Blindagem

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Kátia.Aquiles
No PF desde: 09/12/2009

Faz muito tempo que não escrevo aqui. Não sei se vocês vão entender o tema pois são fragmentos de muitas coisas e causos diferentes que não tem ligação uns com os outros e eu ando tão desanimada, tão sem idéias.

Mas vamos lá...

Percebi essa tal “blindagem” na maioria das vezes, em comentários de leitores nas mais diferentes páginas da Internet, fóruns, blogs e similares.

É óbvio e inegável que alguns grupos de pessoas sofreram e sofrem os mais diversos tipos de preconceitos. Mas o que está me incomodando são muitas pessoas propondo ou impondo uma blindagem (não achei palavra melhor, sorry) sobre essas pessoas em qualquer tema, como se fossem intocáveis.

Eis os exemplos:

Acesso um blog que pode-se classificar como humor negro. Fala sobre o mundo das blogueiras de moda. Fala mal. Digamos que blogs de moda “orkutizaram” e agora qualquer uma faz seu blog de moda sem muito conhecimento do assunto. Resultado: pérolas e mais pérolas. Meninas vestidas com uma peça de roupa branca e outra azul definem seu look como “monocromático”; o pobre do português é constantemente assassinado; fazem propaganda de produtos em forma de “dica de amiga” sem sinalizar que é publicidade; poses ridículas e é claro, roupas bizarras. Muito bizarras. Enfim, o povo dos comentários ama falar mal de um certo grupo de blogueiras. A maioria filhinhas de papai, que fazem viagens para Nova York, Paris, etc, gastam fortunas em looks bizarros de grife e mal sabem escrever em português, aliás, essas são as que mais ocultam jabás em posts.

O que acontece é que muitos dos comentaristas desse blog, que descem a lenha nesse grupo de blogueiras defende que não é certo falar mal de fotos de meninas fora dos padrões. Gordas, aparentemente mais pobres, etc. Ou seja, a tal da blindagem. Afinal, em nenhum momento se fala mal da garota em questão por ser gorda ou pobre, ou qualquer outra característica do tipo. Se fala mal da roupa, do cabelo, da unha horrível, do erro de português, etc.

Claro que no mundo ideal ninguém falaria mal de ninguém, mas essas pessoas não defendem a paz e a cortesia mundiais. Defendem que a garota “A” pode ser escrachada por sua roupa bizarra, e a garota “B”, com uma roupa igualmente ridícula, se for gorda, não pode. Eu definitivamente não entendo o porquê.


Outra questão é um pouco menos fútil e tem a ver com as discussões feministas.

Sempre quando se fala em machismo em alguns lugares, como Suécia, Alemanha, por exemplo, vem à tona uma certa questão: que em muitas das vezes, esse machismo é praticado por homens árabes ou de origem árabe. E muitas pessoas defendem a idéia de que acusar esses homens de machistas é ter preconceito com islâmicos. Que barbaridade! É óbvio para qualquer um que tenha dois neurônios que machismo ocorre no mundo todo e em qualquer cultura. E igualmente óbvio que a cultura árabe, é extremamente machista. E não, não é coincidência grande parte do desrespeito às mulheres nesses países que recebem grande imigração árabe virem justamente desses imigrantes. E não é ser preconceituoso falar isso, é simplesmente a verdade.

Outra questão parecida: falar mal de funk é preconceito contra pobre, contra povão! Me poupe!

Sim, não é raro eu ler discussões em que se fala mal do funk e vem um e outro defendendo a idéia de que funk é cultura do morro e se você está falando mal é porque você tem preconceito com favela, pobre, blá, blá, blá.

Vão se catar. Primeiro porque, o funk assim como rap americano, gosta de ostentar. Falar da balada, das bebidas, dos carros. Mesmo que tenha uma grande, grande diferença aquisitiva entre os dois estilos e países. Então, assim como diria o carnavalesco Joãosinho Trinta: “O povo gosta de luxo; quem gosta de miséria é intelectual.”. Quem acha que funk (pelo menos de hoje em dia) fala das mazelas do povo do morro são os pseudo-intelectuais classe média. Enquanto isso, eles querem saber é de roupa de marca, festa e as figurinhas mais bem sucedidas do funk (cof, cof) estão passeando constantemente pelos EUA (Valesca Popuzuda está sempre em notinhas de sites de fofocas na Disney). E os trouxas mal informados que devem igualmente detestar funk, defendendo o estilo.

Agora eu não posso falar mal de algo bagaceiro, ruim para caramba e etc porque vem do morro?

