Pessoal,

quero apenas expor minha opinião, depois de tanto ler sobre casais que se encontram confusos. Vai ser um texto gigante, mas vou escrever tudo o que passa no meu coração. Para situar quem está lendo, tenho 31 anos, cresci no interior do RS e vim para Porto Alegre há 15 anos. Se quiserem opinar, sintam-se à vontade.

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Parece que casamentos não valem mais nada atualmente...

As pessoas não querem mais se entender, se dão por vencidas, acham que não precisam lutar, reconquistar, se esforçar, porque tudo o que dá trabalho é desconfortável e deve ser abandonado. Mas não é assim que deveria ser.

Falta de amor, comodismo, rotina, tudo na mesma panela, aí (re)aparece alguém, e pronto? Não me parece a melhor forma de se manter um casamento. Entornam o caldo e tudo pode ser mais bonito agora!

Outra coisa que me perturba é a onda de relacionamentos descartáveis que o \"ficar\" trouxe. A banalização do sexo, a falta de cuidados com os sentimentos alheios, a distorção do namoro.

Alguém lembra para que serve namorar?? Aposto que não!!

Namoro, nos tempos em que as pessoas se preservavam, vinham depois da \"corte\", quando dois jovens se interessavam um pelo outro, demonstravam vontade de se casarem e então obtinham uma \"autorização\" da família, por assim dizer, para conviverem, se conhecerem, descobrirem do que outro gostava, etc. O tempo foi passando e o significado foi ficando para trás, devido às \"modernidades\" do pensamento de que \"faço do meu corpo e da minha vida o que bem quiser\", junto com o número crescente de \"broken homes\" (lares desfeitos), que acabavam por destituir o poder dos pais sobre os filhos de dar o exemplo de conduta.

Namoros eram prenúncios de casamentos, caso tudo continuasse dando certo, partia-se para o noivado (com data e tudo, não intermináveis como atualmente) e dali para o casamento em si.

Eu não namoro quem eu não imagine comigo daqui a muitos e muitos anos. Não é certo brincar com os sentimentos dos outros \"enquanto a pessoa certa não aparece\", a gente nunca sabe o impacto que vamos causar na vuda de alguém a iludindo e a largando por outra que parece mais certa do que a que a gente está no momento.

Sou romântica e \"old fashioned\" a respeito de casamentos, leio muito sobre o assunto e para mim, casamento deve acontecer quando ambos se sentem convictos de que querem ficar juntos pelo resto da vida: se imaginem daqui a 50 anos, cheios de rugas, com suas manias atuais, mais algumas imaginárias, se seria ainda assim gostoso estar com a pessoa, se o \"estoque de amor\" não vai ter se esgotado pelo caminho, se não vai querer desistir quando aparecer uma tentação mais jovem? Ou quando o dinheiro começar a escassear, vai querer ainda assim estar no mesmo barco e segurar as pontas? Ou quando a habilidade de ler ou de ouvir diminuir, será que a paciência será a mesma? E a vontade de ajudar o outro a levantar quando a força das pernas não for tão boa, de repente as compras ficam pesadas demais para só um carregar para dentro de casa, haverá esse cuidado em ajudar? E quando a memória estiver mais curta e a quantidade de pílulas for grande, vai ter a preocupação em não deixar o outro errar a dose, passar do horário, ou tomar o remédio certo? E quando o outro tiver adoecido, terá o cuidado em zelar pela saúde do companheiro? Acho que ninguém faz essa projeção, será que eu sou tão fora da realidade imediatista e superficial de um relacionamento? As caras e os corpos de hoje não serão os mesmos daqui a 30 anos!!

Não quero me casar para aproveitar o bom do agora, quero alguém para a vida inteira, será que isso é fora de moda??

Quantos de vocês pensam \"ah, se não der certo a gente separa\"??? Não é assim que se começa um casamento!!!

Quando li, certa vez, certas palavras sobre (aparentemente do Dalai Lama) que guia ao casamento certo, fiquei a pensar e acho que há mesmo muito de certo nele:

\"Case com alguém com quem você goste de conversar.

A medida em que vocês forem envelhecendo, seu talento para

a conversa se tornará tão importante quanto todos os outros.\"

Talvez seja por essa falta de habilidade que tantas vezes as pessoas se tornam infelizes. E não é conversar, simplesmente. Pelo menos para minha vida pessoal algumas cadeiras de Administração serviram... No tocante à comunicação, em seu significado mais básico (quando o que é dito por uma pessoa é ENTENDIDO pela outra), esta tem que ser efetiva, mas acima de tudo, tem que levar os dois ao \"corporativamente famoso\" ganha-ganha, onde o que se está falando não seja apenas para que uma das partes saia favorecida em detrimento da outra.

Um casal é um time, com os dois trabalhando para um objetivo comum, não objetivos individuais, senão ele se torna duas pessoas \"atadas\" uma à outra, cada uma tentando ir para um lado diferente, mas juntas... ambas se frustram.

Apesar de parecer que eu tenho pensamento meio calculista, não deixaria de maneira nenhuma de levar em conta meus sentimentos. Menos ainda os da pessoa que eu amo! E para ser bem honesta, se minha família quiser ser contra uma pessoa que eu quisesse escolher para mim, deve obrigatoriamente ter argumentos muito fortes e contundentes para me fazer desistir, pois na minha concepção, o amor verdadeiro dá forças inimagináveis para a gente. Minha família será sempre minha família, por mais que o calor do momento de briga leve a pensar que não há amor (mas sempre haverá!), então minha tendência será escolher quem será minha família quando todos os outros se forem, quando eu tiver que enfrentar meus dias pela minha própria vida, quem conviverá comigo até minha velhice (espero chegar lá), cuidando de mim e me amando e recebendo reciprocamente.

O divórcio veio libertar uma legião de pessoas infelizes, que casaram \"enganadas\", sem amor, mas principalmente as que sofrem agressão do parceiro. Fora esse último motivo, os outros são banais. Não culpo o divórcio pelo fim do romantismo, mas não o absolvo. E não existe atualmente quem se case forçado pela família, ou seja, o resultado frustrado é fruto de suas próprias escolhas. Não acho que tudo se resolva desfazendo um contrato no papel, se é no coração e na alma que está a resposta.

Pensassem no longo prazo antes de fazerem suas escolhas...