É isso, Paulinha: parece que eu virei uma Kate Mahoney (nem sei se a Dama de Ouro é do teu tempo).

Sei lá, como se eu fosse uma delegada, uma \"otoridade\", alguém que mete medo.

Logo eu!

Ainda se fizesse a fama, poderia deitar na cama buuut... numtointeindeindo.

É que primeiro eu choquei, Abu. Não acreditei mesmo.

A gente tava dormindo, ele teve um sonho, disse que tudo apareceu claramente na cabeça dele: quem era o cara, o que eu andava fazendo e talicoisa. Taí alguém que é mais doido que eu; pobre da nossa filha.

Eram seis e meia da manhã, tudo escuro ainda. Sei lá, passei mal! Ficou parecendo que eu devia mesmo. Aí me acalmei e disse: pode vasculhar, faço questão. Nesses assuntos não há nada que se diga que acalme um coração a não ser que se tire a teima. Disse: go ahead, vai fundo, mano.

Mas tô chateada. Triste, decepcionada, sei lá que mais.

Eu levei um susto, jamais imaginaria um babado desses. E agora meu único medo é o de perder a liberdade. Como eu não sei de quem ele suspeita (e nem quero saber pra não mudar com a pessoa), qualquer coisa que eu faça está sendo vista com segundas intenções. Não tenho como ser natural. Isso é péssimo. É uma coleira moral. Uma bosta.