Eu sou mais pobre que qualquer um do morro, e falar de funk definitivamente não é falar mal de pobre. É falar mal de coisa ruim. Simples assim.

Enfim, sabe aquele irmãozinho mais novo que vive doente e é super protegido porque é “frágil” que apronta tudo o que quer e ninguém pode falar nada porque é um “coitadinho”? Não é porque alguns grupos de pessoas sofrem preconceitos que tem de ser eximidos de todo e qualquer julgamento. Não vamos confundir alhos com bugalhos.


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_Ana_
No PF desde: 19/09/2010

realmente algumas pessoas transformaram o politicamente correto em policiamento de opinião alheia... e deveria ser usado contra racismo, preconceito, machismo e etc...


alguns aproveitam a 'onda' para tentar se safar ou minimizar erros gritantes ou baixarias mesmo :)

em algumas esferas devemos nos policiar mesmo... mesmo sem perceber eventualmente somos preconceituosos com pessoas , e aí não dá... não gostar de música ou de roupa é muito diferente de discriminar quem ouve ou a usa...


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_Ana_
No PF desde: 19/09/2010

um outro debate interessante é se obras de ficção estariam sujeitas à censura...

o Conselho Nacional de Educação quer excluir, do programa federal, o livro de 1933 Caçadas de Pedrinho de Monteiro Lobato... nesta terça tem um debate para conciliação :)

até que ponto este policiamento não mascara a verdade nas ruas... e como as crianças aprenderão a identificar o racismo, se é tudo varrido para debaixo do tapete?

na minha opinião fingir que não existe não é a solução... e sim demonstrar ,até com estes livros de ficção, onde e de que maneira é praticado o racismo...

http://glo.bo/QHNQUD


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Gulherme
No PF desde: 13/05/2010

Saudações Cara Kátia; quanto tempo, é ótimo tê-la de volta ao convívio! (por um momento pensei que o deserto de vitórias do Grazembe a tivesse engolido de vez);


Muito pertinente o assunto; ao mesmo tempo em que as pessoas não têm vergonha de postar fotos em motéis, no banheiro ou em qualquer outro lugar que NÃO INTERESSA a ninguém; ficam cheias de dedos em criticar coisas óbvias como a porcaria do funk por medo de serem politicamente incorretas.


É a mesma coisa em relação ao que o vernáculo sofre nas redes virtuais: "ah, se escreve assim pois é mais rápido e todos fazem o mesmo"....aí, você não pode argumentar que isso ali é pura preguiça de gente que não faz o mínimo esforço para escrever, argumentar e posicionar-se melhor em suas opiniões, pois é coisa de "cdf" e metido a censor.


É só acompanhar os comentários sobre notícias no Terra por exemplo, para termos a perfeita sensação de vivermos em uma sociedade desprezível, fútil e abobalhada...pois a maioria dos comentários são de uma visão obtusa e de um sarcasmo burro de doer.


Volta e meia, a caça as bruxas mira suas armas para algo potencialmente politicamente incorreto, e exploda-se o pensamento vivo, a argumentação e a singularidade de pensar de forma diferente; melhor é pensar que a "Luísa está no Canadá" e f.........-se os neurônios!!


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Melliss@
No PF desde: 28/04/2011

Quote:
Sempre quando se fala em machismo em alguns lugares, como Suécia, Alemanha, por exemplo, vem à tona uma certa questão: que em muitas das vezes, esse machismo é praticado por homens árabes ou de origem árabe. E muitas pessoas defendem a idéia de que acusar esses homens de machistas é ter preconceito com islâmicos. Que barbaridade! É óbvio para qualquer um que tenha dois neurônios que machismo ocorre no mundo todo e em qualquer cultura. E igualmente óbvio que a cultura árabe, é extremamente machista. E não, não é coincidência grande parte do desrespeito às mulheres nesses países que recebem grande imigração árabe virem justamente desses imigrantes. E não é ser preconceituoso falar isso, é simplesmente a verdade


Eu não li tudo, mas o trecho acima me chamou atenção pelo seguinte,

Há tempos por curiosidade e por ter aversão ao tratamento das mulheres nos países árabes me dipus a ler algumas coisas, conhecer qual seria a real daquele tratamento tão autocrático em relação às mulheres, eu queria sair das criticas sem fundamentação e tentar (pelo menos tentar) entender o que se passa em pleno o século XXl na cultura ou sabe-se lá como deve ser chamado.

E o mais interessante e que realmente me deixou surpresa, é que até onde tomei conhecimento, eles assinam e assinaram TODOS os tratados de proteção a Mulher!!!! Todos!!! Até onde eu me informei!

