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Tolerência a violência
Profano
Para ser sincera, eu ainda não vi a nítida relação entre tolerar a violência e ser contra algumas manifestações de afeto.
Quem é contra a homossexualidade, por exemplo, o faz por ignorância, costumes arcaicos, etc.
Nada que torne essa pessoa obrigatoriamente a favor da violência.
A questão da violência é uma.
Dos preconceitos em relação a relações não-convencionais é outra.
Minha opinião. EU não consegui enxergar esse paradoxo.
Agora o Gulherme foi brilhante nos seu post.
Detesto essa história de \"hoje em dia isso\", \"hoje em dia aquilo\".
Sempre fomos violentos. Guerras ocorrem há milhares de anos.
Não sejamos prepotentes de achar que nossa geração é a culpada por todo mau existente na Terra.
Desculpe, Profano, mas discordo que a banalização da violência seja algo recente. Ao contrário, a condenação dela é que é algo \"novo\" nos costumes sociais. Não é preciso ir muito atrás na História para verificarmos que os problemas e as disputas eram sempre resolvidos violentamente. Até mesmo a \"nobreza\", tida como culta e sofisticada, resolvia suas pendengas em duelos mortais até final do século XIX. A condenação da pena de morte, por exemplo, é ainda mais recente, assim como considerar a tortura um crime é algo novo.
Ou seja, o novo, na verdade, é justamente o fato de nos incomodarmos com a violência. Há menos de um século não existia o conceito de \"crime de guerra\", que determina que nem mesmo nessa situação qualquer coisa é aceitável. Há menos de meio século, não existia o conceito de \"violência doméstica\" e \"crimes passionais\", como a famigerada \"legítima defesa da honra\", eram tratados com indulgência máxima.
Acho que o simples fato de estarmos aqui falando sobre o assunto já é prova de que a violência nunca foi menos banal do que agora.
Mas entendo o que você quer dizer quanto a entendermos a violência como algo inerente às relações humanas, mas ao mesmo tempo nos sentirmos desconfortáveis com demonstraçãoes explícitas de afeto. Só queisso também não é novo. Na antiga Roma, enquanto era normalíssimo ir se \"divertir\" assitindo às mortes em arenas de gladiadores, a paixão era considerada doença grave (disforia esteróide) e as demonstrações de afeto eram sinônimo de fraqueza e vulnerabilidade, duas coisas inaceitáveis na sociedade greco-romana. Já na Idade Média, as demonstrações públicas de afeto eram um pecado capital, pois indicavam luxúria e vaidade, mas a tortura de supostas bruxas e afins era vista como justa e adequada.
No final das contas, me parece que o ser humano sempre foi inclindo à sanguinolência, à carnificina. Sempre fomos fascinados pelo mórbido e bizarro, enquanto sempre consideramos o afeto secundário e muitas vezes vergonhoso. Um contrassenso, sem dúvida, mas uma triste e comprovável realidade.
Não Profano não.
Nem toda forma de afetividade é bem vinda.
Segue um exemplo tosco:
A afetividade do meu namorado com a minha melhor amiga não é nem um pouco bem vinda.
Não é porque é algo teóricamente bom (carinho, afeto) que não tem que ter limites.
Não existe apenas preconceito contra homossesxuais, muitos são assassinados, O que signfica isso?
Primeiro. Eu não disse isso.
Eu disse que nem todo pessoa preconceituosa é responsável pela violência (a urbana, gratuíta).
A mãe que não aceita que seu filho seja gay (e na sua visão é contra uma forma de afeto) não necessariamente quer matar alguém ou apóia a violência.
Sim, Profano, continuamos nos matando por nada. Só contrapus a idéia de que essa banalização é algo recente ou culpa da mídia. Acho que é justamente o contrário, a mídia apenas reflete o que permeia a sociedade. Ela escancara esse lado podre com muito mais afinco do que o lado nobre, justamente porque é esse lado que atrai a atenção do público. Em última instância, temos que lembrar que a mídia está interessada em números, vai sempre se focar no que vende mais. E o que vende mais é sangue e sexo. O público não se encanta ou comove com o carinho e a solidariedade, não quer ver flores, quer ver cadáveres destroçados.
Não precisamos pesquisar muito. Entre um filme dramático contando histórias de amor ou de solidariedade, e um filme de ação ou terror com muita pancadaria e sangue jorrando, qual tem maior bilheteria? Se a primeira página de um jornal estampar uma cena de carinho, ninguém pára em frente à banca pra saber do que se trata, mas se estampar uma cabeça decaptada, junta uma multidão.
Então, não me parece que o problema esteja na exposição da violência através da mídia e sim no quanto o público gosta dessa violência e busca por ela. Há sites pagos na internet com imagens de estupros, de assassiantos e torturas indizíveis. Aí eu pergunto: os sites existem porque há público interessado em pagar pra ver isso ou o público passou a se intressar porque os sites existem?
Qdo fui fazer estágio na capital... Lembro que no 1º dia q desci do ônibus, eu vi uns 3 mendigos dormindo ao relento. Aquilo me chocou (não que na minha cidade não tenha, mas não é algo comum de eu ver). Tipo cedo da manhã, aquela agitação toda de 1º dia...
Passados uns 3 meses, eu ainda via mendigos dormindo ao relento, mas não me chamava mais a atenção. Eu tava sempre na pressa de chegar, pensando em 100o coisas... E lembro que comentei com alguém sobre isso, que não gostaria de perder a capacidade de me indignar com essas visões, de ter dó, de me sensibilizar....
Então, acho que não é insensibilidade. Acho que a gente tem acesso a tantas informações que acaba meio que fazendo uma triagem e passa batido por algumas aberrações... (salvo qdo olha o clic e vê manchetes com subcelebridades... ;)).