DESAMPARO APRENDIDO

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_Ana_
No PF desde: 19/09/2010

o texto é longo... vou copiar alguns parágrafos que acho mais interessante... quem quiser leu na íntegra: http://tw.gs/QYSeCY


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DESAMPARO APRENDIDO - DESAPRENDA

Postado por Patrizia Streparava

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Desamparo Aprendido é a condição na qual um animal, humanos incluídos, aprende a se comportar de forma impotente, e não muda sua resposta, mesmo quando há oportunidades de sair da situação. Nessa teoria, a depressão e outros distúrbios mentais podem ser o resultado da falta de percepção de controle sobre situações experienciada pelo indivíduo em questão. Assim, define-se que tem desamparo aprendido, qualquer organismo que tenha sido menos sensível ou ineficaz no determinar as consequencias de seu comportamento.

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Estou trazendo todas essas informações em neurobiologia, porque esse tipo de comportamento, ou seja, perceber eventos como sendo incontroláveis, faz com que as pessoas, independentemente de sua origem, idade, credo, cor, se tornem incapazes de lidar com suas emoções, de solucionar problemas ou definirem e alcançarem metas, tornando-se passivas, com variações extremas de humor, e com dificuldade de aprendizado, o que se traduz em sérios problemas de saúde, física e/ou mental. Exemplos disso, vemos todos os dias, como as pessoas que continuam obesas, não fazem qualquer tipo de exercício e, às vezes, nem procuram tratamentos, por acharem que nada podem fazer ou que nada adianta. Essa ideia de impotência frente aos acontecimentos aumenta o estresse, formando um círculo vicioso.

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O desamparo aprendido pode ser usado como mecanismo de defesa, para sobrevivência em circunstâncias difíceis, como por exemplo, em crianças ou adultos que sofrem situações de abuso. Quando todas as tentativas de luta, defesa, ou de escape da situação pareceram não funcionar.

Todo mundo conhece algum caso de alguma esposa/namorada/amante que passa por situações terríveis, todos se perguntam porque ela não larga do cara. Porque aprendeu o desamparo que,infelizmente, muitas delas chamam de “amor”. E a corrente se expande quando uma criança, observando sua mãe a obedecer passivamente as demandas de um esposo abusivo, passa a acreditar que baixa autoestima e passividade são coisas normais relacionadas a casamento.

Estudos em saúde mental também demonstraram que pessoas que possuem uma tendência a explicar acontecimentos na vida de forma pessimista, têm suas chances de ter depressão grandemente aumentadas.

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Outro exemplo que acho impressionante são os conselhos dados às mulheres nas revistas femininas dos anos 50. Há preciosidades tais como:

“Ser uma esposa de sucesso é carreira de tempo integral que requer, entre outras coisas, as qualidades de um diplomata, o conhecimento de negócios, o saber cozinhar, o conhecimento de uma enfermeira, de um politico, de uma professora e de uma dançarina de cabaré”. E se a pobre vivente não possuisse essas qualidades intrínsecas, estaria fadada a uma vida de solteirona infeliz, dado que era ensinado que, para mulheres, a única felicidade possível seria através do casamento.

“Se um homem abandona o lar, é certamente porque a esposa não foi capaz de satisfazer seus desejos ou de ajudá-lo a relaxar quando necessário.”

É engraçado pensar que isso é coisa dos anos 50, quando, com palavras diferentes, vemos as mesmas situações ocorrendo o tempo todo. Há cerca de um mes, li um artigo no Estadão, onde era descrita a situação de jovens no Brasil, principalmente mulheres, que não desenvolvem qualquer competência que os habilite a entrar no mercado de trabalho, quer por não terminarem o 1o. grau escolar, quer por engravidarem muito cedo, continuando assim o círculo pobreza - falta de habilidades - pobreza.

Em seu livro “Gross National Happiness,” (Felicidade Interna Bruta - tradução minha, não achei o livro traduzido para o português), o Dr. Brooks argumenta que, o que é crucial para o bem estar, não é quão alegre nos sentimos ou quanto dinheiro fazemos, mas sim o significado que encontramos ou damos à vida, ou seja, o sentido de “sucesso merecido”, isto é, a crença que criamos algum valor(es) em nossa vida e na de outrém.

Combina com os achados de Seligman, que define: “quando recompensas e castigos são dados de forma arbitrária, os animais (humanos incluídos) param de tentar acertar e se tornam “passivos”, que é exatamente o desamparo aprendido.

