Parto Normal x Cesariana? Sofrimento!

Tenho muitas histórias, mas tem uma que acho importante divulgar para que outras mulheres não passem pelo que eu passei.

Quando engravidei do meu filho mais velho, meu médico me encaminhou para o pré-natal de alto risco, já que eu tive alguns problemas de saúde bem sérios, e ele se preocupava muito comigo. Felizmente a gravidez foi muito tranquila. Ele nasceu de cesariana, com 4,090 kg e 52 cm, na Carmela Dutra, onde fui muito bem atendida. Em 2007 engravidei do meu segundo filho, e embora fosse produção independente, depois que "caiu a ficha" ele também foi muito bem-vindo.

Mais uma vez meu médico me encaminhou para o pré-natal de alto risco, e também providenciei toda a documentação para fazer laqueadura (declaração assinada, com testemunhas, registrada em cartório, etc...). Tudo corria muito bem, até que chegou a hora de o bebê nascer... Fui para o hospital onde fiz o pré-natal, onde me falaram que seria maravilhoso ter o bebê, que eles atendiam muito bem, etc, etc... Cheguei lá as 7h, com a bolsa estourada, dei entrada somente as 9h, e daí começou a tortura. Como eu não tinha contrações, me deram o tal do soro para dilatar, o que faz a gente sentir muita dor. Pedi à médica que me desse a anagesia, já que hoje não é mais necessário que a gente sinta tanta dor para ter um bebê. Ela disse que, se desse, poderia abrir minha cesariana anterior, por isso não poderia fazer a tal analgesia.

Disse à ela que fizesse a cesariana, e ela disse que meu parto seria normal, só que isso já eram mais de 17h, e eu já não tinha mais como fazer força. Até que lá pelas 19h e sei lá quanto, a médica disse que ia ajudar o meu bebê a nascer. Pensei: "finalmente, vai me fazer uma "cesária". Na verdade o que aconteceu foi a pior coisa da minha vida. Ela me levou pra sala de parto, me anestesiou no local e tirou meu bebê com fórceps. Só que a anestesia era somente no local mesmo, para ela poder cortar. Nunca em minha vida imaginei que alguém pudesse sentir uma dor daquele tamanho e não morrer. Parecia que estavam arrancando a carne dos ossos.

Mas graças a Deus meu filho nasceu perfeito. Com toda essa dificuldade do parto, meu leite custou a descer e não pude amamentar meu bebê. Na verdade me senti refém do hospital. Me senti torturada, violentada, refém do SUS, já que não tinha como sair e procurar outro hospital, isso deixou marcas profundas em minha vida.

O parto normal deveria ter recuperação rápida, porém levei 20 dias para conseguir me sentar. Depois de 5 meses criei coragem para olhar minhas partes íntimas no espelho, já que ao tocar-me durante o banho sentia que havia algo errado. Quando me olhei, toda a revolta que senti depois do parto voltou... Eu havia sido mutilada! Estava horrível.

Liguei para a ouvidoria do hospital, aos gritos, e disse a eles: "ou vocês consertam, ou vou fotografar e colocar em todos os jornais da cidade". Em menos de 2 meses fiz os exames e marcaram a cirurgia corretiva e a laqueadura, aquela que deveria ter sido feita na hora do parto. Após a cirurgia, minha revolta aumentou... Quando acordei, vi que tinham aberto minha barriga, bem onde fiz a cesariana, para fazer a tal laqueadura.

Foram mais 40 dias de resguardo, e enquanto isso, fiquei sem trabalhar, tendo dois filhos para sustentar. Cheguei a conclusão de que para o hospital o que importam são as estatísticas. Eles querem ser o hospital que mais faz "Parto Normal", porque o governo incentiva, independente do sofrimento de quem for.

É com lágrimas nos olhos que escrevo essa história, dois anos e meio se passaram desde o parto, e ainda dói lembrar disso. O parto normal é saudável quando é "normal de fato" e não quando tem que chegar ao ponto de usar fórceps.

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