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Apresentação
Olá, pessoal
Acabei de chegar!
procurava um local onde pudesse desabafar magos a ter algum conselho do que fazer numa hora complicada
Não sou muito de desabafar com amigos. Habituei-os assim e eles pensam que sou de ferro, nunca tenho problemas, e estou sempre a ouvir os outros.
Procurava um local onde pudesse por os meus problemas, que alguem me ajude a encontrar um caminho e encontrei o vosso forum.(agora tambem meu)
Andei a ler um pouco o que por aqui está e parece me que é tudo boa gente, que vou ter uma palavra amiga e quem sabe ajudar os outros com a minha expriencia.
Sou portuguesa, Tenho 40 anos, casada há 19 e duas filhas fantasticas de 14 e 6 anos.
Neste momentoos meus problemas tem a ver com um marido com um feitio dificil de compreender e de um mau ambiente em casa devido á forma como ele reage dentro do lar. Exigencias e frases que magoam.
Tenho que manter este casamento devido a dependencia economica e tambem por querer manter um lar as minhas filhas.
há alguem por aí com problemas identicos, e que queira trocar ideias comigo. Alguem que me diga como devo manobrar alguem com um feitio dificil?
Artigo: É PRECISO ESTAR PREPARADO PARA SEPARAR-SE
por Luiz Alberto Py
"Vale lembrar que os filhos não podem servir de desculpa para a manutenção de um casamento falido. Ao contrário, pelo bem deles, o casal deve buscar a separação para protegê-los do desconforto de viver em um lar infeliz"
Muitas pessoas, principalmente mulheres, me escrevem para falar do lento fracasso de seus casamentos. Depois de alguns anos, elas percebem que já nada sentem por seus maridos e que esses também demonstram indiferença, embora muitas vezes insistam em dizer que as amam, que está tudo bem.
Mas elas veem que eles se interessam por outras mulheres, que chegam mais tarde em casa e que têm pouca paciência para lidar com as dificuldades domésticas.
São sinais cada vez mais evidentes da falta de entusiasmo com a relação. Por vezes já lhes apareceu um candidato a namorado, em algumas situações houve contato físico e até relacionamento sexual. Para lidar com essa situação, é necessário começar abrindo um canal de comunicação entre o casal, para tentar dialogar sobre o risco de que o casamento esteja naufragando.
Quando se consegue debater com sinceridade, calma e muita paciência os problemas da relação, algumas vezes é possível recuperá-la. Isso demanda esforço, dedicação e muito desejo de continuarem juntos.
Se, apesar das tentativas, não for encontrada uma fórmula para a sobrevivência do casamento, o casal deve se preparar para a separação, de preferência de comum acordo. É importante pensar no bem-estar dos filhos, se esses sofrem mais com uma separação amigável e planejada ou com a vivência diária dos atritos de um casamento fracassado.
Separação: falta de preparo vem de condições emocionais e econômicas
A dificuldade reside no fato de que as pessoas não estão preparadas para enfrentar a separação. E essa falta de preparo se origina em dois fatores básicos: as condições emocionais e as condições econômicas. Quanto às condições emocionais, é fundamental lembrar que quando nos casamos - pelo menos pela primeira vez - existe uma expectativa de que o casamento dure para sempre. Esse é um compromisso que costuma ser assumido pelos namorados e ratificado pela cerimônia do casamento. As pessoas que estão vivendo a deterioração de seu casamento precisam abrir mão dessa ilusão e aceitar a situação caso ela não possa ser remediada.
É preciso, então, organizar a situação econômica. A mulher tem que ter uma fonte de renda (que pode ser a pensão do marido, se essa for suficiente, ou um trabalho próprio) que lhe garanta a sobrevivência e a liberdade. Em geral, a soma da pensão para os filhos com o trabalho próprio costuma ser a solução para a maioria dos casos. Não se pode esquecer que separar custa dinheiro, pois algum dos dois tem que montar outra casa e enfrentar as despesas com a compra de objetos, móveis e aluguel.
E a prioridade absoluta deve ser o bem-estar dos filhos. Esses, que estão sofrendo com a separação dos pais, têm todo o direito de serem tratados com a maior delicadeza e o maior cuidado possíveis. Vale lembrar que os filhos não podem servir de desculpa para a manutenção de um casamento falido. Ao contrário, pelo bem deles, o casal deve buscar a separação para protegê-los do desconforto de viver em um lar infeliz. Muitas vezes são os próprios filhos que se queixam do descompasso entre os pais e afirmam que preferiam que eles se separassem.
