O declínio da familia tradicional

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Haydée
No PF desde: 18/01/2011

A família, a que podemos chamar tradicional, foi durante muito tempo constituída por pai, mãe e filhos. Antes da industrialização e do surto de urbanismo a família tradicional vivia no campo e agrupava, não raramente três gerações. Com a vinda para a cidade onde as habitações, quando as há, são exíguas, a família viu-se reduzida ao seu núcleo fundamental, com redução drástica dos número de filhos.


Hoje podemos afirmar que a família tradicional há tempo está em crise.


Foi a partir da admissão e banalização do divórcio que os novos modelos matrimoniais começaram a despontar, todos eles afastando-se mais e mais da indissolubilidade. Todos estes modelos não são uma alternativa à família tradicional, mas um deturpação dela.


É certo que a família tradicional está, actualmente, exposta a inúmeros perigos: o trabalho da mulher e do homem fora de casa, criando-lhes independência económica e contacto assíduo com companheiros(as) de trabalho, favorece o divórcio? não preciso de ti para nada ou o meu colega não é como tu? são frases comuns que não indiciam nada de bom; o trabalho do pai e da mãe fora de casa leva à diminuição da natalidade e à pouca atenção ao filho (dois no máximo!). A vida em comum exige regras mínimas de convivência e certas limitações que o individualismo egoísta reinante não quer aceitar e assim com frivolidade e irresponsabilidade se desfaz um lar.


Há bem poucos anos eram os países do Norte da Europa os de menores índices de natalidade só que a situação está a inverter-se ? a Suécia tem actualmente índices elevados de natalidade, porque começou a ver os efeitos nefastos do caminho que estava a trilhar em matéria de política familiar.


E você, o quê você acha?


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Kátia.Aquiles
No PF desde: 09/12/2009

Eu acho tantas coisas sobre esse assunto...


Primeiro: confesso que eu sou uma tradicionalista. gosto do modelo da família tradicional. Pai, mãe, filhos.

Mas por outro lado, quando esse modelo não podia ser dissolvido porque a sociedade condenava, as pessoas viviam de aparências.

E certamente infelizes.


Entretanto, há uma banalização e uma confusão familiar muito grande. Um cara tem filhos com 5, 6 mulheres diferentes. Um tal de casa e descasa sem fim. Relações de parentesco mega confusas.


Eu particularmente não gosto. Mas quem sou eu para mandar na vida conjugal alheia?


E você está certa quando diz que hoje desfazem um lar irresponsavelmente. Só acrescentaria que mais irresponsável que isso são as construções. Casam e tem filhos sem nem pensar direito. Aí separam, e casam e tem filhos com outro e assim sucessivamente.


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Circe
No PF desde: 17/04/2010

Assim como a Kátia, também penso na família segundo o modelo tradicional: fui criada num ambiente familiar, aprendi a ter valores, a respeitar os mais velhos, sobretudo meus pais. Sempre houve conversa, as refeições eram feitas com todos reunidos - o momento em que colocávamos os assuntos em dia -, meus pais sempre participaram da minha vida.


Por ter crescido em um ambiente assim, é esse o ideal que tenho de família: uma relação em que marido e mulher se apóiam, tem objetivos em comum, sabem ceder e enfrentar as dificuldades reconhecendo-as como inerentes a uma relação a dois. Hoje as pessoas não são pacientes, não conseguem ceder ou mesmo dialogar. O fato da mulher ser independente deu a ela o direito de arrumar as malas quando quer, o que nem sempre é feito de forma ponderada. Ninguém tolera nada - e não estou falando de tolerar traição, humilhação, tratamentos depreciativos.


Penso na família como o núcleo central da sociedade, pouco importa a configuração que tenha (pai/mãe/filhos; pai/pai/filhos; mãe/mãe/filhos; pai/mãe; mãe/filhos; pai/filhos), devendo, no entanto, prezar pelo diálogo, pela transferência de valores, pelo ensino da tolerância e do respeito. Se há uma família, esse núcleo deve ser agregador, um ambiente que nos dê a segurança de enfrentar o mundo sabendo que há apoio, que nossos alicerces são fortes.


