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Pensata: O William Wilson que habita em nós!
Sr. Caro Guilherme:
Busquei o conto na internet e o li, na íntegra; muitas questões além daquelas que foram abordadas aqui, apareceram; uma delas é que o “bonzinho” levou a vida a se dizer a “bússola do correto”, do que era o melhor a fazer, o guru dos bons conselhos. Isso também é enlouquecedor: imagine que em paralelo a você, na sua caminhada de vida, há alguém que nunca erra, nunca se dá mal e aparentemente, não tem um ponto fraco... É humano, bom, ou diabólico, doentia esse tipo de conduta?
Outra é que quando temos o BOM (bom emprego, boa saúde, boa casa, filhos saudáveis, bom relacionamento conjugal), pode ocorrer um vazio, uma falta do não-sei-o-quê, que na maioria das vezes é ocupada pelo “outro Will” (vícios, excessos de comida e bebida, busca por drogas, etc.). O BOM (terrivelmente constatado), não basta à natureza humana...
E na morte do personagem, vemos que ambos morreram, e morreriam. Ou seja, se o MAU tivesse sido aniquilado, o bom também não sobreviveria (talvez) e se destruiria com o tempo, afogado no mais puro remorso, culpa (por ser BOM) ; (como pôde ser capaz de matar, sendo tão bom?) e também no mais odioso tédio.
Não é muitas vezes o que ocorre consco? "Como é que eu fui capaz de fazer uma coisa dessas?", (se não sou uma má pessoa)...
"Permiti que vos conte do principio ao fim o caso, o acidente fatal, que motivou essa maldição. A morte aproxima-se e a sombra, que a precede, lançou, já, no meu coração, influência benéfica de arrependimento e de paz." (excerto do conto).
Ora, o assassino com lampejo de bondade?
Sr. Caro Guilherme:
Resolvi eliminar sua curiosidade a respeito do tema, porque não gosto de deixar os homens curiosos. Homem curioso é um homem potencialmente perigoso, e não tenho muito tato para lidar com tais criaturas neste estado de espírito.
Os paralelos que fiz entre o encontro dos elementos comuns e suas escolhas, é que tanto no filme de Pink Floyd quanto nas obras citadas de Poe, aparecem a dualidade, o lado escuro e entregue aos vícios do ser humano protagonista das obras, além de um elemento importante e sempre presente, talvez o mais simbólico de todos (the wall) : a parede, o muro...
Poe é extremamente descritivo nos detalhes das edificações do cenário onde ocorrem suas narrativas. E em O GATO PRETO, o muro, a parede, o tijolo, é a chave da questão; assim como no filme de Pink Floyd.
Isso nunca lhe despertou nenhuma interrogação?
Poe me pareceu característico em seu estilo (refiro-me às duas obras citadas anteriormente apenas);diferente de outros autores que são capazes de mudar de linguagem, tema e estilo, de tal forma que ignorando sua autoria, jamais saberíamos se tratar do mesmo romancista. Refiro-me a Jose de Alencar em “Iracema” e em “A viuvinha”.
Obs.: Agradeço por ter deixado meu grande ídolo, Michel Teló, fora dessas considerações.
Então brindemos miguxo! Olha só o que eu achei...ofereço a vós!
Honroso Gulherme, (apelei para o sinônimo ta! rs...)
É o tal de fechar os olhos e pular no vazio; risco calculado
Diga-me Gulherme, pois fiz questão de me imaginar fechando os olhos e pulando no vazio, como se faz para calcular os riscos?
Já pulou no vazio alguma vez não metaforicamente? Eu recomendo, é um elixir momentâneo para pensamentos inoportunos!
Aproveitando a analogia com a imortal obra de Cervantes; Dom Alonso Quijano morreu "lúcido e feliz" quando abandonou sua tônica fantasiosa; encontrou no ocaso, a placidez que nunca o visitou em seus sonhos de aventura. Em parte deixou de ser ele mesmo, e teve um fim mais piedoso do que sob as algemas da loucura
Por que nunca damos ouvidos aquela voz interior: “Não empreste os livros que mais gosta, eles jamais serão devolvidos!”
Interessante cenário o de Dom Quixote!
Algemas da loucura? Acho que Cervantes se serviu do personagem para fazer peripécias que gostaria de ter vivido.
Afinal eu sempre acho isso dos grandes autores, que eles expõem indiretamente muito do que queriam viver ou viveram.
Tenho para mim que Dom Alonso sempre foi feliz, ele viveu o que tinha que viver; afinal não é bem assim, fases compreensíveis, fases incompreensíveis.
Não seriamos todos nós Dom Quixotes?
Gulherme,
Desenterrei alguns livros que jaziam no fundo de caixas velhas e de cara me deparo com Crime e Castigo, e confesso, continua angustiante como sempre; por isso se manteve escondido por muitos anos, e também pelo contorcionismo entre o certo e o errado. Fiodor tinha talento para angustias (assim penso eu!) – Alguns acham Fiodor horrível, outros lhe estimam, e eu queria apenas me decidir se lhe aprecio ou não! Sinceramente? Eu acho que ele sofria do mau funcionamento do tico e teco ou então ele queria desregular o do leitor, não pela escrita rebuscada, mas pelos meandros que fazia questão que seguissem seus textos.