Um exemplo ao vivo e à cores é Las Vegas. A primeira vez que vi, tinha vinte e poucos anos, então qualquer coisa acima dos 35 parecia velho, mas o que me horrorizou foi ver aquele mundo de velhinhos, de ambos os sexos, muito mais mulheres que homens, sentados em frente às maquinas caça níqueis, com baldinhos de moedas ao lado, aquele olhar perdido no nada, a manusear a maçaneta do lado da maquininha. Nenhuma alegria na coisa, uma repetição de movimentos totalmente mecanizada. Quando alguém acertava, era uma explosão histérica por 5 minutos, e depois tudo voltava ao que era antes. Na época, nem desconfiava que existisse algo chamado de “desamparo aprendido”, mas a cena ficou gravada para sempre em minha mente, e meu pedido fervoroso a um ente supremo foi: “Senhor, qualquer coisa menos isso”.

Então, para evitar ou curar essa condição, a Psicologia Positiva indica, antes de qualquer coisa, dar uma boa olhada nos elementos básicos do bem estar, identificando quais são aqueles que lhe são mais significantes, definir metas e monitorar o progresso. O simples fato de notar quanto tempo se gasta por dia na conquista de cada meta faz uma enorme diferença, pois fica fácil de ver as discrepâncias entre nossa meta e o que fazemos para alcançá-la. Também é uma boa idéia questionar nossas metas e atividades. Por exemplo, se minha meta é conseguir outro mestrado, porque diabos perco tanto tempo me explicando o quão dificil vai ser?

Outro ponto importante é que a Psicologia Positiva não prescreve nenhuma fórmula, mágica ou não, para a felicidade pessoal, e é exatamente por isso que a revisão de nossos valores e metas pessoais é fundamental. Se é sua meta ser a melhor jogadora de buraco de seu grupo, vai em frente. Se for ser a avó do ano, que a força esteja contigo! Lembre-se ainda que, metas e valores mudam como muda nossa vida, em diferentes grupos sociais, em diferentes idades, em países diferentes.

Como regrinha básica, tenho cá comigo que, quando me pego dizendo a mim mesma “sempre”, “todo mundo”, “nada de novo debaixo do sol” e outras preciosidades generalizantes, significa que estou atacada de preguiça mental e que não quero me dar ao trabalho de modificar algo, e é geralmente onde mora o perigo. Mas essa é minha regrinha e não uma verdade universal a ser seguida.

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Para melhorar nosso nível de satisfação na vida, é importante rever nossa vivência nas seguintes areas: (em ordem alfabética)

Atenção Concentrada (Mindfulness): a prática da atenção concentrada em coisas como gratidão e otimismo torna as pessoas mais felizes por desenvolver sentido de pertencimento, o que diminui a sensação de solidão e, consequentemente, o stress.

Cuidar: Voluntários, ou qualquer um que cuida de outrém ou de animais de forma consistente, têm menos depressão do que os que não fazem. E, embora o cuidar ou se voluntariar possa fazer parte de um grupo organizado ou clube, pode também ser uma coisa tão simples quanto dar uma mãozinha a um colega de trabalho que está tendo dificuldade com alguma tarefa.

Envolvimento Espiritual e Significado: Estudos e mais estudos têm demonstrado a íntima relação entre práticas espirituais ou religiosas, significado e felicidade. A prática espiritual pode ser meditação, atenção concentrada (mindfulness) ou o rezar. É o que é chamado de “propósito”ou “vocação”. Notar que isso é absolutamente pessoal, é o contrário absoluto do sair querendo enfiar nossas crenças nos outros. Conforma-se com o que disse Jesus Cristo a respeito de ir rezar dentro do quarto, se lhe der vontade, e se opõe ao que disse São Paulo de sair evangelizando o mundo. Talvez porque São Paulo era guerreiro de base e, depois do tombo do cavalo, desenvolveu epilepsia, mas isso é só minha opinião e nunca li estudo nenhum a respeito.

Exercício: Saúde e bem estar, que se definem como exercício, alimentação adequada e exposição ao sol, estão associados com melhor saúde mental, desde priscas eras (lembre-se do “Mens sana in corpora sano” dos romanos), e menor incidência de depressão.

Fluidez: É quando se está tão profundamente envolvido em alguma atividade, que perdemos a noção do tempo. Geralmente acontece quando há desafio em quantidade suficiente para gerar tensão (e não estresse patológico),e isto provoca crescimento em alguma área. Quem melhor explicou isso, embora tenha chamado de teoria da relatividade, foi Einstein quando disse: “relatividade é quando alguém se senta numa chapa quente, e um minuto parece uma eternidade, enquanto que quando se está conversando com alguém que se gosta, as horas se tornam minutos”.

Relacionamentos: pessoas que tem amizades longas e duradouras são mais felizes do que as que não têm. O número não importa, o que importa é a qualidade, nível de cooperação em atividades e a troca de sentimentos pessoais. Velho Juca Chaves não me deixa mentir .