Só que a visão de proteção deles é totalmente diferente da nossa!

Pelo que percebi, eles crêem que a burca é uma proteção, sair somente acompanhada por um Homem é uma proteção, o castigo é uma proteção para que não haja a reincidência no mau comportamentos que poderá levá-la a sofrer maiores consequências posteriormente, isso significa que eles estão super protegendo as suas mulheres!

Se uma mulher sai sozinha e é estuprada, a CULPA É DELA, pois ela abriu mão da proteção!

A visão é inversa! Pelo que entendi (posso ter interpretado totalmente errado! Se tiver algum estudioso em cultura árabe me corrija, por favor), tudo que eles acham correto e para nós soa como um absurdo, significa uma maneira de proteger!!! Por isso assinam tranquilamente qualquer documento de proteção a mulher, pois para eles isso normalmente já faz parte das suas vidas!

A diferente composição das coisas, lógico que nesse caso não é aceitável! Mas pelos menos se compreende até para retaliar com mais propriedade as diferenças comportamentais.


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Nary
No PF desde: 20/08/2008

Concordo com a Melissa


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kvet
No PF desde: 05/06/2010

Katinha, nossa mascote querida..


Acho que vivemos a era da "faça o que eu digo, não faça o que eu faço".


A lei de discriminação racial é relativamente nova neste país e nunca percebi essa discriminação diminuir.. Pelo contrário.

Fake é cultura de morro, mas os bailes funks são um dos maiores pontos de tráfico de drogas, prostituição e exploração infantil que existem (Tim Lopes que não nos deixa mentir).

Ou seja, tudo é lindo e politicamente correto, de fachada! Tudo para inglês ver.

Na verdade vivemos uma sociedade de fachadas, Infelizmente.


O próprio machismo.

Hoje as maiores machistas são as próprias mulheres. Se não formos bi, sonsinhas com os homens (e falo daquelas que ficam literalmente "se vendendo" para ver quem dá mais (ou melhor), se não deixar rolar no primeiro encontro.. Tudo isso é visto pela maioria como algo totalmente surreal. Nada contra quem faz, mas não encare isso como o "normal", por favor. Não estreite meu poder de escolher como quero conduzir minha vida e sexualidade.

Na verdade "quase nada contra". Mulheres que se fazem de frágil para ganhar atenção de homem, colocam fotos sugestivas em MSNs da viida, mulheres que se anulam para fazer parecer que são as princesas do sonho de qualquer boçal que ainda acredita em contos de fada me dão uma profunda pena e repulsa.


Ou seja, ser autêntica nos tempos atuais parece que virou defeito de fábrica. E autenticidade não quer dizer de forma alguma grosseria.


Posso perfeitamente dizer que não suporto funk, pagode, mulher oferecida, mulher sonsa, homem burro e barriga de tanquinho, e ainda assim ser uma pessoa agradabilíssima e plenamente apaixonante. Aliás, vejo poucas coisas mais broxantes que uma barriga de tanquinho na vida real. Para ator de novela, ok, perfeito. Para o dia a dia me cheira a homem burro. Preconceito total, mas e daí? É o que eu penso.

Mas vai falar isso em uma academia? Vaia geral, certo.


A vida não é um eterno politicamente correto para quem tem um pingo de neurônios utilizáveis.


Depende de quem está disposto a pagar por suas opiniões e posturas. Eu pago, quase sempre. Confesso que tem horas que nem dá vontade de falar nada de tão imbecil pode ser a postura e opiniões de alguns.


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vencedora
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No PF desde: 14/08/2012

Nossa, Kvet, posso contar nos dedos as pessoas que realmente me fazem "ganhar" meu tempo lendo aki no Pf. E você é uma delas. Como sempre, adorei seu post. Gostaria de te conhecer melhor. Adoro conhecer pessoas inteligentes. E concordo com tudo que você disse, só discordo em relação a academia, pois nem todo mundo faz para parecer bonito. Conheço muita gente que faz para se sentir bem consigo mesmo, mais disposta, etc... parabéns pela opinião.


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kvet
No PF desde: 05/06/2010

Oi vencedora.

Obrigada pelas gentis palavras.

Eu também faço academia, quando possível todos os dias.

O que quis dizer foi que acho que o culto ao corpo SOMENTE me inspira uma falta de outros atributos, por exemplo, inteligência.

Eu vou na academia pq AMO comer, e tenho facilidade para engordar. Além de ter tido caso de câncer da minha mãe com 38 anos e essa é uma das formas de prevenção.