Finalmente, a grande motivação para a separação é a tentativa de viver melhor. E a meta a ser buscada é a possibilidade de ser mais feliz.
Neste momentoos meus problemas tem a ver com um marido com um feitio dificil de compreender e de um mau ambiente em casa devido á forma como ele reage dentro do lar. Exigencias e frases que magoam.
Tenho que manter este casamento devido a dependencia economica e tambem por querer manter um lar as minhas filhas.
Cate, eu transcrevi estes dois artigos pois senti que em seu relato, em nenhum momento vc citou de que ainda existe uma relação de amor, de afeição, de bem querer, entre você e seu marido. O que deu para perceber é um relacionamento de "conveniências", que acaba por gerar esse clima de infelicidade, de descontentamento, de ressentimentos mútuos, de total falta de harmonia e afinidades. Eu imagino que você já tenha feito diversas tentativas para se acertar com ele; mas eu sei como são esses homens. Eles se acomodam com suas esposas de longa data, já não lhe valorizam, te tratam como um mero objeto, ou as vezes até pior do que isso, um fardo para eles.
E definitivamente, a vida não deve ser amarga, azeda, um martírio. A vida é bela, a vida é boa, a vida vale a pena ser vivida.
PENSE NISSO !!!
Concordo com a Crystal
Pois seja bem-vinda, Lusa :)
Cate,
Querida muito bem vinda!
Como todos nós, tenho certeza que será bem acolhida!
Veja, toda situação que vivemos requer movimento, mesmo os de alegria!
Se não houver se torna rotina, e de alegria vão restar somente lembranças, portanto, é comum nos acostumar com problemas e arrasta-los até que a vida arranje uma maneira de dar um basta!
Então antes que a vida arranje um caminho (bom ou ruim) para sua situação, mexa-se!
Avalie o que te incomoda (na verdade vc não nos deu muitos detalhes: Se gosta do marido, se é só o comportamento grosseiro dele que atrapalha, etc).
Comece a pensar incansavelmente em uma solução, pois quando nos forçamos a pensar positivamente, outro quadro se cria e os problemas se tornam menos difíceis de ser carregados.
Espero ter ajudado um pouquinho.....
Precisando estamos ai!
Grande abraço!
Veja, toda situação que vivemos requer movimento, mesmo os de alegria!
Hein?
E embora nessas alturas pense seriamente em arranjar um apartamente e pedir um apoio economico a segurança social, a maior parte das vezes penso que não é solução para mim. Pois estaria a abandonar uma pessoa doente, e a complicar a vida das minhas filhas
Desculpe-me Cate, como estou no trabalho só faço uma leitura dinâmica de tudo, não li o que vc tinha escrevido!
Vc já pensou em parar de discutir, de jogar as coisas aleatoriamente e ter uma conversa franca e direta com ele? Falando o quanto está infeliz? Chamando-o a compartilhar com vc alguma solução para que a vida a dois se torne prazerosa?
Não há jeito se vc não tomar a atitude de ir à contramão de tudo que tem acontecido, permanecendo com as mesmas atitudes os resultados serão sempre os mesmos!
Se ele não age, aja vc!!!!
Artigo: CASAMENTOS FALIDOS
Não consigo tirar da cabeça um estudo de psicologia divulgado nos Estados Unidos. Ele demonstra como um casamento infeliz é capaz de destruir a saúde do coração. A imprensa deu pouca atenção ao trabalho apresentado na reunião anual da Sociedade Americana de Psicossomática. Para mim, ele suscita uma discussão da maior importância. A minha escolha é mais um exemplo de que os jornalistas não são poços de imparcialidade. Como qualquer pessoa, somos esponjas do mundo. Captamos a realidade e somos tocados por ela a partir de referências e experiências muitos pessoais.
