentido. Tipo: "pô, ele matou 30 pessoas, terá que passar 30 próximas vidas comendo o pão que o diabo amassou?" ...a gente vê que - matematicamente - a coisa também ficaria estranha.

Mas enfim, também não estou sendo coerente em misturar estatística e a filosofia espírita, como eu disse antes, as grandezas sobre o tema volta e meia vem sempre a nos lembrar o quão somos ignorantes e limitados. O que mais posso te dizer é que esses massacres são casos pontuais, se acontecessem em uma proporção maior do que as outras tragédias que afligem nossas crianças, como os meramente acidentais, aí eu te digo que a fé de muito mais gente ficaria abalada.

Por enquanto podemos apenas perseverar, e ter a consciência que nesse exato momento, existem milhares de casas espíritas no mundo, dando conforto espiritual e até medicinal as pessoas, sem cobrar nada mais do que um semblante amigável.

Se é uma mentira, uma auto sugestão das pessoas - não saberemos -, de todo modo temos que considerar que ter fé em algo nunca nos rebaixa, apenas agrega, não perdemos nada em ter fé.

"Esse assassino veio com seu planejamento reencarnatório e, pelo que eu conheço do Kardecismo, certamente não estava escrito que ele faria uma coisa monstruosa dessa. Tal fato foi resultado do seu livre arbítrio. Então como podem essas vítimas não terem sido injustiçadas? Estavam elas fadadas a morrerem nas mãos de um doente? Se estavam, então o próprio doente veio com essa missão, não é? Mas entendemos que ninguém vem com tal missão para a Terra. Então, como não pensar que as vítimas não foram injustiçadas? "

Nanda há bastante tempo estou afastada do PF, acesso-o muito raramente e com certeza não foi por acaso que hoje, numa sobra de tempo, deu vontade de acessá-lo e comecei a ler teu tópico e achei muito interessante e contribuições muito valiosas. Gostaria de comentar o seguinte que é a MINHA VISÃO, o que meu parco entendimento me permite até então. Como vejo essa questão que vc coloca do plano reencarnatório do assassino, penso que pode ele em encarnação pretérita ter matado vamos dizer 50 pessoas nessa matou 30, já é uma evolução e nós que nos somos seres “normais” nos prepararmos para vir aqui e resgatar o mal que fizemos antes mas será que conseguimos fazer metade do que nos propomos??? Então com assassinos, bandidos, acontece o mesmo até se preparam fazem um planejamento para melhorar/progredir mas chegam aqui e fracassam, acho que soubéssemos o que já fizemos ou já fomos nos condenaríamos a pena de morte mas como a Kvet colocou muito bem, Deus é um Pai tão bom e amoroso que sempre nos dá nova chance e nos permite até questionar sua existência.

EU entendo que qdo falamos/usamos o termo missão é em se tratando de alguém grandioso como Chico Xavier, Madre Teresa, Irmã Dulce e tantos outros, o restante é resgate mesmo, aparar arestas, nova chance para tentar progredir.

E por último, se concebemos um Deus JUSTO e soberanamente bom e perfeito, ele não permitiria jamais que nenhuma dessas crianças lá estivesse ou fosse morta dessa maneira se não precisasse passar por essa prova.

Um Feliz e Abençoado Natal a todos!!! E que lembremos principalmente do aniversariante.