Meu MSN é meu sobrenome, não posso postar aqui. Se quiser me passe o seu.


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vencedora
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No PF desde: 14/08/2012

olha, eu acesso daqui do trabalho, mas pode me mandar e-mail:


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Nandablue
No PF desde: 17/04/2010

Que há grupos os quais sofrem preconceito, é fato. Negros, pobres, obesos, mulheres, deficientes, etc.


O que é preconceito? Uma idéia ou julgamento acerca de alguma coisa ou alguém sem que de fato o conheçamos, que pode ser de ordem pejorativa (o mais comum) ou não.


As idéias discriminatórias são ainda muito comuns em nossa sociedade. Mesmo que haja um movimento contra o preconceito em geral, ele ainda é bastante comum no dia a dia. Acredito que a maioria das pessoas concorde que o preconceito (racial, sexual, social, etc) não é exatamente uma forma adequada de guiar nossos pensamentos. Mas ele está enraizado em nossa forma de pensar e agir, a ponto de ser confundido com questões culturais.


Acho justa toda forma de excluir o preconceito. As pessoas que são vítimas passam por sofrimentos imensuráveis. Só quem vive é que sabe. Porém, o limite entre a minha opinião pessoal e o preconceito é muito difícil de determinar.


Dizer que uma mulher obesa não fica bem com determinada roupa pelo fato de ser obesa é uma opinião pessoal ou uma forma de preconceito? Pode ser minha opinião apenas, uma questão de estética. Mas minha opinião pode ofender a pessoa em questão, isso é verdade. Essa pessoa obesa pode se sentir diminuída em função do meu modo estético de ver as coisas, mesmo que eu não tenha essa intenção. Em função disso, algumas confusões podem ocorrer, como as que vc citou. Na ânsia de reprimir toda e qualquer forma de preconceito, há os que não aceitem qualquer tipo de crítica a nenhum desses grupos, conferindo a eles uma imunidade irreal, é verdade. Talvez ainda não tenhamos atingido o ponto de equilíbrio na busca da visão de igualdade entre as pessoas. Saímos do preconceito extremo e cruel para "blindagem" de alguns, como vc mencionou. Acho que isso realmente acontece.


Mas será que é possível eliminarmos toda forma de preconceito? Não tenho certeza, acho que não. Nossas opiniões pessoais, muitas vezes, não são formadas por pré-conceitos? Coisa mais comum é ver alguém dizer que não gosta de Paulo Coelho mas nunca leu um livro dele, por exemplo.


O que fazermos com nossas opiniões? Todo mundo adora opinar sobre a vida alheia! Mas, mesmo que minha opinião não seja preconceituosa, se for negativa em relação a algo ou alguém, acredito que deva ser feita de forma o mais respeitosa possível. E normalmente não é isso que vemos. Acho que, por esse lado, vale a pena a reflexão sobre nossas opiniões pessoais e a forma com que as expomos.


Discussões sobre vestuário e certo estilo musical trazem à tona nada mais do que opiniões pessoais, gostos. Claro que existe moda, tendência e etc. Mas não podemos negar que moda e música são uma questão de gosto e gosto não se discute. Ou seja: cada um tem o seu.


Daí as pessoas começam a conversar sobre esse tipo de assunto, seja em fóruns ou outros lugares. Sendo que não há o certo ou o errado, o bom ou o ruim, mas sim o que cada um gosta e não gosta. Por que a pessoa a opinar sobre o modo certo de vestir pode ser Coco Chanel que, ainda assim, muitas pessoas não concordarão. Da mesma forma que nem Mozart ou Tom Jobim não são unanimidades no mundo da música: há quem não goste e ponto final.


Um debate de idéias saudável seria cada um expor sua opinião pessoal, justificá-la e respeitar as opiniões alheias e contrárias às suas. Mas não é o que acontece na grande maioria das vezes. O que se vê é um conflito onde cada um quer fazer valer mais a sua opinião, mesmo que para isso seja preciso desqualificar a opinião dos outros. Funk é lixo? Para mim, pode ser. Para outra pessoa, não. Dizer que é lixo pode fazer com que um simpatizante do funk se sinta pessoalmente agredido. Ou não?


Olha, quem leu o meu tópico sabe que passo por uma fase de profundos questionamentos. Por isso, passo o tempo todo questionando conceitos, preconceitos, os outros e a mim mesma. Não tenho certeza. Por mais que eu me sinta com a razão, posso estar errada. E pode haver mais de uma razão para pessoas diferentes... Desculpe se não pude contribuir para o tópico e só deixei tudo mais confuso! :)