Talvez por isso eu tenha ficado tão interessada na pesquisa realizada pela psicóloga Nancy Henry, da Universidade de Utah. Ela recrutou 276 casais com idades entre 40 e 70 anos. Eram uniões duradouras – de 20 anos, em média. Nancy investigou a qualidade desses casamentos a partir de parâmetros como suporte mútuo, envolvimento emocional e frequência de desentendimentos sobre sexo, filhos e dinheiro. Os participantes também passaram por avaliações médicas como exames de sangue, medidas da pressão arterial e da circunferência da cintura.
Nancy descobriu que uniões desgastadas podem provocar depressão tanto nas mulheres quanto nos homens. Mas as mulheres que vivem casamentos infelizes parecem estar mais sujeitas a desenvolver sintomas fisiológicos da chamada síndrome metabólica. Ela é caracterizada por sinais como acúmulo de gordura abdominal, hipertensão, excesso de açúcar no sangue, baixos níveis de colesterol bom (o HDL, que ajuda a limpar as artérias) e excesso de triglicérides. Quem tem pelo menos três dessas cinco características tem a tal síndrome metabólica. Ela aumenta o risco de infarto, AVC e diabetes.
Por que as mulheres sofrem mais? "As mulheres parecem basear o conceito que elas têm de si mesmas na qualidade das relações que elas vivem. Talvez por isso um casamento ruim tenha um impacto tão grande na saúde física e emocional das mulheres", diz Nancy.
Perguntei a dois cardiologistas brasileiros se as conclusões do estudo são plausíveis. O médico Raul D. Santos, diretor da unidade clínica de lípides do Instituto do Coração, em São Paulo, diz que sim. Ele explica que vários estudos epidemiológicos associam a depressão e a raiva com a síndrome metabólica. A maneira mais simplista de explicar a relação seria que a pessoa deprimida ou com forte stress psicológico abandona medidas saudáveis de estilo de vida. Fuma mais, não vê razão para fazer atividade física e come mal.
Existem também mecanismos metabólicos envolvidos nisso. O stress aumenta as descargas do hormônio cortisol. Essa substância contribui para o acúmulo de gordura abdominal, aumento da pressão arterial e da resistência à insulina (o que desencadeia o diabetes). Há dúvidas na literatura médica sobre se as mulheres realmente sofrem mais danos. "Alguns estudos sugerem que as mulheres sejam mais sensíveis aos efeitos deletérios da depressão. Outros apontam a mesma coisa nos homens", diz Santos. "Depressão não é legal para ninguém e é um dos gatilhos do infarto", afirma.
O cardiologista Marcelo Assad, do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio, tem a mesma opinião. "A depressão é indiscutivelmente a doença do século. A manutenção de um relacionamento falido perpetua um ciclo de stress, diminuição da autoestima e falta de perspectivas", afirma Assad.
Conheço bem de perto um casal que vive esse ciclo há quase 50 anos. Começou a se desentender na lua-de-mel e nunca mais encontrou o eixo do respeito mútuo. Vai completar bodas de ouro (ou será de sangue?). Esse homem e essa mulher nunca tiveram coragem de reconstruir a vida – cada um a seu modo. O sofrimento não é só deles. A decisão de perpetuar um casamento desgastado e desgastante teve uma grande repercussão na formação da personalidade das filhas. As eternas brigas continuam fazendo vítimas. Hoje elas reduzem as possibilidades de convívio familiar oferecidas aos netos.
Sempre que os visito lamento tanta imobilidade. Eles se acostumaram a viver mal. Não há quem os faça enxergar que enquanto houver vida há espaço para transformação. A saúde de ambos anda mal. O homem, contido e calado, já sofreu um "quase" infarto. As artérias obstruídas puderam ser alargadas com stents. A mulher, explosiva e rancorosa, tem açúcar demais no sangue, colesterol alto e gordura abdominal. Os médicos tentam baixar os índices com remédios, mas a "questão de fundo" está além do alcance deles.
A infelicidade deveria ser tão combatida quanto o colesterol. Mas essa decisão só pode partir de quem sofre.
Acho que um dia vou receber um telefonema de um dos meus pais dizendo que o outro morreu de repente. De infarto. De AVC. Uma morte rápida, instantânea, mas tramada ao longo de décadas de uma infeliz vida a dois. Essa é a minha sensação. Mas quem sou eu para prever quem vai morrer antes de quem? Talvez um dia eles estejam vivos para receber um telefonema desse tipo. E a ligação pode partir da minha casa.
CRISTIANE SEGATTO
Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 14 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo