Ao seu lado tem um amigo ou pode ser apenas um conhecido, mas é alguém, que mais ou menos, você já desenhou o perfil dele na sua cabeça – um cara gente boa, tranqüilo, bem educado, gentil com as pessoas.

De repente você se depara com o sujeito no trânsito e leva o maior susto de sua vida – o indivíduo derrama xingamentos com um vocabulário de fazer inveja aos operários de obras e trabalhadores mais rudes do cais do porto.

Sai do automóvel um sujeito agressivo e possuído por uma raiva demoníaca que deixa você sem ação, perplexa!

Esse não pode ser o Flavinho, devo estar enganada, é o irmão gêmeo dele. Afinal o meu amigo é uma pessoa centrada, educada e gentil, jamais estaria fazendo esse barraco todo porque a minha irmã deu uma ‘fechada’ nele na esquina de uma rua mais movimentada.

Ok, foi uma tremenda barberice e descuido da Claudia, porém nada justifica semelhante desatino verbal e emocional – tamanha agressividade, até parece que queria matar a menina!

Essa cena não aconteceu de fato comigo, mas ocorre a todo minuto no trânsito caótico das grandes metrópoles das cidades do mundo inteiro.

Pessoas estressadas, apressadas, com compromissos agendados e cheia de problemas para serem resolvidos de última hora são um prato cheio para descarregar a raiva no anonimato que encoberta o motorista no trânsito.

Não importa se os desaforos vão para ala feminina ou para alguém mais idoso, a rua não impõe limites para desrespeitos – é um comportamento o qual ninguém é cobrado ou multado por isso!

Agressão verbal, gestos ofensivos e colar na traseira dos carros das vítimas são os métodos mais usados pelos ‘motoristas feras’ – que continuam impunes e anônimos, contribuindo ainda, para mais atrito, agressividade e aumentando os riscos de acidentes. 

Cheguei a me questionar – será que todo mundo fica assim, tão irritado/desequilibrado, quando está sob pressão, num trânsito louco e confuso?

Então, pensei no Flavinho, uma calmaria só – tão meigo, um doce de pessoa. Eu poderia jurar que ele jamais seria capaz de erguer a voz para alguém na vida!

Não ponho mais a minha mão no fogo por ninguém – nem mesmo por mim! E se um dia eu também resolver surtar? Vai saber!?

Maya

Postado em: 
04 de maio/2009