Um grande desabafo...

15 respostas [Último]
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claraluz
No PF desde: 17/01/2010

Obrigada, Cadu, você é um doce!

O mais impressionante entre meus pais foi ver o amor e o cuidado que meu pai teve com minha mãe durante o tratamento contra o câncer. Nada mais lindo e triste, pois sabíamos que a sobrevida dela seria curta. Ela era linda, fomos acompanhando a decadência física típica dessa desgraça de doença e meu pai nunca deixou de estar ao lado dela, amando e animando-a. Ela durou quase 2 anos a mais do que o esperado, e nesse tempo todo eles estiveram juntos (todos nós, na verdade), fazendo tudo o que estava no alcance para que ela se sentisse melhor. Esse amor é o que faz diferença, é o que dá força, que traz vida!

Beijo!


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dudy
No PF desde: 02/07/2008

que linda história, triste, mas linda... um dia vc poderia contá-la no histórias de vida, fazer uma homenagem a esse pai que pelo jeito te enche de orgulho, bjooo claraluz!


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Carla Abbondanza
No PF desde: 22/06/2010

Ah, mas eu também posso falar um monte de coisas sobre esse assunto. E vou falar...hehehehehehe


Eu entendo a visão da Claraluz e até concordo em alguns pontos, mas certamente a minha visão será entendida por muitos como fria demais. Porém, é o que eu tenho percebido ao observar o mundo à minha volta.


Os casamentos hoje são descartáveis porque são decididos com o coração, no calor da paixão, e não com a cabeça. Coração não tem neurônios e nem noção de tempo. No coração tudo é eterno e imutável. É na cabeça que acontecem as ponderações, onde o tempo faz sentido e as consequencias podem ser mensuradas. Os poucos casamentos recentes que conheço que realmente funcionam (por recentes me refiro a quem tem no máximo 25 anos de casamento - pós divórcio no Brasil) não foram decididos no calor da paixão e sim na calmaria da racionalidade. Isso significa que não havia amor? Claro que havia, mas seguindo o caminho contrário do que é feito hoje - amo primeiro, caso depois -, o amor era consequência da convivência e compatibilidade. Casamentos de pessoas que mesmo antes de encontrarem seus cônjuges, já tinham como objetivo de vida constituir família, tinham claro em suas cabeças a responsabilidade que isso representa, e que na hora de namorar pra casar, buscaram por pessoas com o mesmo objetivo e disposição em lutar por ele.


Vou dar o exemplo de uma prima mais velha. Ela sempre teve em mente que queria casar-se, ter filhos, construir uma vida em família, um patrimônio para essa família e assim por diante. E também sabia, pelo exemplo dentro de casa com seus pais, que casamento não era brincar de casinha - quando fica chato, guarda as panelinhas e brinca de outra coisa. Ela foi namoradeira, teve vários namorados e um deles foi uma paixão avassaladora, daquelas de fazer até emagrecer. Na cabeça dela na época, aquele era o homem de sua vida e eles iam casar mesmo, chegaram a falar disso. Mas minha tia achava que não...hehehehhe. Meus tios nunca foram de proibir namoros ou coisa que o valha, mas minha tia apenas pediu a minha prima que esperasse um pouco, um ano de prazo, pelo menos. E que nesse tempo, minha prima analisasse o mais friamente possível se aquele rapaz era mesmo ideal para ser o pai dos filhos dela, o companheiro para o resto da vida, o sócio na construção daquela vida a dois. Em menos de seis meses minha prima estava completamente desencantada com o tal rapaz. Viu que apesar de ser apaixonante, ele não era alguém com quem ela poderia contar nos momentos realmente importantes.


Um ano depois, ela conheceu o marido. Não foi uma paixão louca, mas os dois compartilhavam os mesmos valores, a mesma visão sobre o casamento e a família, os mesmos objetivos e no decorrer do tempo foram percebendo que se gostavam e CONFIAVAM um no outro o bastante para mergulharem juntos na empreitada de serem um casal. Hoje eles estão completando 20 anos de casamento, tem dois filhos e, mesmo com todos os problemas enfrentados, nunca passou pela cabeça ficarem um sem o outro.


