Uma História de Casamento

Às vezes fazemos brincadeiras, soltamos piadinhas, achando que estamos agradando ou nos destacando, mas nunca nos colocamos no lugar do outro e nem pensamos nas consequencias... Gosto muito da frase “Seja dono da sua boca, para não ser escravo das suas palavras”. Não é uma frase filosófica e sim uma união de palavras sábias, que devem ser praticadas.

Dia 27 de setembro de 2009 era o casamento da minha filha Caroline. Depois de um namoro de dez anos, tínhamos combinado que assim que ela terminasse a faculdade, ela casariam e assim foi feito. Ela quis tudo do jeito dela e sem muitos palpites. Quando o dia amanheceu, tínhamos muito o que fazer, eu estava muito agitada e com muito medo de algo dar errado, de não sair como a minha filha tinha planejado. Com quase duas horas de atraso fui leva-la para o dia da noiva, começava a garoar e eu a me desesperar...

Nem por um minuto conseguia pensar em mim, nem mesmo que havia esquecido de me alimentar. Já com muito atraso, meu marido e meu filho foram para o cabelereiro e ai que comi algo e também fui cuidar de mim. Nervosa com o tempo que corria e a manicure que estava demorando muito para fazer minhas s unhas, eu não parava de olhar para o relógio. Já na metade da escova, o meu celular tocou, era a minha filha, super feliz, me contando baixinho tudo o que tinha no chá da tarde e o quanto estava feliz...

Novamente o telefone tocou, dessa vez era o meu filho que dizia: “Mãe, mãe !! O cara acabou com o cabelo do pai, teve a maior briga, ele resolveu consertar e ficou pior, o pai tá careca, tá horrível, com caminho de rato, mãe”!!! Mesmo ouvindo uma risada de fundo, não consegui pensar em nada, só na minha filha. Desliguei e comecei a chorar compulsivamente. Nervosa, disse para a cabelereira: “Vou para casa para ver o que posso fazer com o cabelo do meu marido, ou melhor, com a suposta careca ou ninho de ratos, sei lá”. Como eu estava muito nervosa, ela pediu ao esposo que me trouxesse em casa.

Chegando, corri para ver meu marido que estava bonito e bem penteado. Não sabendo o que fazer, se matava os dois, se me alegrava ou se chorava, corri para o espelho e ví que eu estava horrorosa, com o cabelo esticado e com uma maquiagem que não tinha nada a ver comigo. Peguei uma tesoura e cortei uma franja, joguei uma sombra escura, um pó e então percebi que tinha ficado pior! Resolvi, então, me concentrar no meu vestido, aquele sim era lindo, com um vestido daquele eu podia esquecer do rosto.

Suada, fui para igreja, dirigindo descalça e com o vestido preso nas pernas e o pior, levando os dois palhaços no banco de trás do carro. Depois de muitos abraços, e de ouvir alguém dizer que eu estava bonita, fiquei parada na porta da igreja quando chegou o carro com a noiva que lentamente abriu o vidro e disse: “Mãe”!!

Era a noiva mais linda do mundo, fiquei muito emocionada, mas a cara dela, de decepção, ao me ver tão feia, foi gritante, mas como ela estava muito feliz passou meio que batido. Foi um casamento lindo, tudo lindo menos eu. Até hoje, tenho que dar explicações sobre a minha aparência bizarra, mas já não acuso muito o meu marido nem o meu filho pela brincadeira estúpida, mesmo porque eles já se arrependeram e sofrem muito com as acusações, mas não consigo olhar o DVD nem olhar o álbum do casamento.

Às vezes, minha filha diz: “Ah mãe, você estava bonita sim” e eu acabo ficando pior... Dois anos se passaram e eu, que tinha tanto medo de que algo desse errado... risos... Quem acabou dando errado foi eu. Acho que vou lamentar isso para o resto da minha vida e só agora que entendo que eu era a mãe da noiva, que tinha que ter pensado em mim e planejado tudo um pouco melhor. Mas tudo acabou dando certo e os noivos estavam lindos e felizes e isso foi mais importante.

Vejam que noiva linda e feliz essa é a minha princesinha Caroline.

Maria Neusa

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