Procurando melhorar as minhas condições físicas

Reproduçãos: pinterest.com

Aos catorze anos fui expulsa de um colégio municipal, onde minha tia era diretora. Eu era uma adolescente rebelde. Perto da escola tinha um banco e convidaram os alunos para fazer um estágio e fui selecionada. A prova foi no mesmo período da praia e eu não queria voltar,  minha mãe me obrigou, e passei. Trabalhei 3 anos mas continuava rebelde, só ia trabalhar quando dava vontade.  O gerente do banco ligava para minha mãe avisando que eu não tinha ido e minha mãe ia atrás de mim, na época não tinha celular. Normalmente estava na casa das minhas amigas. 

Minha mãe não sabia, mas eu me arrumava e voltava dormir muitas vezes. Eu vivia pelas ruas e me convidaram para um concurso de beleza “Garota Saúde”, todos falavam que eu não tinha chance, era muito magra. Mas ganhei o concurso e não parei mais. Com catorze anos, desfilava por tudo, conquistando sempre o 1º lugar,  participei de 8 concursos neste período. Desfilava para lojas, fui capa de revista, recepcionista de eventos em feiras. Em um dos concursos ganhei uma viagem para outro estado. Tinha um compromisso com o banco no qual eu trabalhava e mantive o meu contrato.

Eu ficava nos postos de combustíveis com os amigos e conheci uma moça que era namorada do meu amigo, ela era muito maluca, pagava tudo. Na semana que a conheci não fui trabalhar e nem estudar, porque ficava direto no posto de gasolina fazendo pega de carro. No final de semana seguinte ela me convidou para ir a uma cidade na serra gaúcha, chegando lá pegamos o carro dos pais dela, uma BMW 1994. Viemos de lá a mil por hora, para nos mostrar para o namoradinho dela.

Mas no caminho, um carro que vinha atrás de nós, começou a dar sinal de luz para ir mais devagar e, num desvio na cidade de Portão, ela perdeu o controle do carro e capotou. Como eu estava sem cinto de segurança, cai para fora do carro, quebrei o fêmur, me arranhei um pouco e tive um traumatismo crânio-encefálico.

A esta altura, minha mãe já tinha pego um ônibus para ir atrás de mim e passou pelo acidente, mas não imaginou que era comigo. 

Quando minha mãe chegou na serra, imaginou que eu estivesse maravilhada com a neve, e eu estava na UTI, com meus amigos ligando e procurando minha mãe, pois precisava de um familiar responsável  porque eu estava muito mal, para autorizar a transferência para outro hospital na capital. Fiquei em coma durante 1mês, me alimentava por sonda e não respondia a nenhum estímulo. 

Após a minha saída do hospital, o pároco vinha toda a semana me visitar e um dia após a sua saída eu acenei. Imagina a felicidade, minha avó ligou para minha mãe e vieram todos colegas dela de trabalho me visitar. Fui melhorando, tirei a sonda, comecei a responder aos estímulos. Fiz fisioterapia, fonoaudiologia e fui conseguindo ficar de pé, ganhei um andador e uma barra de apoio. Assim se passaram 20 anos desde o meu acidente. 

Na época o médico disse que a recuperação seria lenta, porém como era muito nova, iria me recuperar e ficaria 300% melhor. Hoje me viro sozinha para tomar banho, me vestir, para comer (com certa dificuldade na deglutição), no caminhar (com dificuldade no equilíbrio), minha fala é fraca, com dificuldade em alguns sons, porém consigo me comunicar. Fiz um longo tratamento dentário, mas ainda tenho seqüelas na face por conta do trauma.  

Estou sempre procurando melhorar as minhas condições físicas, mantenho bom humor e esperança.
Kika

Compartilhe

Foto

Historia chocante! Mas fica um aviso para os filhos "rebeldes"... Muita rebeldia as vezes pode acabar em tragédia. Fico feliz que vc esteja se recuperando a cada dia mais!


Que história garota !!!! Você não disse sua idade hoje, mas acredito que ainda seja muito jovem. Lendo sua história fiquei pensando, tá aí alguém que nasceu para vencer, e eu não estava errada, vc realmente nasceu para vencer, passar por tudo isso e hoje puder contar, é mais que uma vitória. Fico feliz em saber que você procura melhorar e espero de coração que isso aconteça e que você seja sempre muito feliz. Deus te abençoe sempre. Um grande beijo.