Virtudes e Pontos Fortes: Estudos realizados no campo da psicologia positiva têm levantado cada vez mais evidências a respeito de mostrar que as pessoas mais felizes são aquelas que descobriram suas virtudes (ex: humanidade, justiça) e seus pontos fortes (ex: persistência e pensamento critico), e as usam para alguma finalidade maior que seus própios objetivos pessoais. Isso me lembra gente tipo madre Tereza e Dr. Linvigstone.

A parte que mais gosto nas ciências comportamentais é exatamente essa de definir que, seja lá o que tenhamos aprendido ou concluído em nossa vida, temos a capacidade de aprender coisas e diferentes. E se pudemos aprender algo que acaba não nos fazendo muito bem, podemos usar nossa energia para aprender algo que nos faça bem.


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Quote:
Desamparo Aprendido é a condição na qual um animal, humanos incluídos, aprende a se comportar de forma impotente, e não muda sua resposta, mesmo quando há oportunidades de sair da situação.


por isto é que acredito que devemos analisar nosso comportamento antes de qualquer coisa....

não conseguimos mudar o comportamento alheio só porque é a nossa vontade... mas mudando nossas atitudes a resposta do outro 'pode' ser diferente....


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_Ana_
No PF desde: 19/09/2010

e como os parceiros (as) conseguem 'domesticar' o outro pode ser lido aqui:

Quote:
O abuso emocional funciona como uma ‘lavagem cerebral’ e a vítima aprende que tudo o que faz é errado, tudo é sua culpa, não sabe nem pode nada. Se as palavras do parceiro a fazem sentir-se pequena, sem valor ou humilhada, e se ele não a respeita nem, leva em conta como você se sente, isso é abuso emocional. Mais importante ainda: isso é inaceitável.

Os relacionamentos abusivos são caracterizados por muito ciúme, negação da emoção, falta de intimidade, acessos de raiva, coerção sexual, infidelidade, ameaças, mentiras, promessas quebradas, jogos de poder e controle.

O abuso emocional é tão destruidor quanto o abuso físico. É tipicamente alternado com declarações de amor e afirmações de que tudo vai mudar. Os relacionamentos abusivos pioram com o tempo.

Os abusos emocional e verbal mudam, com freqüência, para ameaças mais abertas ou para abuso físico, particularmente em períodos de stress. Os abusadores são carentes e controladores; o abuso se intensifica quando eles sentem que vão perder o parceiro ou quando o relacionamento acaba (75% das mortes violentas de mulheres ocorrem depois da separação).


http://tw.gs/QYSfiw


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Poivre
No PF desde: 12/01/2011

Todo mundo conhece algum caso de alguma esposa/namorada/amante que passa por situações terríveis, todos se perguntam porque ela não larga do cara. Porque aprendeu o desamparo que,infelizmente, muitas delas chamam de “amor”. E a corrente se expande quando uma criança, observando sua mãe a obedecer passivamente as demandas de um esposo abusivo, passa a acreditar que baixa autoestima e passividade são coisas normais relacionadas a casamento.


Outro trecho que vou colar no meu espelho pra ler todos os dias...

Isso é realmente muito triste. Eu cresci vendo os homens da minha família traindo suas esposas. Eu assisti essas esposas perdoando passivamente esses erros. Eu não acho que perdoar seja um defeito, quem sou eu pra julgar a decisão delas... mas isso ficou em mim. Eu tenho isso vivo em mim quando me relaciono, eu acabo sendo passiva demais... E quando a gente acha um parceiro potencialmente machista, essa caracteística vem mais ainda à tona.


Muito triste, isso me faz lembrar o quanto preciso trabalhar duro pra tirar essas coisas de dentro de mim.


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Nary
No PF desde: 20/08/2008

É triste isso...


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Ro Samy
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No PF desde: 24/11/2012

ainda bem que sou uma tigra hahahahah

pobre do homem que casou comigo...


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DannyOliveira
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No PF desde: 23/03/2013

Agora entrei na fase do "pego,mas não me apego"...Depois de ter sido feita de besta,precisei aprender isso a duras penas...


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BestaMor
No PF desde: 16/08/2011

Resumindo bem resumido é - com outras palavras e "pesquisas" - a velha história do elefante-de-circo acorrentado ao toco desde filhote. Cresce sem saber a força que tem e não usa.


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DannyOliveira
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No PF desde: 23/03/2013

Exatamente,Besta,meu bom...


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_Ana_
No PF desde: 19/09/2010

sim bestinha é a mesma história... mas supõe-se que o ser humano 'deveria' ser mais racional do que os outros animais :)



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Frésia
No PF desde: 30/12/2009

Bem pra mim esse texto! Mas já que reconheço em mim o comportamento estou tentando mudar!