Vale a pena?

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hannafly
No PF desde: 11/02/2014

Olá, tenho acompanhado alguns tópicos do fórum há algumas semanas e resolvi me cadastrar, estou realmente precisando desabafar.


Tenho 20 anos, namoro com um rapaz há quase 4 anos. Como eramos muito jovens quando começamos a namorar e esse é o primeiro relacionamento sério dele, tivemos muitos problemas ao longo dos anos. Após 6 meses juntos, estava mexendo no celular dele (com ele ao meu lado) e vejo uma mensagem exageradamente carinhosa, com "boa noite, te amo" para uma menina que eu não conhecia. Obviamente pedi explicações e fiquei chateada, mas ele se transtornou, brigamos, e, depois de uns dias, ele pediu desculpas e disse que era só uma amiga, explicou que ela morava em outro estado, reconheceu que não deveria trata-la assim, mas falou que isso não iria mais acontecer. Considerei terminar o namoro ali mesmo, mas resolvi dar uma chance. A partir daí, comecei a ficar muito insegura com qualquer menina com quem ele conversava (seja de faculdade, colega, amiga) e comecei a agir, admito, de forma repressiva. Tinha crises de ciúmes absurdas por motivos bobos, sempre queria saber onde ele estava ou o que estava fazendo etc. Pura infantilidade, mas eu não sabia como lidar com isso. Talvez por isso ele me passou a senha do e-mail e facebook dele. Admito que acessava às vezes, mas nunca encontrando nada suspeito. Até que certo dia entrei no facebook dele e li várias mensagens dele flertando com uma menina que, mais uma vez, eu não conhecia e, mais uma vez, era de outro estado. Fiquei devastada, me sentindo enganada novamente. Liguei para ele e discutimos durante horas. Acabei deletando meu facebook, não o tenho até hoje. Ele deletou o dele também. No fim, ele pediu desculpas, dizendo que isso não iria se repetir, e, novamente, eu aceitei. O problema é que meu comportamento só piorou, colocava-o contra a parede mais e mais, achando que assim eu não voltaria a ser enganada (hoje vejo quão ingenuo é esse pensamento). Além disso, passei a dar muita liberdade para um amigo da escola (estava no 3º ano do colegial) que eu sabia que tinha uma atração por mim. Não aconteceu nada, mas flertávamos muito, sempre com indiretas, proximidade e um clima de tensão sexual forte. Fora isso, traí o meu namorado com um amigo colorido do meu passado que mora no RS e veio passar uns dias em SP. E o pior de tudo é que não consigo me sentir culpada quanto a isso até hoje. Frequentemente remoía todas as vezes em que ele me magoava e logo em seguida pensava na traição, como se ela "aliviasse" o que eu sofri. Terrível, eu sei.


No começo/meio do ano passado parecia que as coisas haviam melhorado ou, no minimo, estavam encaminhando. Como eu fiz cursinho perto do trabalho/casa dele, nos víamos com mais frequência. Várias vezes dormi alguns dias da semana na casa dele. Mas, com o passar do ano, ele voltava cada vez mais frequentemente bêbado para casa, chorando muito e parecendo inconsolável. Certo dia ele me chamou para conversar e me contou que foi abusado quando era criança. Foi desolador. Tentei ajuda-lo como pude, oferecendo-me para ouvi-lo, para apoia-lo e dizendo que poderíamos buscar ajuda profissional. Ele não quis, sequer queria tocar no assunto novamente. Dei-lhe tempo e espaço, então, e ficamos alguns dias sem nos ver. Alguns dias depois, não sei porque, me deu uma vontade de acessar o e-mail dele (eu já não fazia isso há quase um ano). Entrei e, nas mensagens que ficam ligadas ao skype, li uma mensagem de "boa noite, minha donzela" para uma menina que eu desconhecia. As 5h da manhã de uma sexta feira, dia que ele não dormiria na minha casa/supostamente dormiria cedo pois teria aula de inglês no sábado de manhã. Descobri que essa menina é casada. Chorei muito. Me senti uma idiota. Achava que as coisas estavam melhorando, que ambos estávamos dispostos a nos focar em NÓS. Discutimos por telefone durante a noite inteira. Ele não negou nada dessa vez, ficou apenas se criticando. No dia seguinte, ele veio até a minha casa com o intuito de terminar comigo. Ele me disse que não conseguia ficar muito próximo de mim, porque eramos muito íntimos, eu sabia coisas demais dele e, as vezes, quando nos tocávamos (abraços, beijos, sexo), ele lembrava das imagens do abuso e me associava a elas. E o jeito que ele via de escapar disso era flertando com outras pessoas, que não tinham toda essa intimidade com ele, que não envolviam sentimento. Além disso, falou que se sentia sufocado por mim, que eu era muito ciumenta e possessiva. Eu não havia percebido a magnitude do meu comportamento até ele apontar clara e diretamente. Admiti minha culpa, pedi desculpas.. Enfim, quando percebi, nós dois estávamos chorando e colocando todas as nossas insatisfações com o relacionamento "na mesa". Resolvemos ficar um tempo afastados, ainda namorando, mas nos vendo pouco; ele dizia que precisava ficar um tempo sozinho.


