Nasci em família de descendentes de italianos. Todos muito branquinhos, todos muito orgulhosos do seu dialeto italiano, todos, em maior ou menor grau, racistas.

Confesso que, nascida e criada nesta cultura, carreguei muita coisa dentro de mim. O medo ao ver um negro na rua quando era criança, o estranhamento ao ver um negro em alta posição social...

Com o tempo, maturidade e consciência, fui me policiando para ver em mim mesma o preconceito que eu tanto julgava que os outros tinham (sim, é fácil julgarmos que os outros são preconceituosos sem olharmos para nossas atitudes).

Há uns 3 anos conheci o homem por quem me apaixonei e com quem me casarei. E ele é negro. Vi muitos olhares desconfiados no início, tive que ouvir coisas como: “ele é negro mas é boa pessoa né?”. Fiquei brava, discuti, enfrentei...Com o tempo, acabaram os preconceitos, os olhares, os comentários. Com o tempo, parece que ele é quase mais da família do que eu! ;)

Dessa experiência tiro pra mim que racismo muitas vezes é falta de conhecimento, de diálogo, de convivência. É sim ignorância, mas como vou culpar minha avó se ela nasceu com pais racistas e não teve acesso a outra visão de mundo? A convivência e a informação humaniza, quebra barreiras, preconceitos.

Ainda acredito que estejamos nos direcionando para um mundo sem preconceitos, pena que a velocidade deste processo esteja lenta...

P.S. Minha vó, até então racista (e talvez ainda racista com os negros que não conhece), hoje é apaixonada pelo meu namorado, e ai de mim se for visitar ela e não o levar comigo!

Por ser negro, sempre fui discriminado. Mas superei! Segui meu coração e o amor venceu! Agora só sou discriminado pela obesidade mórbida. S2 miguxos!