O que falta nos casamentos de hoje é o entendimento de que o casamento não tem por objetivo garantir a felicidade individual das pessoas. O objetivo do casamento, pasmem, também não é \"coroar o amor entre duas pessoas\". O objetivo dessa instituição é ser um alicerce social, garantir a unidade familiar e incluir o indivíduo num grupo de laços emocionais e afetivos essenciais à sobrevivência desse mesmo grupo. O casamento deveria ser muito mais do que o desejo de duas pessoas viverem juntas. E era muito mais do que isso até pouco tempo atrás.


O casamento sempre foi uma instituição social e, como tal, sempre afetou profundamente as relações sociais muito além do casal. Não era só o noivo e a noiva que se união no casamento, eram suas famílias que se uniam. A ruína de um único casamento podia causar sérios problemas para toda uma comunidade. Por isso, o amor - e principalmente a paixão - não era levado em conta na decisão pelos casamentos, justamente porque sentimentos são voláteis e volúveis. Sentimentos mudam com o tempo. Mas o casamento tinha que estar acima disso e os casais sabiam do quanto deviam batalhar para que a união fosse sólida, porque da luta deles dependia o bem-estar de muitos, não apenas o deles.


Hoje, são vários os problemas. Poucas são as pessoas com essa noção de coletividade. Estão todos sempre muito preocupados com o individual. Se não está bom para a pessoa, ela simplesmente cai fora porque, teoricamente, não tem que dar satisfações a ninguém. Se por um lado é ótimo que hoje ninguém mais seja obrigado a casar, por outro é péssimo que essa escolha seja geralmente feita sem considerar a opinião de quem está por perto. \"Se minha família não gosta do meu namorado, problema deles. Eu gosto e vou casar com ele de qualquer jeito\". BULLSHIT! Eu jamais me casaria com alguém que minha família desaprovasse, porque confio no discernimento deles. E o que eu faço afeta, sim, a vida das pessoas que eu sei que me amam. Mas aqui mesmo no fórum, a gente vê um monte de pessoas insistindo em relações que elas sabem que não terão final feliz. Por mais que a família se oponha, por mais que a própria pessoa veja os sinais de que algo não vai bem, elas insistem em nome desse suposto \"amor\". Fica difícil construir um casamento sólido quando o sentimento e a vontade de mantê-lo só existe para uma das partes.


E tem também esse mito do amor romântico que diz que encontraremos nossa alma gêmea, aquela pessoa quenos fará ouvir sinos, e a partir daí teremos um amor de conto de fadas. Todos os dias serão maravilhosos, nunca teremos problemas de relacionamento, o outro será sempre perfeito. Isso não existe, porque amor se constrói todos os dias, nas pequenas coisas, na prática da tolerância e do diálogo, na disposição de ambos em valorizar um ao outro. Amor não vem pronto. Só que tem gente, muita gente, que ainda acredita que se a relação não for igual a da novela ou do filme, então não é amor e pode ser descartada para se buscar o \"amor verdadeiro\". Essa idealização do outro, de como deve ser a relação a dois e do que é felicidade, aliada ao individualismo extremo, tem sido o pior veneno para os casamentos nas últimas décadas.


Acho que falta hoje em dia um equilíbrio entreo individualismo e o nosso papel na coletividade. O casamento precisa equilibrar-se entre o sentimento e a razão, entre a realidade e o ideal.


E eu escrevi pra diabo, mas se deixar, eu escrevo uma bíblia sobre isso...hahahahahahahah.


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dudy
No PF desde: 02/07/2008

Muito bom Carla, não é uma visão fria não, é realista. Acredito neste equílibrio também. Casei pensando assim e espero que saibamos sempre administrar (racionalmente) nossa vida a dois, mas tb. com muito amor... bjooo


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Dr. Pessoa
No PF desde: 21/12/2009

Adorei o texto e comungo com ele. Já escrevi sobre a banalisação dos relacionamentos inclusive um texto meu foi utilizado pela Dudy, o que me deixou muito comovido.


Como o fato social é que influencia o Direito, desde que foi aprovada a Lei do Divórcio, estão vindo outras que abre mais portas para a dissolução de contratos nupciais. Vieram a separação judicial, divórcio direto, dissolução de sociedade conjugal, união estável, separação de corpos e agora, o término de separações e a declaração de divórcio. Tudo facilita a desunião conjugal. Agora, pergunto: o que estamos fazendo para a união de duas pessoas que se amam e querem viver uma para outra!


O individualismo e as relações fúteis estão aumentando muito, enquanto que as com raízes sólidas estão diminuindo.


Culpados...tem muitos...mas precisamos urgentemente salvar os inocentes!!