ROSEANE TRISTE

Eu penso um pouco diferente dos demais. Vivemos em um país que existe diferenças gritantes em termos de salário, tem profissionais competentes e dedicados que ganham muito e outros muito pouco. Por exemplo: professores estaduais tem salários aviltantes.

Muitas vezes, em um casamento, um está em uma área que remunera melhor, e o outro já fica com a autoestima prejudicada. Se o parceiro ainda cobra, a situação fica muito pior. Por muitos anos a minha remuneração foi muito menor do que a do meu marido, mas ele jamais me cobrou por isso. Como a situação me incomodava, procurei outras alternativas e hoje nossa remuneração é similar. Se ele tivesse feito qualquer cobrança, não teríamos ficado juntos, pois já chegavam as que eu mesma me fazia.

Convivo com duas jovens mulheres em situações bem diferentes: uma, profissional de sucesso, "banca" todas as despesas domésticas para que o companheiro possa cursar uma engenharia, já que ele tem apenas um curso técnico. Ela não se incomoda e estimula ele a realizar seu sonho.

A outra jovem faz Medicina e é o companheiro que banca quase todas as despesas, pois ele já tem certa estabilidade financeira. Também não existe cobrança, pois compartilhar igualmente as despesas, inviabilizaria que ela fizesse um curso que tem longa duração.

Observo que: o que mantém um relacionamento, além do amor, é compreensão e respeito às limitações do outro, juntamente com o estímulo para que cada um possa realizar seus sonhos.

Será que o relacionamento de vocês não ficou ruim pelo fato de você estar humilhando o seu companheiro por ele ganhar tão pouco?

Não entendi.

Qual a semelhança de um cara esforçado, que faz faculdade, está preocupado em crescer e um outro que passa o tempo todo vendo TV e na internet, dorme no sofá, e mostra uma total indiferença às contas que se acumulam no fim do mês? Deve ser a mesma de um cão e um abacaxi.

Ele é folgado assim pq ela o humilha? Quer dizer que ser malandro e gostar de ser sustentado é culpa da esposa? A única culpa dela é ter aceito esse comportamento, nunca por "humilhá-lo".

Se fosse comigo ele iria conhecer o que é humilhação, e garanto, iria preferir nunca ter me conhecido.