Depois de mais ou menos um mês, voltamos a nos ver mais. Ele parecia estar diferente. Saímos com uns amigos da faculdade dele e, em meio a uma conversa, descobri que ele frequentou bares com esses amigos várias vezes durante o ano passado. Me lembrei de uma vez em que senti cheiro de cerveja dele e perguntei casualmente "ué, você bebeu?" e ele negou vigorosamente, ficando "ofendido" pela pergunta. Me senti decepcionada. Parece que tudo o que eu descobria eram mentiras, omissões.. Discutimos. Em meio a isso tudo, acabei confessado que o traí. Não sei se ele acreditou..


Durante o final do ano passado, conversamos mais algumas vezes sobre nosso relacionamento. Ele dizia que estava mudado, que se sentia mais maduro, que não sentia mais necessidade de omitir nada para mim e não sentia mais necessidade de flertar como "válvula de escape". Eu duvidava seriamente disso e fui sincera. Quase terminei com ele... mas não sei, ele parecia realmente estar diferente. Parecia disposto a fazer as coisas darem certo. Ele deletou o skype (o que me incomodou, mas ele dizia que não sentia mais necessidade de ter um), trocou o chip do celular, passou a me apresentar todos os amigos e amigas, contar mais sobre o trabalho, a faculdade, dizia constantemente que não queria ficar longe de mim e queria que nós fossemos felizes.. Bom, agora cá estamos nós. Obviamente, mudei minha postura também. Não olho mais celular, e-mail, nada. Tento não pressiona-lo como antes, não tenho mais crise de ciúmes (até agora não houve motivo também..). Dou liberdade para ele. Estamos bem, amo-o o muito e sinto que "batalhamos" para conseguir passar por cima dos erros do passado e ainda estarmos juntos. Mas não consigo mais confiar 100% nele. Já me peguei fuçando perfil do facebook da menina, fuçando perfil do marido dela! Já voltei a conversar com o meu namorado sobre esses flertes e como eu me sentia algumas vezes e, todas as vezes, ele parece sofrer em falar nisso, se sentir arrependido e dizer que as coisas não são mais assim, que ele não é mais assim. Não gosto de me sentir tão insegura, sentir que serei enganada novamente. Ainda mais porque ele parece confiar piamente em mim e constantemente faz declarações "grandiosas", como dizer que ele é mais feliz comigo, que sou a única pessoa em quem ele confia e consegue se abrir, que ele quer construir um futuro ao meu lado etc. Queria deixar o passado para trás e dar uma chance real para ele, mas não consigo. Não completamente.


Além disso, tenho me sentido terrivelmente solitária. Meus poucos e únicos amigos moram longe (BSB, RS, CE..). Tenho uma dificuldade absurda em conhecer pessoas novas, fazer amigos. Para vocês terem noção: ano passado conheci duas pessoas no ano inteiro. Uma delas saiu do cursinho e passei a conversar apenas com a outra, que parou de ir também, depois de um tempo. Daí fiquei o resto do ano sozinha, sem conversar com ninguém. É estranho, parece que quando tento me aproximar de alguém fico muito nervosa, suando, travo, fico muito vermelha e tudo o que digo ou faço é mecânico e bobo.

E não passei no vestibular, vou ter que encarar mais um ano de cursinho e, como esse ano quero estudar mais ferreamente, vou ter que me isolar mais do que normalmente faço. Tenho tendência a depressão (fui diagnosticada com 15 anos) e, apesar de ninguém saber, flerto com o suicídio constantemente. Pensar nisso me alivia, me faz ver que posso "apertar o botão de desligar" quando não aguentar mais levar a vida. O problema é que esse pensamento tem batucado na minha cabeça demais ultimamente..


Well, não sei se alguém vai realmente ler tudo isso.. mas se ler, muito obrigada. Não tenho com quem falar sobre isso e realmente precisava pôr para fora, quem sabe ouvir uma opinião de um terceiro..


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hannafly
No PF desde: 11/02/2014

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Ro Samy
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No PF desde: 24/11/2012

Li tudo sim. Sei bem como o sofrimento e a solidão podem machucar uma pessoa...vc quer me mandar seu email? Podemos conversar, vc desabafa mais um pouco....passei situações semelhantes as suas...


