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Nasci numa família de 5 irmãos, o casamento dos meus pais era mais uma tortura, ele mandava, minha mãe obedecia. Cresci vendo meu pai bater na minha mãe e ela aceitar tudo passivamente porque alegava não ter para onde ir com os filhos. Aceitou tudo calada. Sofriamos também algumas agressões, meu pai sempre
achava um motivo para bater nos filhos e comigo não foi diferente. Sou a caçula mas isso não me isentou de nada. Cresci então com medo de tudo e principalmente de desagradar a meu pai.

Comecei a trabalhar muito cedo e sempre estudei, isso me ajudou a crescer como pessoa e a desejar ter um futuro melhor. Comecei a namorar muito tarde, apesar de ter tido algumas paqueras na adolescência, sempre rejeitei namorar porque sabia que meu pai não deixaria, então deixei para quando fosse maior de idade. O problema é que acreditei em duas coisas que me fizeram dar os primeiros passos errados, primeiro acreditei que depois que eu fosse maior de idade qualquer coisa que eu fizesse estaria bom, seria dona do meu nariz, segundo que homem mais velho era mais bem resolvido (passei minha adolescência ouvindo isso da minha mãe).

Meu primeiro namorado era 18 anos mais velho que eu, o problema não estava na idade dele, estava no comportamento, perdi minha virgindade com ele e apesar de ser um homem de caratér ele levava o que eu pensava ser um namoro, como uma amizade colorida. Nunca falou com os meus pais sobre namorar comigo e eu por ser "DONA DO MEU NARIZ" achava que estava abafando, pois bem, foram 5 anos de sofrimento, idas e vindas, ele vivia a vida dele e eu esperava por ele, ele saia e eu ficava em casa, ele só me levava pra algum lugar quando estava a fim. Minha família era revoltada com essa situação porque eu era nova, bonita, estudiosa, podia namorar com quem quisesse mas não, me submetia a isso, ele mais velho e mesmo assim parecia que ele era quem estava por cima. O problema é que estava mesmo, quem colocou ele nessa posição fui eu. O problema maior é que eu até tentava me livrar dele, só que quando ele sentia que eu ia conseguir, ele reaparecia e aí meu sentimento ou confusão acabava falando mais alto e aí eu voltava com ele. Ele chegou até a arrumar outra pessoa e eu fiquei esperando por ele, quando ele terminou com essa pessoa eu estava lá esperando.

Num desses términos eu fiquei sozinha um tempo, na tentativa de esquecê-lo me envolvi com outras pessoas, chutei o pau da barraca, todo mundo ficava falando que eu ficava esperando, que eu era besta, então fui na onda, mas nada adiantou, me sentia vazia então resolvi retroceder. Nesse momento me aproximei de uma pessoa que já era próxima de toda a minha família, mas ele também era mais velho, 17 anos a mais que eu. Com uma semana que estávamos na paquera ele disse que iria falar com meu pai, porque conhecia ele e ficaria chato ele saber depois. Isso fez com que ele ganhasse pontos com a minha família. O namoro seguiu até o meu ex descobrir que tinha alguém me rondando. O que ele fez? Veio me procurar (a essa altura ele, que antes morava na mesma rua que eu, estava morando em outra cidade) e eu como sempre insegura, fiquei na dúvida e acabei terminando o namoro. Acabei viajando depois para a casa dele mas o namoro já não tinha mais jeito, eu cheguei a dormir em cama separada dele, mas quando voltei, em conversa com o meu mais atual ex namorado, descobri que ele já estava reatando um relacionamento que ele também havia terminado, não me senti no direito de dizer nada ou de pedir nada.

