Eliene A.

Olá pessoal. Apesar das adversidades da vida, sempre fui uma pessoa de alto astral, sempre em busca da felicidade, apesar do meu passado triste.

Quando criança, sofri abuso sexual de um vizinho, sempre fui muito perseguida pelo homens, meu filho foi fruto de uma relação sexual não consentida, quando um ex-namorado colocou um remédio no suco. Eu tinha 18 anos, tomei pavor ao sujeito e criei meu filho sozinha, trabalhando e estudando, às vezes com ajuda da minha mãe, para tomar conta em enquanto trabalhava para sustentá-lo.
 
Mesmo com todo drama sofrido na infância, a minha única lembrança masculina, de amor e afeto, refere-se ao meu querido PAI, que perdi prematuramente aos 15 anos de idade, e após passar trinta e quatro anos do seu falecimento, sinto que ele foi o melhor Pai que alguém poderia ter, acho que por isto nunca consegui odiar os homens que tanto mal me fizeram. Quando meu filho completou 14 anos minha mãe faleceu, ele que era muito apegado à ela, ficou confuso, e mudou o excelente comportamento.

Aí entrei em pânico, ele se envolveu com drogas. Sozinha, passei o "pão que o diabo amassou", era contadora de uma grande empresa, que custeava meu aluguel, quando ficaram sabendo me demitiram. Sem emprego, mudei-me para um cubículo, meu filho não aceitou e ficou perambulando pelas ruas, até que consegui levá-lo para casa, todos que se diziam amigos, e até meus irmãos de sangue, que antes corriam atrás de mim, se afastaram, culparam-me pela falta da atenção, por ter que trabalhar dia e noite para sustentá-lo e pagar colégio particular, e ter lhe dado conforto que nunca tive.

Foram 6 anos de sofrimentos, depressão e muita humilhação, perdi o respeito do meu filho, para a maldita droga. Com 40 anos e dificuldade de retornar ao trabalho, sobrevivia com uma pensão, que dividia com minha irmã, deixada pelo meu Pai, que mal dava para pagar o aluguel. Sempre fui uma pessoa de muita fé, e com todo sofrimento lutei, internei meu filho, e pedi ajuda ao pai biológico (só no papel), a esposa dele, apesar de não saber a verdade referente o nascimento dele, deu uma ajuda crucial, e foi fundamental junto com os meio-irmãos para a recuperação dele.

Já em processo de entendimento com meu filho, com ajuda psicológica fui saindo da depressão e o ajudei a ir embora do país para ficar longe das amizades do passado. Lá se foram 7 anos que graças a Deus ele está limpo e trabalhando.

Em 2003 morando sozinha, mas em paz, reencontrei um antigo namorado que não via há 20 anos, ele com os olhos mais lindos que o mar, resgatou-me em definitivo. Pela primeira vez em 40 anos me senti respeitada, amada de verdade, valorizada e completamente apaixonada. Casamos em 2004, éramos tão felizes que às vezes sentia medo. Perguntava "será que mereço tudo isto"? Um homem bem sucedido, que me amava e aceitava meu filho sabendo tudo que ele aprontou no passado. Meu marido veio de um lar conturbado também, a ex-mulher dele nunca o deixou em paz, usava o amor que ele tinha pelos filhos para chantagear e atormentar o nosso relacionamento.

Para abalar nossa felicidade, sua filha resolveu ter um filho aos 40anos. Em 2005 eles convenceram meu marido a passar os bens para o nome deles. Certo dia ele caiu e machucando o joellho e após este episódio ele nunca mais foi o mesmo, perdeu o movimento do joelho, fez uma cirurgia, e na outra perna ficou com erisipela. Ficou sem trabalhar durante 30 dias, o filho muito prestativo, foi com ele ao banco retirar dinheiro, caiu de novo. Tomou muito soro, contraiu diabetes e ficou hipertenso, aguentei tudo calada, só queria que ele fosse feliz, devia isto a ele. Mesmo com as limitações continuamos nossa vidinha, em paz e com as frequentes visitas, apesar de falsas, dos filhos dele, numa convivência pacífica.
 
No início de 2009, ele tirou férias (mesmo aposentado continuava a trabalhar), planejava uma segunda lua de mel, em segredo. Só que no famigerado 1º de abril de 2009, fomos a um hospital particular fazer exames e descobrimos que ele estava com problemas graves no coração e deveria operar de imediato.

Até aí pensei que maldade e falta de amor tinha limite, mas os filhos, no leito do hospital só queriam saber qual a situação financeira do Pai. Chegaram ao descaramento de pedir, sem mesmo saber como seria a cirurgia, uma grande quantia em dinheiro, dentro do hospital. Como meu marido passou para mim os cartões e senhas, fui humilhada, ofendida, só não apanhei, porque estávamos no hospital.

Diversas pessoas, entre eles os meus cunhados, me defenderam. Foi triste ver meu amado marido sofrendo, querendo ficar longe dos filhos. Um dos piores dias da minha vida foi sua partida, em 23 de abril, depois de tanta perseguição, sofrimento, e da nossa decepção com os filhos dele.

Suas últimas palavras, seguidas de um abraço, que nunca havia me dado antes, foram "- obrigada, minha mulher, por tudo que me deste. Apesar do seu filho ter caído, soube levantá-lo e ensinar o verdadeiro sentido da vida, eu errei com meus filhos, pensei que com dinheiro eles seriam felizes. Não tenho tempo para consertar isso. Perdoa, não esqueça de fazer justiça, educar e exigir que o ser humano aprenda que lei e compaixão estão acima de valores materiais".

Ele se foi, com 1 ano, 3 meses e 8 horas, continuo sozinha. Ainda o amo muito, não consigo ainda esquecer tudo que fizeram conosco, mas não sinto ódio deles... Sei que tudo que ainda fazem atráves da justiça dos homens para tirar meus direitos, não é a justiça divina.

Agradeço ao meu bom DEUS, por ter concedido, apesar de poucos anos, uma felicidade sem fim. um amor mais puro e sincero que alguém pode ter.

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