Thayrine

Bom... Estou numa situação complicada... Há 1 ano e 2 meses perdi a pessoa mais importante da minha “MEU PAI”.

Tudo se resume a uma imensa dor! Até hoje não superei...

Muita coisa aconteceu comigo nesse meio tempo... coisas boas e coisas ruins... Bom ele foi assassinado por defender o irmão dele... três tiros no tórax... Ainda quando fecho os olhos vejo ele estirado no chão, o que me machuca muito... uma cena horrível!

Meu pai era uma pessoa muito doce, alegre demais, todos meus primos diziam q ele era o tio mais gente boa que tinham...  ele tinha 49 anos, mas era como se tivesse 20... aqui onde moro ele tinha muitos amigos da minha idade... Todos gostavam dele. Ele tinha uma personalidade forte... marcante!
Eu não consigo falar sobre ele com ninguém... Quando tocam no assunto eu fujo sempre. Vejo minha avó e minha tia chorando quando lembram dele e eu não sei o q fazer. Saio porque se ficar junto ficarei pior que elas...

No dia 18 de março, após 16 dias do meu aniversário eu tava muito nervosa porque teria uma prova na faculdade... ele tinha o costume de dormir depois do almoço, ai ele deitou na minha cama porque a dele era no andar de cima... eu briguei com ele porque eu queria estudar no meu quarto, ai ele saiu... =/

Mais tarde ele saiu de carro pra buscar o dele que estava quebrado numa roça que ele sempre pescava... Ai, na hora que ele saiu eu disse "- Papai me dê dinheiro pra eu lanchar na aculdade" e ele me disse "- não tenho, pede sua mãe ela tem".

Foi a última coisa que a gente conversou... =/

Fui pra faculdade, fiz a prova... quando cheguei em casa ele não tinha chegado, o que eu achei estranho, pois ele sempre esperava acordado eu chegar da faculdade. Perguntei à minha mãe e ela me disse que ele ainda não tinha chegado nem avisado nada. Esperamos ele até 1h e pouca da manhã, estávamos assistindo o filme Sexto Sentido.

Fomos dormir. Demorei para dormir, mas acabei pegando no sono. Acordei com meu tio me chamando com uma papo estranho sobre meu pai. Entrei em desespero por ver meu tio uma hora daquelas no meu quarto, um monte de gente entrando, e uma enfermeira aferindo minha pressão.

Eu gritava perguntando " - cadê meu pai, tio???", ai ele pediu pra eu ter calma e me falou que ele tinha falecido...

Nossa!!! Naquela hora eu entrei em choque, senti como se não tivesse chão, empurrei a enfermeira, mandei todo mundo sair de perto de mim. Chorava soluçando... olhei pra todo canto e não sabia como agir, o que fazer, o que pensar... foi o dia mais horrível que já vivi...
Passei mal, parei no hospital 2 vezes. Estava meio grogue de tanto remédio que me deram. Eu não saia de perto do caixão pra nada.

Fiz escândalo na hora que vi o corpo ainda esperando a perícia, quando chegou o caixão em casa, na hora de fechar, na igreja e na hora de enterrar... eu não me conformava.
Sentia com um imenso vazio, minha irmã pedia pra eu ter calma e pensar na minha mãe, e eu dizia pra ela "- Tham eu não consigo, desculpa!".

Nos primeiros meses eu pensei em desistir de existir. Pensei em sair da faculdade, de ir embora de onde moro, até em morrer. Fiquei sem entrar na minha casa uns 2 meses. Um dia me tranquei lá e todo mundo ficou preocupado. Meu primo teve que pular o muro pra me tirar de lá.

Me fechei pro mundo...

Algum tempo passou e eu tentava me enganar fingindo que ele não tinha morrido, que estava apenas viajando... mas não deu certo. Cada canto que eu olhava, até no espelho quando me olhava, porque eu sou muito parecida com ele, eu chorava!

Eu era a caçulinha, mimadinha pelo pai, menina boba que o pai e a mãe faziam tudo e todas as vontades... mas depois desse dia tive que amadurecer na marra! Foi uma época dificil! Toda noite pedia a Deus pra deixar eu sonhar com ele, chorava toda manhã, toda noite, o tempo inteiro... quase entrei em depressão.

Mas ai pensei - poxa meu pai não gostaria que eu ficasse assim, ele era a única pessoa que confiava na minha capacidade, pois todo mundo dizia que eu era fraca, que não aguentava nada... Já ele não, sempre confiou em mim até quando decidi fazer uma faculdade tão difícil como a enfermagem.

Decidi então continuar a estudar. Foi um pouco difícil no começo, pois não conseguia focar nos assuntos, saia da sala pra chorar e na hora de explicar trabalhos eu me enrolava e gaguejava. Expliquei a situação para os professores e eles entenderam.

Hoje me sinto mudada. Mais madura. Mas também estou com um grande problema e por isso que estou aqui... por ter ficado tanto tempo sem me abrir com ninguém, e por não querer acreditar que ele se foi, estou com problema na personalidade, como um transtorno ansioso.

Tenho percebido que ando ansiosa com tudo, engordei 8 kg, choro muito sozinha, escondido. Me sinto sozinha, me isolo das pessoas, brigo à toa por besteira.

Minhas amigas, 2 delas estão morando fora e as outras 2 estão namorando, o que piora a situação. Às vezes me sinto abandonada.

Fiz muitas besteiras nesse meio tempo, comecei a beber, o que na verdade não posso. Às vezes tiro notas baixas, não dou certo com nenhum menino e o que mais tem me dado inquietação... sou medrosa, mas ultimamente estou com um medo incontrolável de morrer... Tentei viver nesse meio tempo tudo que eu quis, mas acabei magoando algumas pessoas pra conseguir isso e agora não tô sabendo lidar comigo mesma! Não sei pra onde ir, o que fazer, o que pensar... um dilema total que se transformou minha vida!
 
E tem uma coisa que tá piorando tudo: me apaixonei por uma pessoa que está quase impossível... Ele tá morando há muitos quilômetros de mim, muitos estados à frente. A gente se comunica por email, msn, celular; mas eu falo com ele que a distância e a dúvida estão me matando e nem eu posso ir lá por causa da faculdade e do meu trabalho. E nem ele que está trabalhando lá... o que ferrou mais minha vida.

Como posso seguir minha vida, desse jeito? Com um buraco no meu coração por falta do meu pai, pela forma trágica que o perdi, por falta de minhas melhores amigas e pela dúvida que é minha vida... Terei ou não o meu grande amor, e poderei vivê-lo?

Gostaria muito que me dessem algumas sugestões...

Obrigado por me "escutar"... beijos

Compartilhe