Eu fiquei sozinha, então, e até que enfim tinha me livrado daquele que eu achava que seria pra sempre e que, em dado momento, eu acreditei ser, porque nunca foi o meu desejo ir para cama com outro homem, e sei que esse foi um dos motivos que não me permitiu vê-lo mais com os mesmos olhos, foi um passo muito difícil pra mim e me marcou muito. Com pouco tempo o relacionamento do meu atual ex terminou e nós voltamos, ele chegou a vir morar comigo na casa dos meus pais mas nossa relação era complicada, ele ciumento demais, eu imatura demais, e a ex dele que não dava folga, usava o filho como desculpa e eu acabei descobrindo alguns deslizes dele com ela, ou seja, ele vivia em cima do muro, hora estava comigo, hora estava com ela. Cheguei a colocar ele pra fora da casa dos meus pais eforam dias difíceis, mas como de costume eu sempre fui passiva, foi assim com o primeiro e estava sendo assim com ele também.

Acabou que, pra me convencer, ele alugou uma casa, mobiliou de tudo e me colocou dentro, eu sabia que não ia dar certo, mesmo assim fui, afinal de contas ele alegava que não vivíamos bem por causa da minha família, em parte ele tinha razão, porque minha família sempre foi muito difícil, não tinha rotina e as discussões eram por coisas diversas e isso acabava atrapalhando a gente, mas eu sabia que no fundo o principal motivo era ele que era dominador demais e sempre estava àsvoltas com a ex. Resultado, fomos morar nessa tal casa, com 8 dias começaram os problemas, ele que já bebia muito, fazia isso com frequência, me deixava sozinha durante o dia inteiro e se chateava quando eu saia ou reclamava com ele por causa da bebida. Como eu trabalhava, buscava nisso um consolo, trabalhava 6 horas por dia e chegava a dobrar o expediente para não vir pra casa. Ele chegava bêbado e me botava pra fora, falava mal da minha família e, claro, de mim também.

Nessa época eu estava terminando a pós-graduação, estava no período da monografia, quando ele chegava e eu estava lendo, ficava tirando onda e quando via que eu não ia responder, pedia para eu dar atenção ao que ele estava falando porque se não ele rasgaria o livro (que nem meu era, era da faculdade), convivi com isso durante alguns meses e ainda aturava a ex dele ligando pro meu trabalho e quando eu dizia a ele ela desmentia e ficava por isso mesmo (só recentemente ele descobriu a verdade). Tomei então uma decisão e resolvi voltar para a casa dos meus pais, foi outro sofrimento, minha irmã resolveu ser meu algoz, sempre brigamos, mas nunca imaginei que ela seria tão ruim comigo, ela armava uma discussão e depois dizia que se eu estivesse achando ruim era só sair como antes, minha mãe ouvia as discussões e não me defendia, durante esse processo ninguém me perguntou como eu estava, só sabiam criticar. Ele, que continuou na casa (passou um ano morando lá), me ligou muitas vezes durante algum tempo tentando me convencer a voltar. Eu sabia que seria tudo do mesmo jeito, então não voltei, ficávamos juntos algumas vezes, mas sempre terminava em acusações, eu sempre culpava ele por ser fraco em relação a ex e ele me culpava por ser fraca em relação a minha família.

O tempo foi passando e um ano depois, cansada de brigar com ele, resolvi ceder, não conseguia deixar de gostar dele e nem me envolver com outra pessoa, resolvi baixar a guarda. Ele entregou a casa e não tenho a menor ideia do que ele fez com as coisas (não me importei muito porque ele quem comprou tudo), só sei que pra minha tristeza, descobri que ele tinha voltado a morar com a ex, então resolvi terminar tudo. O problema é que sempre que ele me procurava, ficávamos juntos, parecia mais forte do que eu. Depois disso entreguei de fato os pontos e não terminei mais com ele. As pessoas que convivem comigo sabem da minha relação com ele porque não é escondida, ele frequenta minha casa e faz parte da minha vida como se ainda fosse meu marido, não mudou muita coisa, parecemos mesmo um casal, ele viaja  a trabalho, eu vou com ele, ele me apresenta aos amigos como a "esposa" dele, muitos dos amigos nem sabem da existência da outra.

