Ilustração: wallcoo.com

Já frequento o site há algum tempo e hoje resolvi compartilhar um pouco da minha história com vocês.

Quem me conheceu há alguns anos atrás até admira a pessoa que me tornei hoje, pois sempre fui, como dizem, "a ovelha negra da família", durante minha adolescência tinha um comportamento de rebelde sem causa, deixava meus pais de cabelo em pé. Só queria saber de rua, balada e amigos, muitas vezes saia de casa na sexta a noite e só voltava no domingo. Até que não era tanto irresponsável, pois consegui bolsa numa ótima faculdade e passei num concurso publico (evolui de ovelha negra para gênio indomável... rs), o que talvez tenha me feito sentir mais independente e dar menos satisfação aos meus pais.

Porque eu era assim? É uma pergunta que até hoje não sei responder, pois sempre tive uma família bem estruturada, boas condições econômicas e apesar desses problemas que eu causava, tinha sempre compreensão e ajuda dos meus pais quando era preciso. A imaturidade talvez seria o fator principal e só sei explicar que gostava de sentir a liberdade, de não dar satisfações, fazer o que quiser sem medir conseqüências...

Sai com alguns caras, fiz tatuagens, coloquei piercings e cheguei a experimentar algumas drogas mas graças a Deus não vi graça em nenhuma. Aos 20 anos eu iniciei um relacionamento sério com uma pessoa, tínhamos a mesma idade e ele era um tanto ajuizado quanto eu. Com quase 1 ano de namoro descobri que estava grávida, no início foi um susto para os dois, como em toda gravidez não planejada, mas também foi uma alegria. A partir daí meus pensamentos mudaram totalmente, aquela menina desvairada e desmiolada desapareceu, comecei a me imaginar como mãe e até como esposa e desde de então meu objetivo (ou sonho) começou a ser formar uma família.

Ao passar dos meses, ele iniciou na faculdade, eu tranquei a minha e então resolvemos morar junto após o nascimento da criança. Meus pais foram contra essa atitude, minha mãe chegou a dizer pra eu não ir pois tinha a certeza que não daria certo, mas como sempre eu não escutei. Conseguimos uma casa emprestada na cidade onde a família dele morava, e com o tempo eu pretendia pedir transferência do serviço pra lá. Logo de cara eu já incorporei “a esposa”, cuidava muito bem da casa, me virava pra ter comida pronta a hora que ele chegasse e cuidava sozinha da minha filha com toda insegurança de uma mãe de primeira viagem.

Ao contrário, ele se comportava ainda como solteiro, não me dava a mínima satisfação da sua vida, da mesma forma que eu fazia com meus pais. Além da licença maternidade eu consegui me afastar do serviço por mais 8 meses e, passado esse tempo, eu não consegui a transferência para outra cidade e o médico perito me liberou para voltar a trabalhar. Então conversei com meu “marido”, disse que iria passar alguns dia na minha cidade para resolver esta questão e talvez pediria a exoneração do meu cargo público, ele por sua vez disse que não era pra mim fazer isso, que eu deveria voltar a trabalhar e morar com meus pais novamente pois ele não se sentia preparado financeiro e psicologicamente para assumir uma família, que iria terminar a faculdade e batalhar para TALVEZ me dar um futuro melhor.

De inicio concordei com ele, pois passávamos meio apertado, nunca passamos fome, mas vivíamos com dinheiro no limite das necessidades, e com essa “separação” poderíamos juntar dinheiro. Então voltei para casa dos meus pais, “com o rabo entre as pernas”, e eles me receberam muito bem e ficaram feliz com a minha volta. Eu ainda continuei o relacionamento assim, cada um em sua casa, mas ao passar do tempo vi que ele não tinha o menor interesse no nosso futuro e novamente o chamei para uma conversa franca. Pressionei-o para que decidíssemos o nosso futuro, e grande foi minha surpresa quando ele respondeu: " - Não vou mais te enganar, na verdade eu não quero assumir o compromisso de um casamento, pelo menos não por agora, não sinto essa vontade e nem vou me esforçar pra isso. Se forçarmos a situação eu sei que não serei um bom pai e marido, já tentamos e não deu certo. Eu te amo muito, mas se quiser ficar comigo tem que ser nessa condição que estamos agora, ou é isso ou sai fora!".

Então eu resolvi, com muita dor e tristeza, sair fora! E ali se acabou todo um sonho que eu tive de construir uma família. Ainda não desisti desse sonho, tenho a certeza que um dia encontrarei alguém para concretizá-lo. Eu ainda continuei um tempo na casa dos meus pais, até receber uma proposta de emprego em outra cidade. Hoje moro com a minha filha, ainda estou sozinha, mas me sinto feliz e realizada.

Quanto ao relacionamento com os meus pais melhorou 100%, hoje posso dizer que tenho maturidade suficiente para respeitá-los da forma que merecem. Moro a 60km deles, mas não consigo ficar um dia sem falar com eles ou um fim de semana sem vê-los. Enfim, esse é um "resumão" dos meus 26 anos, acredito que tudo o que passei foi essencial para que eu me tornasse uma pessoa melhor, a pessoa que sou hoje...

Bom, se você teve a paciência de ler até o final, eu agradeço! Fiquem com Deus, e até a próxima.