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hannafly
No PF desde: 11/02/2014

Ro Samy, gostaria muito de trocar e-mails com você.:) Estava procurando como mandar mensagem particular pelo fórum, mas não achei.. enfim, o e-mail é


morenacat01
Offline
No PF desde: 17/09/2013

Você reconhece que possui problemas sociais que te impedem de ter uma vida melhor, e que isso te incomoda. Então, acho que você deveria buscar ajuda profissional para lidar com isso. Com relação ao seu namorado, somente você pode deciidir o que fazer. Acho que algumas coisas como confiança e respeito são como vidro quebrado, uma vez que se quebra não há como deixá-los intactos novamente. Às vezes você pode até estar nesta relação como uma válvula de escape para que você se distraia e não tenha tempo de resolver seus próprios problemas.. Isso acontece muito. Enfim, nada muda se você não mudar!! Procure ajuda, não tenha medo disso. Bjs e boa sorte!


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hannafly
No PF desde: 11/02/2014

morenacat01, Eu costumava pensar assim também sobre confiança e respeito, mas hoje penso que talvez haja como reconquistar a confiança.. "construir" um novo vidro, quem sabe. Será que sou muito ingenua?

E eu já vinha pensando em procurar ajuda, só não fiz isso ainda porque sou meio descrente com relação a psicólogos/terapeutas.. mas acho que já é hora mesmo. Obrigada:)


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Si Cal
No PF desde: 06/08/2010

Hannafly a TERAPIA nao faz milagre, mas só de ter alguem para ouvir suas angustias já é por si só muito bom... e melhor sem julgamentos.. :-)


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hannafly
No PF desde: 11/02/2014

Concordo com você Si Cal, mas nunca gostei muito do lado "unilateral" das sessões, sabe? O paciente conta os mínimos detalhes da vida dele e o terapeuta só ouve e de vez em quando faz um comentário. Lembro que a minha antiga psicologa sempre me instigava a falar, desabafar, chorar, gritar etc mas não dividia muito os pensamentos/vivencia dela. E eu sempre fui do tipo que se sente melhor sentido que não estou num monologo, então..:P


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Nary
No PF desde: 20/08/2008

Hannafly seja bem-vinda..


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hannafly
No PF desde: 11/02/2014

Nary, obrigada!


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BLUEyes
Offline
No PF desde: 22/11/2013

Depressão é o tipo de doença que eu não desejo pra ninguém. É difícil pra quem tem e pra quem convive. Penso que você deveria seguir algumas dicas que acho que podem te ajudar:


Evite ficar sozinho - Geralmente, quando estamos deprimidos, desejamos afastar-nos das pessoas. Nossa vontade é nos retrairmos. Mas essa retração implica em isolamento, o que relacionado com a depressão significa alienação.


Obrigue-se a buscar a companhia de outras pessoas. Quando ficamos só, os pensamentos que vêm a cabeça são negativos. Peça ajuda de outra pessoa - Durante o período que você se sentir triste, com depressão, nossa percepção das coisas se modifica. Se você não tem amigos, procure uma tia querida, uma pessoa que você considera na tua família e porque não uma igreja que possa te acolher.


Às vezes uma coisinha de nada se torna uma montanha. Mas um amigo leal, um parente, um terapeuta pode levar-nos a ver a medida exata das coisas, na perspectiva certa.


Ninguém pode libertar-se de uma depressão esforçando-se para sair dela, assim como não poderia sair de um poço de areia movediça arrancando os cabelos.


Procure estar com pessoas que lhe tragam alegrias, e em situações alegres. Evite momentos de conflito com família, namorado (esse teu tá te dando muito trabalho e te fazendo sofrer, não acho que ele seja a pessoa ideal para estar ao seu lado). Você merece alguém maduro, sensível, que conhece tuas qualidades, teus defeitos e os entende. Um namorado assim, jamais entenderia seus momentos de angústia e insegurança.


Não faça da sua reprovação no vestibular um fracasso na sua vida, pelo visto você é uma menina bastante determinada, está ralando, estudando e certamente o sucesso te alcançara.


Por fim, tá triste? tá sozinha? Cante...dance. Tente dominar os pensamentos ruins. Nossa vida é cheia de momentos infelizes, de tristeza, todos têm problemas, até piores do que o nosso, pense no lado bom, nas suas qualidades e veja o quanto você é afortunada e melhor do que muitos que têm por aí.


Sei o quanto é difícil, tenho duas pessoas bem próximas a mim com depressão, quem tem essa doença tem que lutar a vida inteira para ser feliz, tem que procurar identificar o que a faz feliz e aprender a driblar os momentos de angústia e o mais certo seria procurar uma pessoa que cuide do seu caso, uma terapeuta ajudaria bastante na sua qualidade de vida.


Depressão não se cura somente com remédios mas com estímulos que só você saberá criar para melhorar.


Espero que consiga e seja muito, muito feliz.


Beijos