Em Crime e Castigo (talvez vc tenha lido) a mente febril do protagonista demonstra claramente a nossa luta em decidir questões dessa natureza (bem/mal – certo/errado) e por mais torturante que tenha sido; o finalmente é clássico! Não importa o desespero, só o fato de se voltar para um lado tendemos a antecipar um resultado já esperado.
E esperado também é o gran finale, depois de toda façanha ele faz questão de ser sentenciado, para que assim, quem sabe um dia, a consciência siga tranquila.
Bem como nós mesmos! Como se seguíssemos um roteiro pré-estabelecido.
Agora me lembrei que debatendo com um amigo ele disse que ultimamente tem a sensação de sermos uma produção em série, o que significa para ele que estamos todos iguais, nas atitudes, na fala, na escrita, na maneira de vestir e de sentir, inclusive nos resultados.
Não tenho uma idéia formada sobre isso, mas ouvindo os argumentos dele me deixei levar e vi em tudo uma completa mesmice! Confesso que a sensação foi de enfado.
Bom, qualquer falta de concatenação, desconsidere! A culpa é do cansaço pós-final de semana!
Obs: Mas vc escreve bem em! Até me aprumo na cadeira quando vou postar para vc, posso fazer feio na escrita e nas idéias, mas na postura cervical eu me garanto! rsrs...
Saudações Gulherme,
Chove na terra do pão de queijo e isso é sempre satisfatório!
Um caso extremo de autor mais venturoso que personagem
Não me diga que Dom Quixote é uma autobiografia torta de Cervantes?
Então vem de encontro a minha teoria, ele viveu de maneira diferente e ao mesmo tempo igual todas as proezas, ou quis viver!
Gulhermo seria uma deseducação confirmar o que dissestes, mas já passou pela sua cabeça que pode ser uma emboscada toda vida de Cervantes? Já pensou que todo esse enfretamento que se diz real foram querelas mentais?
Por obsequio, siga- me o raciocínio para que me entendas:
Suponhamos que a estória de Cervantes foi uma fachada, que ele não tenha sido tão venturoso assim, nada além de um soldado raso e ainda por cima medíocre na função, mas desejoso de ser um Herói por um motivo qualquer, e por um golpe do destino conseguiu toda uma reviravolta equivocada! Isso explicaria Dom Quixote!!!
Pelas barbas dos profetas! Será que Hidromel Diet que vc me serviu me pôs em delírios? Beber logo pela manhã não me fez bem!
De certa vez, meu amigo Austra emprestou a mim alguns volumes da sua biblioteca - que faz parecer a famosa coleção de Delfin Neto a coleção Vaga-Lume - e ficou um tanto apreensivo quando eu ao (tentar) ler algumas páginas, fiquei com o olhar petrificado, apatetado, com uma gota de saliva descendo pelo lábio inferior idiotizado....virei um perfeito imbecil!
Nossa... Traumatizante! Espero não ter ficado sequelas.
Então, por favor, não conte a ele sobre Fiodor, me acusara de empurrá-lo para o lado sombrio da força! rs....
Mas cá entre nós dois e que ninguém nos ouça: Vaga-lume era demais né! Venha me dizer que vc não delirou com O Rapto do Garoto de Ouro? Creio que esse livro ainda dever estar por aqui em algum lugar.
Por isso minha cara; sobre Fiodor...receito Tolstoi que era menos atormentado e mais do "povão"!
Ah Tolstoi! Já fomos companheiros, mas confesso que no momento estou cedendo ao charme de Mauricio de Sousa e se me permiti, eu te recomendo.
Mas falávamos de enfrentamento, eu tive que enfrentar ainda Os irmãos Karamazov, para ter a certeza que a angustia de Fiodor não era só uma impressão minha, mas inicio, meio e fim em todas as suas obras (pelo menos as que eu li) e sim, uma chatice só.
Mas fazer o quê, somos animais gregários, é complicado se afastar da manada, não somos de todo culpados!
Hidromel duplo por favor! Puro, não ouse por se quer uma pedra de gelo!
Que triste verídito Gulherme, se somos limitados ao conjunto, então no fim das contas somos semi-racionais e não levar a culpa nesses casos nos faz ter uma certa familiaridade com Sancho Pança!
Se eu não estivesse embriagada, te ofereceria um café preto e um bom queijo branco fabricado nas regiões da Serra do curral, mas me acompanhe e prove uma boa pinga , não a Salinas, que jaz na industrialização, outras tantas artesanais que não te causará efeitos colaterais que te impeçam de enfrentar de cabeça erguida a Terça-feira!
Saudações cara Melissa; obrigado pelo nobre (evidente exagero, mas agradeço!):
Muito interessante seu ponto de vista, e bastante aconselhável também...no entanto, as vezes temos que assumir um papel que entra em severa contradição com nossa própria personalidade, a fim de atingir objetivos mais cimeiros.
É o tal de fechar os olhos e pular no vazio; risco calculado - ou nem tanto - as vezes funciona muito bem; mas que não vire regra!
Aproveitando a analogia com a imortal obra de Cervantes; Dom Alonso Quijano morreu "lúcido e feliz" quando abandonou sua tônica fantasiosa; encontrou no ocaso, a placidez que nunca o visitou em seus sonhos de aventura. Em parte deixou de ser ele mesmo, e teve um fim mais piedoso do que sob as algemas da loucura.
Boba? o que é isso? obrigado pelos comentários!