Ele passa final de semana comigo, dormecomigo, passa dia comigo, claro que não como se fossemos casados, não há uma rotina, é variado. Me sinto mal com a situação, tenho vergonha e, há muito tempo, não tenho orgulho da vida que levo, sei que não me relacionei com um homem casado, éramos solteiros quando começamos o nosso namoro, me apaixonei por ele e fiz confusão no começo, mas reconheço minha fraqueza, meu erro hoje. Ela fez muita coisa pra nos separar, chegou a pedir a ele, quando nos separamos, para dormir com ele na casa em que morávamos, ele que não deixou. Foi uma pessoa mais esperta do que eu, era mais velha, mais experiente ou melhor, sabia o que queria, eu não. Não quero colocar aqui que fui vítima, talvez muitas de vocês achem que eu estou errada e eu vou concordar, mas saibam que eu estou tentando, procurei ajuda médica, e estou abordando isso na terapia, minha psicóloga está de férias e só retorna em fevereiro.

Quero que olhem para mim como uma pessoa que nunca deu limites ao outro, sempre permiti aos dois fazerem de mim o que queriam, o primeiro me escanteava e eu feito um cachorro atrás dele, o segundo me dominou, mesmo vivendo assim, ele tem sobre mim o poder que quer, só saio se ele concordar, só faço as coisas concordando com ele. Tenho tentado mudar isso mas até para ir ao cinema é uma novela, viajar então, sem ele está fora de cogitação. Sei que isso tem muito haver com o que vivi na infância, o casamento dos meus pais, o medo de viver algo parecido, mas o exemplo da submissão da minha mãe está prevalecendo. Tenho pedido muito a Deus que me ajude, ninguém que tem um pouco de bom senso quer viver assim, nunca fui aproveitadora, sempre trabalhei e me mantive (hoje sou funcionária pública, estudei muito para chegar onde cheguei, e é claro fui aprovada com a permissão de Deus, que me deu essa benção).

Não preciso de homem para me sustentar, o problema é emocional, a necessidade que eu tenho é de reconhecimento e de sentimento, hoje consigo perceber uma carência em mim fora do comum, parece que preciso de alguém para me dizer o que fazer e ele faz isso com maestria, mesmo sendo ruim às vezes, mas já me acostumei. Nunca fui aquela pessoa segura, se a gente vai jantar fora ele me pede para escolher, eu acabo dizendo a ele que qualquer coisa pra mim tá bom, ele chega a se irritar com a minha imparcialidade mas é assim pra tudo, pra onde se quer ir, o que ser quer comer, é por isso que vamos pra onde ele quer a hora que ele quer, porque nem isso eu consigo opinar. Porque eu estou detalhando isso pra vocês, para que vocês me ajudem a entender o que acontece comigo e a encontrar uma saída. 

Eu estava decidida a terminar com ele agora no início do ano, mas infelizmente aconteceu algo muito sério com um dos filhos dele do primeiro casamento e ele acabou se apoiando em mim para muitas coisas e como isso abalou muito a ele (que chegou a me dizer que não está pior porque ele tem a mim) fiquei sem coragem. O nosso relacionamento não é bom pra mim, sou uma pessoa moldada e me tornei mais retraída para não desagradá-lo, sempre fui aquela menina popular, positiva, que gosta da vida, hoje, muitas vezes vou dormir e choro porque sei que não agrado a Deus vivendo assim e tão pouco sou feliz, apenas não sei como resolver tudo isso, terminei várias vezes com ele também (assim como o outro) e sempre acabei voltando, porque me tornei dependente e não sei como curar isso. Hoje vejo que não terminei com o outro eu o substitui, e agora o que eu faço? Estou tentando me desvencilhar aos poucos, mudar algumas condutas,
mas está tudo tão enrolado que eu não estou sabendo como fazer. Falem o que puderem ou o que for preciso. Não estou aqui para ouvir palavras doces, mas a verdade, mas principalmente algo que eu possa usar como rota alternativa para a solução desse problema.