E sobre o individualismo... Já fui extremamente individualista e hoje percebo que não é possível viver sozinho, apesar de prezar imensamente o direito de ter momentos de solidão. Somos seres sociais, somos norteados por leis, não podemos simplesmente impor nossa vontade a todo custo o tempo inteiro. Não dá pra ser egoísta e individualista e forma irracional.


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Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Ceticismo social, exasperação da liberdade, falta de autoridade, confusão de papéis... Conheço pais que são até amigos dos filhos. Não tem como dar certo. Sugiro que o governo distribua exemplares grátis de Confúcio para a população :-)


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precisofalar
No PF desde: 28/04/2008

Ai, Austra... Pais têm de ser amigos dos filhos... Ou... Um traficante o será! Ou estou muito enganada?


Haydée, acho que estudos atuais falam sobre esta mudança na formação de uma família. Não sei quais os reais motivos que levam a isso, podem ser todos estes citados por vc, e alguns mais.

Mas, como a Katia e a Circe, acho que família é a tradicional: pai, mãe, filhos. Este é nosso alicerce.


Talvez pq a conotação de família tenha mudado que vemos tantas coisas estapafúrdias no nosso dia a dia, como os maus tratos, o abandono.


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Australopithecus
No PF desde: 10/02/2010

Olha, PF, sou do tempo em que filhos respeitavam os pais e os alunos respeitavam os professores. E por respeito, sabiam seu lugar.


Mas hoje, veja vc, minha jovem, alunos tomam café com professores e filhos posam com as mães. Semi nus.


Enfim...


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Si Cal
No PF desde: 06/08/2010

Foi a partir da admissão e banalização do divórcio que os novos modelos matrimoniais começaram a despontar, todos eles afastando-se mais e mais da indissolubilidade. Todos estes modelos não são uma alternativa à família tradicional, mas um deturpação dela...


*Acho que o individuo admite e banaliza uma determinada situação em proveito próprio.. e por isso acaba deturpando a familia tradicional (não concordo que isto e osmose para este regra.. eu nbão tenho meu núcelo logistico baseado no tradicional... Pai - Mae e Filho, sou eu e filha.. porém não banalizo e admito enquanto forma de liberdade explicita apenas por si só o divorcio...)


Eu pessoalmente acho que qualquer forma de independencia deveria ser tratada com cautela.. tendo em vista que os individuos loucos para quebrar o conceito de repressão vivido por anos com as ditas \"familias\" tradicionais acabam se perdendo em sua propria liberdade... a normalidade entre acatar estes novos tempos dentro de um aspecto onde exista respeito ao proximo, responsabilidades a serem cumpridas em sua função primordial enquanto individuo que e ESPELHO de outro (filho) e uma questão indiscutivelmente pessoal...


Sou oq podemos chamar de familia contemporânea por logistica e consequencias de fatos arbitrarios ao meu consciente racional e responsavel, porém sem perder jamais minha FUNÇÃO primordial de respeito, amor e convivencia.


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Flordelislaranja
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No PF desde: 28/12/2012

Eu respondo por mim...sou do tempo de 'familias tradicionais' e não sinto a menor saudade disso....muito se fala em 'respeito aos pais'....mas pra mim isso não exisitia...o diferente não tinha uma chance,hoje tem....hoje meninos brincam de boneca,meninas jogam bola,pessoas são mais respeitosas com o jeito das outras(ainda que na 'marra', por decreto de lei)...o preço disso,qual seria? Uma amizade menor entre as pessoas,talvez....mas pelo respeito mútuo entre as pessoas eu aceito o sacrifício....

Na Suécia já se constatou que pessoas podem pegar ônibus um mês inteiro sem ouvir a voz de ninguem...sem conversar....esse é o preço da modernidade....como as pessoas têm que respeitar alguem, que ela não concorde,isso por decreto de lei,elas preferem não ter amizade para não discutir.....talvez seja esse o futuro que aguarda os brasileiros....mas muitos preferem isso,esse tipo de mundo,do que se sujeitar ao atraso novamente....

Alguns podem alegar uma alta leva de suicídio nesses países...mas isso é até a adaptação...depois passa....


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Gulherme
No PF desde: 13/05/2010

Que família tradicional é essa que precisa voltar ao campo para fugir dos "perigos" que assolam o casamento? Mesmo sendo um tópico desenterrado, vale a reflexão sobre o questionamento da criadora do post.